Sim, é preciso ter dúvidas, sempre. Só os estúpidos conseguem ter uma confiança absoluta em si mesmos.
–– Orson Welles (depoimento citado na biografia publicada em 1977 por Joseph McBride). |
Grandioso, grandiloquente, monumental, imponente,
radical, majestoso, soberbo – são alguns dos adjetivos e
superlativos que sempre vêm associados ao nome de Orson Welles, o
gênio incontestado do cinema que hoje completa seu centenário de
nascimento. George Orson Welles, nascido em 6 de maio de 1915 no Wisconsin, EUA, órfão
de pai e mãe antes da adolescência, se tornaria
uma celebridade que revolucionou o teatro, o rádio, o cinema –
quando ainda era um jovem de pouco mais de 20 anos de idade. Polêmico, controverso, inconformista, ele mantém a
condição de unanimidade para a maioria dos críticos e
historiadores como o maior diretor de cinema de todos os tempos,
depois de mais de três décadas de sua morte, em Hollywood, em 10 de outubro de
1985.
O centenário de Orson Welles recebe homenagens em vários
países, inclusive no Brasil, com exibições de algumas de suas
obras-primas como cineasta, ator, roteirista, entre elas “Citizen
Kane” (“Cidadão Kane”, 1941). Mas sequer a imponência de seu filme mais famoso está isenta de controvérsias e de questionamentos: há quem conteste até mesmo os méritos principais de “Cidadão Kane”, com o argumento de que as grandes qualidades do filme estariam menos no trabalho de Orson Welles e mais nas inovações criadas pela direção de fotografia de Gregg Tolland, pela trilha sonora de Bernard Herrmann e, principalmente, pelo roteiro original de Herman Mankiewicz. Depois de muitas brigas intermináveis com Mankiewicz, dentro e fora dos estúdios, Welles terminou assinando como co-autor os créditos oficiais pelo roteiro de “Cidadão Kane”, e a grande ironia é que foi com este roteiro que ele venceu o único Oscar de sua longa e tumultuada carreira como um dos artistas mais excêntricos e fundamentais da história do cinema.
É uma trajetória de polêmicas e controvérsias espetaculares. Depois das revoluções que o jovem Orson Welles havia provocado nos palcos de teatro e principalmente no rádio – quando espalhou o
pânico nos EUA, em 1938, com sua célebre adaptação em tom de boletim jornalístico em um programa radiofônico em cadeia nacional,
ao vivo, de “A Guerra dos Mundos”, clássico da literatura de
ficção científica de H. G. Wells, que levou os ouvintes a acreditarem que estava realmente acontecendo uma invasão de extraterrestres – vem o seu filme de estreia, “Cidadão Kane”, não menos polêmico nem menos espetacular, ainda hoje um marco capital
da história do cinema, uma obra que há quase um século permanece em destaque como presença
obrigatória no topo das listas mais prestigiadas de “melhores filmes
de todos os tempos”, tanto pela abordagem crítica e feroz que apresenta sobre os
meios de comunicação de massa, quanto pelas inovações técnicas e
narrativas que imprime na linguagem cinematográfica.
Entre
as grandes homenagens a Orson Welles para celebrar seu legado, à
altura de sua importância, as principais estão agendadas para o
Festival de Cinema de Cannes, de 13 a 24 de maio. O tributo a Welles programado
para Cannes inclui cerimônias com as presenças confirmadas de sua
filha, Beatrice Welles, e de Oja Kodar, sua companheira nos últimos anos
de vida, e as primeiras exibições de três filmes restaurados em
alta resolução (4K): “Cidadão
Kane”
e “A
Dama de Xangai”
(1948), dirigidos por ele; e “O
Terceiro Homem”
(1949), de Carol Reed, que tem Orson Welles como protagonista.
