O
Brasil será melhor quando o ímpeto
investigativo
atingir
a todos de maneira simétrica.
–– Vladimir
Safatle. |
O
acontecimento político mais explosivo da última década foi um
livro escrito pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr.. Resultado de mais
de 12 anos de investigações, “A Privataria Tucana” (Geração
Editorial) foi lançado no dia 9 de dezembro de 2011 e, depois de
esgotar a primeira edição e as sucessivas reimpressões, já
alcançou um recorde impressionante, segundo o editor Luiz Fernando
Emediato: mais de 100 mil exemplares vendidos em apenas duas semanas, um feito raríssimas vezes alcançado no mercado editorial brasileiro.
Mas "A Privataria Tucana" também impressiona porque
provocou o silêncio mais constrangedor e cúmplice de que se tem notícia nos
principais veículos de comunicação do Brasil.
“O
livro só aconteceu por causa da internet, das redes sociais e dos
blogueiros independentes. Mas o importante é que conseguimos furar o
bloqueio da mídia tradicional, boa parte dela comprometida com as
autoridades denunciadas pelos documentos apresentados no livro”,
admitiu Amaury, que entrevistei no dia 21 de dezembro, em
Belo Horizonte, na redação do jornal “Hoje em Dia”, antes que ele embarcasse para uma série de debates e entrevistas agendados em São Paulo.
Enquanto
Amaury concedia a entrevista, no mesmo horário, também no dia 21 de
dezembro, o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) protocolava
na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados um requerimento pedindo a
abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para
investigar as acusações feitas pelo livro. Para abrir uma CPI na
Câmara são necessárias pelo menos 171 assinaturas. O requerimento do deputado superou este número mínimo e conseguiu em pouco tempo o apoio de
185 parlamentares. Segundo declarou à Agência Brasil o presidente
da Câmara, Marco Maia (PT-RS), a CPI deverá mesmo ser instalada no
início de 2012 para esclarecer os fatos e ouvir os acusados.
“A
casa vai cair para muita gente poderosa com essa CPI”, aponta o
autor do livro “A Privataria Tucana”. Amaury reconhece ainda que
as centenas de documentos que apresenta no livro são apenas uma
ponta do iceberg que envolve as várias “negociatas” das
privatizações conduzidas no governo do ex-presidente Fernando
Henrique, no período entre 1995 e 2002.
O
trabalho investigativo e minucioso de Amaury enumera no livro a
intrincada trama de lavagem de dinheiro e os principais envolvidos no
processo. Também consegue mapear o esquema de corrupção e propinas
montado em torno do político tucano José Serra, ex-ministro de FHC,
ex-deputado, ex-senador, ex-governador e ex-prefeito de São Paulo e
candidato duas vezes derrotado em eleições para a Presidência da
República.
Denúncias explosivas e sem respostas
“São
grandes negociatas que envolveram um valor incalculável de muitos
milhões em corrupção e propina no processo de privatização de
grandes empresas nacionais. Negociatas que ainda não foram nem
investigadas nem punidas e muito menos divulgadas pela conivência
dos grandes veículos de mídia. Foi o maior golpe da história
do Brasil e atingiu os setores de telecomunicações, de energia
e de mineração”, destaca Amaury Ribeiro Jr., que compara o grande
escândalo revelado no livro "A Privataria Tucana" –
também abafado na época das privatizações de Fernando Henrique
pelos mesmos grandes veículos de mídia que agora boicotam sua
divulgação nos noticiários – à queda de um grande avião com
muitas autoridades entre os passageiros.
“O
livro traz denúncias explosivas, mas a CPI poderá ir mais a fundo
para incriminar os envolvidos e propor punições, propor um
ressarcimento ao patrimônio público do Brasil e um maior controle
sobre a entrada de capital estrangeiro, mais controle sobre a
operação de papéis na Bolsa de Valores e sobre a lavagem de
dinheiro para que este grande escândalo não se repita nunca mais”,
alerta.