Autópsia de uma lenda
O Festival de Cannes
também programou exibições de dois documentários inéditos sobre o
cineasta, ambos com cenas e depoimentos de Welles já anunciados como
polêmicos e nunca antes exibidos: “Orson
Welles, Autópsia de uma Lenda”
e “Este
é Orson Welles” – o primeiro com direção de Elisabeth
Kapnist, produzido pela Phares et Balises e pela Arte France; o
segundo com roteiro e co-direção de Clara e Julia Kuperberg,
produzido pela TCM Cinéma e pela Wichita Films.
A agenda do Festival de Cannes em tributo ao criador de
“Cidadão Kane”, contudo, também traz uma frustração para a
legião de admiradores e estudiosos das obras-primas de Orson Welles:
não está programada, ao contrário das expectativas mais otimistas,
a primeira exibição de “The Other Side of the Wind”, o filme
épico que consumiu a última década de vida do cineasta e que não
chegou a ser concluído. É provavelmente o filme mais famoso nunca
lançado – na verdade, mais um de seus vários e grandiosos
projetos incompletos, entre os quais também estão suas filmagens no
Brasil para o explosivo documentário “It's All True” (É Tudo Verdade), jamais
concluído por Welles.
A batalha interminável pela conclusão e lançamento de
“The Other Side of the Wind”, que está completando 40 anos, tem
sido anunciada e sucessivamente interrompida por motivos diversos, em
grande parte por questões legais que envolvem os direitos da obra e
os herdeiros do cineasta, entre eles as filhas Beatrice, Chris e
Rebecca Welles, além dos netos e bisnetos. Welles foi casado
oficialmente três vezes: com as atrizes Virginia Nicholson
(1934–1940), mãe de Chris; com Rita Hayworth (1943–1948), mãe
de Rebecca; e com Paola Mori (1955–1985), mãe de Beatrice.
Fronteiras entre realidade e ficção
Além dos casamentos oficiais, há os vários
relacionamentos extra-conjugais do cineasta – o último e mais
duradouro com Oja Kodar, sua companhia mais frequente nas duas
últimas décadas de vida, enquanto ele ainda estava casado com Paola
Mori. Atriz, modelo fotográfico, fotógrafa, escritora e roteirista nascida na Croácia,
Oja Kodar aparece na filmografia de Welles como co-argumentista e co-roteirista
de “F for Fake” e de “The Other Side of the Wind”, do qual
detém ainda hoje todo o material originalmente filmado por Welles e para o qual já anunciou uma parceria firmada com a plataforma Netflix para pós-produção e exibição do filme.
O
projeto grandioso de “The Other Side of the Wind” contou com
um elenco que incluía dezenas de nomes conhecidos do cinema, entre
eles os também cineastas John Huston,
Peter
Bogdanovich, Dennis Hopper, Claude Chabrol e Mercedes McCambridge. Ao
que se sabe, o filme traz uma história que dilui as fronteiras entre
realidade e ficção, ao estilo de “Cidadão Kane” e "F for Fake", para
acompanhar a festa de 75 anos de Jake Hannaford, alter-ego de Welles.
No filme, o cineasta ficcional é interpretado por John Huston, que
foi um dos grandes amigos na trajetória pessoal e profissional de Orson Welles.
Desde a estreia nos palcos, aos 17 anos, como ator e
diretor de teatro, ou no grande escândalo provocado com sua versão
radiofônica de “A Guerra dos Mundos”, e daí às turbulentas
produções dos 13 filmes de longa-metragem que concluiu, de “Cidadão
Kane” a “F for Fake”, uma grande questão perpassa todos os
projetos de Orson Welles, incluindo os argumentos da maioria dos mais
de 100 filmes em que participou como ator ou narrador: a denúncia
contra o fascismo explícito ou dissimulado na manipulação da
opinião pública através dos aparatos da mídia.