Os
denunciados por Amaury no esquema que operou bilhões de dólares
durante as privatizações no governo Fernando Henrique vêm
respondendo às acusações do livro com um silêncio implacável ou
com ameaças de processos na Justiça – quando não definem de
“lixo” o trabalho do jornalista, como fez o ex-governador Serra,
pressionado pelos repórteres em um evento recente do PSDB realizado
em São Paulo.
Amaury
reconhece que esta também era uma situação prevista por ele e pelo
editor do livro, o também jornalista Luiz Fernando Emediato. “Todos
os fatos que apresento no livro estão fundamentados em documentos
oficiais, obtidos em juntas comerciais, em cartórios, no Ministério
Público e nas várias instâncias da Justiça”, aponta Amaury, que
já recebeu por três vezes o Prêmio Esso e outras quatro vezes o
Prêmio Wladimir Herzog de Jornalismo. Também repórter
especial da Rede Record, o autor de "A Privataria Tucana"
faz questão de destacar que não tem qualquer filiação partidária.
“Não
tenho compromisso com nenhum partido político. Sou militante do
jornalismo”, afirma, com orgulho. Por conta do sucesso
extraordinário de vendas do livro e de seus prováveis
desdobramento, na agenda do jornalista para 2012 já estão mais de
200 convites para o lançamento do livro em universidades e entidades
sindicais, além de novos projetos que prometem muito mais polêmica
em revelações impressionantes. Entre os projetos, outros livros já
em fase de conclusão.
“Serão
dois novos livros”, explica Amaury. “Um será a continuação
deste primeiro. Já batizei de Privataria Tucana 2, porque nele vou
alinhavar os documentos que ficaram de fora do primeiro livro e
contar sobre o bloqueio dos grandes meios de comunicação, sobre os
desdobramentos das denúncias e o passo a passo sobre a CPI que será
instalada no Congresso Nacional. O outro será um inventário sobre
corrupção e pedofilia no Brasil, para revelar que autoridades que
deveriam defender o povo e principalmente as crianças são, muitas
vezes, os seus maiores inimigos”.
Confira alguns trechos da entrevista
Analistas
da política já apontam que seu livro “A Privataria Tucana”
marca o desfecho de uma era, ao decretar o fim político de José
Serra, uma vez que a falta de respostas de Serra ao livro – o
ex-governador limitou-se a taxá-lo de “lixo” – foi a
comprovação final de que não havia como responder às denúncias
ali levantadas. Você concorda com esta análise?
Amaury
Ribeiro Jr. – As denúncias da imprensa mais recentes
sobre irregularidades e corrupção, que chegaram a derrubar
ministros de Estado, são fichinha perto das negociatas e licitações
forjadas que estão por trás das privatizações do governo Fernando
Henrique, que tinha Serra como ministro. Mas o povo não é bobo. Os
sinais de desvio de conduta não podem ser tratados como futrica de
adversários. O silêncio ensurdecedor dos acusados e a resistência
dos grandes veículos de comunicação é um indício muito revelador
de um estado de coisas que não só confirma as denúncias e
documentos que registro no livro. É também revelador sobre a
arrogância dos poderosos diante da lei e da Justiça no Brasil.
Uma
CPI pode ser instalada no Congresso Nacional para investigar
estas denúncias? Podem gerar algum fato novo ou resultar em punições
de fato para os envolvidos no grande esquema de corrupção e propina
mapeado por seu livro?
Todos
nós esperamos que isso aconteça. Acho que você percebeu que o
livro também aponta que o sistema de doleiros, de paraísos fiscais
e de "offshores" (offshores é o nome de empresas e contas bancárias para fins ilícitos abertas no exterior, em países onde há menos fiscalização e menor tributação), foram abundantemente usados pelo PSDB e também por
outros partidos políticos. Com a instalação de uma CPI, a casa vai
cair. Na verdade, posso comparar a situação do livro e da CPI da
Privataria com a queda de um grande avião com muitas autoridades
importantes a bordo. Depois da queda do avião é preciso investigar
as causas e acompanhar as consequências, para que o erro, o crime
contra o país, não aconteça nunca mais.