Esta grande questão, considerada uma afronta pelos
grandes executivos de Hollywood desde “Cidadão Kane”, está na
origem das maiores dificuldades que Welles enfrentou em seus projetos
mais ambiciosos – mas também fez dele um mestre e uma referência
exemplar diante de sucessivas gerações de cineastas e pensadores do
cinema, dos pioneiros do Neo-Realismo italiano no pós-guerra aos
lendários críticos da revista "Cahiers du Cinéma" e aos diretores da
Nouvelle Vague francesa. Não por acaso, coube ao teórico do cinema,
André Bazin, um dos fundadores da "Cahiers du Cinéma", o título como
um dos principais biógrafos de Orson Welles.
Orson Welles no Brasil
O reconhecimento a Welles como cineasta mais importante
de todos os tempos também vem dos nomes mais importantes do cinema
do “Terceiro Mundo” – entre eles os brasileiros Paulo Emílio
Salles Gomes, Vinicius de Moraes (que durante anos foi crítico de
cinema e conviveu com Welles desde 1940, quando Vinicius
atuou como Adido Diplomático em Los Angeles), bem como para Glauber
Rocha, para Rogério Sganzerla e para os demais protagonistas do
Cinema Novo no Brasil.
Vinicius de Moraes
dedicou ao cinema de Orson Welles textos que são elogios
incondicionais, publicados nas décadas de 1940 e 1950 nos jornais
“Última Hora” e “A Manhã” e nas revistas “Diretrizes” e
“Sombra”. O mesmo se dá com o principal pensador do cinema no
Brasil, Paulo Emílio Sales Gomes, que dedica à importância de Orson
Welles um autêntico dossiê em dezenas de crônicas publicadas nas
décadas de 1950 e 1960, no jornal “Estado de São Paulo”, e
posteriormente reunidas nos dois volumes de “Crítica de Cinema no
Suplemento Literário” (Editora Paz e Terra, 1982).
Entre os cineastas do
Brasil, o prestígio de Orson Welles também foi destacado em longos
e poéticos ensaios de Glauber Rocha, que antes de cineasta foi
crítico de cinema do “Diário de Notícias” e do “Jornal do
Brasil”. Welles e “Cidadão Kane”, segundo Glauber, também
foram a referência confessa para “Terra em Transe” (1967), uma
das principais obras-primas do cinema brasileiro. “Se Eisenstein
foi o maior intérprete da revolução soviética”, escreve Glauber
no livro “O Século do Cinema” (Cosac Naify, 2006), “Orson
Welles é o maior intérprete da tragédia imperialista”.
Além de Glauber, há
ainda Rogério Sganzerla, que dedicou ao cinema de Orson Welles, e à
sua tumultuada passagem pelo Brasil, quatro filmes: “Nem Tudo é
Verdade” (1986), “A Linguagem de Orson Welles” (1991), “Tudo
é Brasil” (1998) e “O Signo do Caos” (2003). A influência de
Welles sobre a obra de Sganzerla impressiona pelas questões de forma
e conteúdo – presentes já em seu filme de estreia, “O Bandido
da Luz Vermelha” (1969), que faz uma paráfrase permanente ao tom
épico de “Cidadão Kane” e é apresentado como narração
radiofônica – não por acaso remetendo ao tom alarmante de Welles
em sua versão para o rádio de “A Guerra dos Mundos”.
Papéis verdadeiros
Para
Orson Welles, segundo informa o ensaio biográfico escrito em 1950
por André Bazin (publicado no Brasil com o título “Orson Welles"
pela Editora Jorge Zahar, em 2005), as filmagens no Brasil representavam uma parte importante da
visão progressista do cineasta sobre a cultura afrodescendente –
que teve início com o trabalho de Welles nos palcos da Broadway, em
1936, especialmente na montagem de “Macbeth”,
de Shakeaspeare,
transferindo a ação da Escócia para o Haiti, com as bruxas
transformadas em feiticeiros do Vodu e um elenco formado somente por
atores negros, com a presença de músicos haitianos no palco.
“Nosso
objetivo não era extravagante”, descreve Welles a Bazin.
“Queríamos dar a artistas negros a oportunidade de interpretar
papéis que fossem papéis verdadeiros, em vez de confiná-los nos
eternos personagens de babás de touca ou tios Tom”. A abordagem da
cultura afrodescendente por Orson Welles, destaca Bazin, seria também o centro de outras
duas de suas obras monumentais, mas infelizmente inacabadas: a adaptação do
romance “Coração
das trevas”,
de Joseph Conrad, cujo argumento seria depois transformado no
“Apocalipse Now” (1979) de Francis Ford Coppola, e o documentário
“It’s
All True”,
filmado no Brasil, em 1942, mas que teve a produção bruscamente interrompida naquele ano pelos
executivos dos estúdios RKO.
Orson Welles
tinha 27 anos e um contrato ambicioso com os Estúdios RKO quando veio para o Brasil em fevereiro de 1942 com a missão de realizar um
filme musical sobre o samba, o carnaval e outros elementos da cultura brasileira. A missão foi organizada por Nelson Rockefeller, na época coordenador de Assuntos Interamericanos do governo dos EUA e maior acionista dos Estúdios RKO, para apoiar os esforços de guerra e de aproximação com o Brasil, que ficariam conhecidos como Política da Boa Vizinhança. Welles vinha
do sucesso no teatro, da prodigiosa carreira no rádio e da explosão
criativa e impactante que foi seu projeto de estreia no cinema, com “Cidadão
Kane”. Em troca, como parte dos acordos entre os dois países, a maior estrela do rádio, do teatro e do cinema do Brasil, Carmen Miranda, havia sido enviada aos EUA para atuar na Broadway e em Hollywood.
Constava do projeto grandioso de Orson Welles para a Política da Boa Vizinhança a realização de três episódios previstos para o
longa "It's All True": o primeiro foi filmado no México pelo segundo diretor da equipe de Welles, Norman Foster, e seria nomeado “My Friend Bonito”; o segundo e o terceiro, com títulos provisórios de “Carnaval” e
“Quatro Homens numa Jangada”, teriam cenas filmadas no Rio de Janeiro e em Fortaleza. Welles também filmou em Ouro Preto, Minas Gerais, durante as celebrações da Semana Santa, e ficou encantado com os rituais católicos nos cenários barrocos, que sugeriam uma viagem no tempo, e pelo emaranhado de ladeiras da cidade com calçamento de pedra.
Apesar do entusiasmo de Welles e de sua equipe pelo projeto, o desfecho foi melancólico. Welles gastou muito mais dinheiro que o previsto, esgotou todos os cronogramas e acabou mudando completamente o projeto inicial, por conta própria. Ao invés de filmar um documentário espetacular sobre o samba e o carnaval carioca, concentrou todos os esforços e verbas para acompanhar e reconstituir a viagem de 61 dias de quatro jangadeiros que foram de Fortaleza ao Rio de Janeiro para chamar a atenção do então presidente Getúlio Vargas para os problemas trabalhistas dos pescadores.
Apesar do entusiasmo de Welles e de sua equipe pelo projeto, o desfecho foi melancólico. Welles gastou muito mais dinheiro que o previsto, esgotou todos os cronogramas e acabou mudando completamente o projeto inicial, por conta própria. Ao invés de filmar um documentário espetacular sobre o samba e o carnaval carioca, concentrou todos os esforços e verbas para acompanhar e reconstituir a viagem de 61 dias de quatro jangadeiros que foram de Fortaleza ao Rio de Janeiro para chamar a atenção do então presidente Getúlio Vargas para os problemas trabalhistas dos pescadores.