Será
preciso mudar a lei?
Sim,
será preciso, porque a lei para os crimes do sistema financeiro, a
lei do colarinho branco, é de 1985. Está ultrapassada e não dá
conta da realidade de hoje. Você pode reunir um arsenal de
documentos para provar o crime e ainda assim a lei permite brechas
que favorecem a corrupção e a propina. Os próprios parlamentares
sabem que é preciso proibir a entrada de capital estrangeiro nas
transações de empresas nacionais, é preciso um controle maior
sobre as operações de papéis nas bolsas de valores, assim como é
urgente criar mecanismos para combater a lavagem de dinheiro. A
questão da quebra de sigilo também precisa ser revista em muitos
casos.
Você
diz que seu livro é apenas a ponta do iceberg. Ainda há mais
corrupção e propina no processo das privatizações do governo
Fernando Henrique? Mais, além do que seu livro denuncia?
Sim,
muito mais. Quando a “Privataria” virar CPI, com o trabalho de
gente séria e competente que há entre os parlamentares, as
negociatas de José Serra, da família de Serra, de banqueiros e seus
amigos tucanos serão apenas o começo. Até agora eles tinham sido
blindados pela aura da honestidade e pelo inaceitável silêncio da
imprensa.
Quais
são os seus próximos projetos no jornalismo?
Sou
militante do jornalismo, você sabe. Vou continuar fazendo meu
trabalho de jornalista na Rede Record e vou tentar concluir uns
projetos que estavam parados. Primeiro, vou publicar outros livros.
Serão dois livros. Um será o Privataria Tucana 2, alinhavando
documentos que ficaram de fora do primeiro livro e contando os
desdobramentos das denúncias e da CPI que será instalada no
Congresso Nacional. O outro será um inventário sobre corrupção e
pedofilia no Brasil, para revelar que autoridades que deveriam
defender o povo e principalmente as crianças são, muitas vezes, o
seu maior inimigo. Tem também um disco, que estou gravando e
produzindo com artistas daqui de Belo Horizonte e do interior de
Minas. Um disco mesmo, de música. Quero fazer como a antropofagia
dos modernistas. Altas literaturas.
por
José Antônio Orlando.
Como
citar:
ORLANDO,
José Antônio. O
conto da Privataria.
In: ______. Blog
Semióticas,
27
de dezembro
de 2011.
Disponível no link
http://semioticas1.blogspot.com/2011/12/privataria-tucana.html
(acessado em .../.../...).
(P.S. - A íntegra da reportagem e da entrevista
com Amaury Ribeiro Jr. foi publicada pelo
"Hoje em Dia", jornal de Belo Horizonte, na
primeira página e na página 3, em 26 de
dezembro de 2011, com os seguintes título e
subtítulo: "Silêncio dos envolvidos é confissão
–– Autor de 'A Privataria Tucana' acredita
que publicação terá desdobramentos
significativos na política nacional")
Trechos extraídos do livro:
“Após
relatar o assalto ao patrimônio público do país por meio das
privatizações, este livro pretende desnudar as muitas e
imaginativas maneiras de ganhar dinheiro que se sucederam. Entre
elas, os processos de internação de valores de origem suspeita.
São
operações realizadas pelo clã Serra – sua filha Verônica Serra,
seu genro Alexandre Bourgeois, seu primo político Gregório Marín
Preciado, seus muitos sócios, seus amigos e seus colaboradores. E
outros tucanos de altos poleiros. Em muitos casos, são transações
envolvendo empresas brasileiras e empresas offshore no paraíso
fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, escoradas no anonimato.
Fiquei
pasmado com a voracidade de alguns grupos e sua disposição de levar
vantagem a qualquer custo (…). Será gratificante se, depois da
última página, o leitor mantiver seus olhos bem abertos. É uma boa
maneira de impedir que aqueles que já transformaram o público em
privado para seu próprio proveito tentem reprisar algum dia o que
foi feito na era da privataria.”
("A Privataria Tucana", páginas 30 e 31)
“Depois
desta jornada pelos pântanos da política em que todos são vilões
e o Brasil é a vítima, acho importante encerrar a narrativa com
algumas observações. A primeira delas é que o país e suas
instituições não têm o direito de continuar fazendo de conta que
não viram a rapinagem organizada que devastou os bens do Estado nos
anos 1990 e começo da década seguinte. E que serviu para tornar os
ricos mais ricos.
Varrer
a sujeira para baixo do tapete, como se fez tantas vezes, não é
mais possível. Não há tapete suficiente para acobertar tanto lixo.
O Brasil, que escondeu a escravidão e ainda oculta a barbárie de
suas ditaduras, não pode negar aos brasileiros a evisceração da
privataria. Quem for inocente que seja inocentado, quem for culpado
que expie sua culpa.
Se
isso não acontecer, isto é, se a memória do saque não se tornar
um patrimônio dos brasileiros, o país poderá repetir esta
história, mais cedo ou mais tarde.”
("A Privataria Tucana", página 339)
O silêncio revelador sobre o livro-bomba
Semanas
depois do lançamento do livro, o silêncio nos chamados “grandes”
veículos de imprensa do Brasil permanece constrangedor, ainda que
revelador de um certo estado de coisas e de “conivência” com o
malfeito. Dos “grandes”, apenas uma matéria de capa da “Carta
Capital”, que fez a revista esgotar nas bancas.
Entre
os fatos mais graves está a “manipulação” das sempre
discutíveis listas dos “mais vendidos” da revista “Veja” e
do jornal "O Globo", que omitiram o livro, apesar dele ser
um recordista de vendas com 150 mil exemplares vendidos desde seu
lançamento em 9 de dezembro. Houve também uma “matéria”, que
não merece ser nomeada de “reportagem”, na “Folha de S.
Paulo”, publicada em 15 de dezembro. O texto, não assinado (porque
o autor não assinou um texto de opinião declarada? pergunta o
leitor atento), não ouviu sequer o autor do livro, mas apresenta em
destaque uma “defesa intransigente” de Serra e dos tucanos
envolvidos no "esquema" denunciado no livro "A
Privataria Tucana".
De
tão questionável, a “matéria” publicada na "Folha"
foi classificada de “jornalismo ruim” pela própria Ombudsman do
jornal, Suzana Singer, em e-mail interno do jornal, datado de 15 de
dezembro de 2011, que vazou “por acidente” na internet e foi
publicado por muitos blogs, entre eles o “Blog da Cidadania”, de
Eduardo Guimarães. Confira abaixo a íntegra da crítica isenta da
Ombudsman da "Folha":
ANTES TARDE DO QUE NUNCA
por
Suzana Singer.
Ainda
bem que a “Folha” deu a notícia sobre o livro “A Privataria
Tucana” (A11). Mas o jornal deveria continuar no assunto, porque há
mais pautas no livro.
Exemplo:
por que Verônica Serra e o marido têm offshores? Não deveríamos
investigar e questioná-los? É já publicamos que Alexandre
Bourgeois, marido de Verônica, foi condenado por dever ao INSS? É
verdade que as declarações que ela deu na época das eleições,
sobre a sociedade com a irmã de Daniel Dantas, eram mentirosas?
Fomos muito rigorosos com o caso Lulinha, por exemplo.
Outra
frente é a o tal QG de dossiês anti-Serra na época da eleição
presidencial, que a Folha deu com bastante destaque. O livro conta
coisas de arrepiar a respeito de Rui Falcão. Ao mesmo tempo, sua
versão de roubo dos seus arquivos parece inverossímil. Seria bom
investigar, já que ele faz acusações graves contra a imprensa,
especialmente “Veja” e “Folha”.
Teria
sido bom editar um “acervo Folha conta a história da privatização”
para lembrar ao leitor que o jornal foi muito duro com o governo FHC.