Grandioso, porém inacabado
Mas algo desastroso
ocorreu durante a produção de "It's All True" e deflagrou a tragédia. No período das filmagens da reconstituição da travessia pelo mar de Fortaleza para o Rio de Janeiro, numa tarde chuvosa, um dos
jangadeiros conhecido como Jacaré recusou-se a sair ao mar para
gravar por questões de segurança. Orson Welles insistiu e ofereceu um
cachê maior ao jangadeiro, que no final acabou aceitando. Durante a
viagem, a jangada virou, jogando os jangadeiros ao mar e Jacaré
desapareceu. Seu corpo foi encontrado dias depois, quase irreconhecível, devorado por
tubarões.
Abalado pelas
dificuldades e ameaçado pelos estúdios, Welles ainda filmou várias sequências com pescadores e cenas poéticas com os belos cenários de cartões
postais do Nordeste do Brasil, fez a viagem imprevista para filmar em Ouro Preto, visitou os morros cariocas e
participou de reuniões com as principais lideranças políticas de
esquerda, antes de voltar para os EUA, onde seguiria sua carreira
cada vez mais polêmica, radical e conturbada. As centenas de rolos
filmados no Brasil terminaram extraviadas e nunca seriam editadas por
ele.
Tal como uma ficção
que tivesse sido imaginada pelo gênio de Orson Welles, “It's All
True” foi dado como definitivamente perdido durante décadas, até
que os rolos de filme foram encontrados em um antigo depósito de
Hollywood em 1990. O material então foi editado e transformado em um
filme lançado em 1993 que é pura metalinguagem: um documentário
sobre o documentário apaixonado que Welles filmou no Brasil e não
conseguiu finalizar. “It's All True” e suas imagens tão belas
quanto melancólicas, editadas à revelia do cineasta, vem completar
a lista de seus projetos grandiosos e inacabados, junto a suas
adaptações épicas para “Moby Dick”, “O Coração das Trevas”, “Don
Quixote” e também “The Other Side of the Wind”, entre outras.
Um aventureiro legítimo
Sobre a temporada de
Orson Welles no Brasil e sobre a importância das revoluções
provocadas pelo cinema que ele produziu, vale lembrar as palavras de
Vinicius de Moraes em uma crônica publicada ainda na década de 1940
no jornal “A Manhã” e incluída em "O Cinema de Meus Olhos", coletânea publicada em livro em 1992 pela Companhia das Letras com os textos que Vinicius dedicou ao cinema: “É preciso confiar em Orson Welles. Tudo o que
há de perigoso nesse homem, na sua arte, na sua violência, na sua
crítica, no seu desmando, é necessário à cultura de um novo
cinema que nasce (…). Welles aí está, impuro, manchado de
astúcia, de fraude muitas vezes, um aventureiro legítimo”.
O jovem Vinicius
de Moraes, que mais tarde seria celebrado como referência na cultura brasileira como poeta, cantor, compositor, havia percebido que Orson Welles trazia outra coisa além do cinema tradicional, algo novo, talvez a
Grande Arte – mesmo constatando que, em sua época, em tempos de guerra, ninguém andava
mais em busca de arte, nem de crítica.
“De arte está o mundo
cheio, dessa arte artística de contornos exatos e estética
determinada, que se faz sem sofrimento. Orson Welles traz-nos
uma natureza persuasiva, que não se vexa da própria sordidez e
sabe-se com prazer no espetáculo da grandeza e da miséria da vida”, conclui. Para o jovem Vinicius, como para o genial Orson Welles, a grande arte é, inevitavelmente, uma imitação da vida. Ou seria o contrário?
por José Antônio Orlando.
Como citar:
ORLANDO,
José Antônio. Revoluções de Orson Welles. In: Blog
Semióticas,
6 de junho de 2015. Disponível no link
http://semioticas1.blogspot.com/2015/05/revolucoes-de-orson-welles.html
(acessado em .../.../...).
No
alto, Orson
Welles em sua última
imagem,
fotografado
por Michael O'Neill em maio de 1985.
Acima, o
cineasta no papel dele mesmo em cena do filme "F for Fake" |