É um erro subestimar a capacidade da internet -e da Record- de
disseminar a tese do “PIG”. E também seria bom esclarecer, com
mais detalhes, o que é novidade no livro sobre esse período.
O
Painel do Leitor só deu hoje uma carta cobrando a cobertura do
livro. Eu recebi 141 mensagens. Quem escreveu hoje criticou a matéria
publicada por:
1)
ter um viés de defesa dos tucanos;
2)
não ter apresentado Amaury Ribeiro Jr. devidamente e não tê-lo
ouvido;
3)
exigir provas que são impossíveis (ligação das transações
financeiras entre Dantas e Ricardo Sérgio e as privatizações);
4)
não ter esse grau de exigência em outras denúncias, entre as mais
recentes, as que derrubaram o ministro do Esporte (cadê o vídeo que
mostra dinheiro sendo entregue na garagem?);
5)
não ter citado que o livro está sendo bem vendido.
Outro
texto da mesma "Folha de S.Paulo" sobre o mesmo assunto, o
"livro-bomba", merece ser lido com muita atenção, apesar
do detalhe significativo (para bom entendedor) de não citar o título
do livro de Amaury Ribeiro Jr. Surpreendente também que seja um
editorial, assinado por Vladimir Safatle. O texto foi publicado pela
"Folha de S.Paulo" na página 2, no dia 20 de dezembro de
2011:
O INIMIGO DA MORAL
O INIMIGO DA MORAL
por
Vladimir Safatle.
O
maior inimigo da moralidade não é a imoralidade, mas a
parcialidade.
O
primeiro atributo dos julgamentos morais é a universalidade. Pois
espera-se de tais julgamentos que sejam simétricos, que tratem casos
semelhantes de forma equivalente. Quando tal simetria se quebra,
então os gritos moralizadores começam a soar como astúcia
estratégica submetida à lógica do "para os amigos, tudo, para
os inimigos, a lei".
Devemos
ter isso em mente quando a questão é pensar as relações entre
moral e política no Brasil. Muitas vezes, a imprensa desempenhou um
papel importante na revelação de práticas de corrupção
arraigadas em vários estratos dos governos. No entanto houve
momentos em que seu silêncio foi inaceitável.
Por
exemplo, no auge do dito caso do mensalão, descobriu-se que o
esquema de corrupção que gerou o escândalo fora montado pelo
presidente do maior partido de oposição. Esquema criado não só
para financiar sua campanha como senador mas (como o próprio afirmou
em entrevista à Folha) também para arrecadar fundos
para a campanha presidencial de seu candidato. Em qualquer lugar do
mundo, uma informação dessa natureza seria uma notícia
espetacular. No Brasil, alguns importantes veículos da imprensa
simplesmente omitiram essa informação a seus leitores durante
meses.
Outro
exemplo ilustrativo acontece com o metrô de São Paulo. Não
bastasse ser uma obra construída a passos inacreditavelmente lentos,
marcada por adiamentos reiterados, com direito a acidentes mortais
resultantes de parcerias público-privadas lesivas aos interesses
públicos, temos um histórico de denúncias de corrupção (caso
Alstom), licitações forjadas e afastamento de seu presidente pela
Justiça, que justificariam que nossos melhores jornalistas
investigativos se voltassem ao subsolo de São Paulo.
Agora
volta a discussão sobre o processo de privatização do governo FHC.
Na época, as denúncias de malversações se avolumaram, algumas
apresentadas por esta Folha. Mas vimos um festival de
"engavetamento" de pedidos de investigação pela
Procuradoria-Geral da União, assim como CPIs abortadas por manobras
regimentais ou sufocadas em seu nascedouro. Ou seja, nada foi, de
fato, investigado.
O
povo brasileiro tem o direito de saber o que realmente aconteceu na
venda de algumas de suas empresas mais importantes. Não é mais
possível vermos essa situação na qual uma exigência de
investigação concreta de corrupção é imediatamente vista por
alguns como expressão de interesses partidários. O Brasil será
melhor quando o ímpeto investigativo atingir a todos de maneira
simétrica.
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