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Tenho me perguntado muitas vezes: escreveria
ainda se me dissessem, hoje, que amanhã uma
catástrofe cósmica destruirá o universo, de modo
que ninguém poderá ler aquilo que hoje escrevo? –– Umberto Eco, "Sobre a literatura" (2002).
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Foi
no início da década de 1960 que leitores do mundo inteiro tiveram
as primeiras notícias sobre uma nova safra de grandes escritores de países da América
Latina. Surgiam nomes que pelas afinidades ou pelas semelhanças de estilo
e temática pareciam formar um grupo organizado, como os argentinos
Jorge Luis Borges, Julio Cortázar e Adolfo Bioy Casares; o
colombiano Gabriel García Márquez; os peruanos Carlos Castaneda, José María Arguedas e
Mario Vargas Llosa; os cubanos José Lezama Lima, Alejo Carpentier e
Guillermo Cabrera Infante; os mexicanos Juan Rulfo, Octavio Paz e
Carlos Fuentes; os chilenos Pablo Neruda, Violeta Parra e José Donoso; o
guatemalteco Miguel Ángel Asturias; os bolivianos Gastón Suárez e Marcelo Quiroga Santa Cruz; os venezuelanos Salvador Garmendia e Miguel Otero Silva; o nicaraguense Ernesto Cardenal; o paraguaio Augusto Roa Bastos; os uruguaios Mario Benedetti, Juan Carlos Onetti e Eduardo Galeano; ou os brasileiros Guimarães Rosa, Jorge Amado, Clarice Lispector, Murilo Rubião e José J. Veiga, entre outros – alguns deles presentes em todas as listas que se referem ao "boom",
outros sem alcançar o lugar de classificação unânime ou só incluídos a partir das décadas seguintes.
A
novidade: a literatura que estes autores apresentavam a leitores da
Europa, dos Estados Unidos e de outros países era bastante diferente do lugar comum e
imprevisível em suas variações de romances, novelas, contos, poemas. Mas, ao mesmo tempo, trazia semelhanças com clássicos
da Literatura Universal, com recursos do fantástico e do mundo das
fábulas a conduzir narrativas primorosas sobre a vida real nos
trópicos, na periferia do capitalismo, nos confins da América
Central e da América do Sul. Com seus impasses rurais e urbanos de
toda ordem, seus fantasmas e assombrações muito peculiares e suas interfaces de magia, de insólito, de sobrenatural, de crueldade, a nova literatura da América Latina surgia com um inesperado sucesso de crítica e de vendas, surpreendendo até os mais céticos e seduzindo uma multidão de novos leitores pelo mundo afora.
O
inumano, a metalinguagem e seres do mundo da imaginação invadiam de forma poética narrativas que muitas vezes fugiam às categorias estanques de gênero ou tornavam relativas estas fronteiras, quase sempre com destaque no viés de crítica aos dramas da realidade social – daí a
definição que abarcaria grandes autores e obras da América Latina
daquele momento: o “boom” do Realismo Mágico ou Realismo
Fantástico ou Realismo Maravilhoso, nomenclatura sujeita a
sutilezas de classificação e que também não alcança unanimidade entre críticos e teóricos da literatura ou dos estudos culturais. Sobre todos, há pelo menos
um consenso: Borges, que foi um dos patronos e antecessores do grupo.
Com seus textos híbridos entre ensaio e ficção, em que o assunto é
quase sempre a própria literatura, reunidos em livros como
“Ficciones” (1944) e “El Aleph” (1949), Borges é o primeiro
nome do “boom” a alcançar o leitor médio e a crítica
acadêmica do Primeiro Mundo (veja
também "Semióticas:
Outros Borges").
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Gigantes no "boom" do Realismo Mágico:
no alto e acima, Cortázar em Paris, em 1964,
no quarto de trabalho e às margens do
Rio Sena, fotografado por Pierre Boulat.
Acima, Borges em Buenos Aires. Abaixo,
os amigos se encontram: Julio Cortázar
e Carlos Fuentes; Cortázar, Fuentes e o cineasta Luis Buñuel; Cortázar em Cuba com José Lezama Lima; Gabriel García Márquez com Cortázar; Ernesto Cardenal com Eduardo Galeano e Cortázar no México, em 1980; e Carlos Fuentes, Juan Carlos Onetti, Emir Rodríguez Monegal e Pablo Neruda no Chile, em 1970.
Também abaixo, Borges em Nova York,
em 1969, fotografado por Diane Arbus;
e a capa de Los Nuestros, livro de 1966
de Luis Harss relançado em 2012, em
espanhol, pela Editora Alfaguara
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Mais
de quatro décadas depois das primeiras edições de seus livros em
espanhol, Borges finalmente seria publicado em francês, em inglês, em
italiano, em português e em outros idiomas pelo mundo afora. Sua
literatura, encadeada em textos breves e da maior complexidade, surge para seus compatriotas e para seus leitores estrangeiros com a originalidade de uma “obra
aberta” – como definiria com propriedade Umberto Eco, referindo-se a certas possibilidades de cooperação interpretativa nas trilhas da "semiose ilimitada" fundadas pela semiótica de Charles Sanders Peirce.
Borges e sua literatura cativam os principais expoentes do Estruturalismo e levam Michel
Foucault declarar, em 1966, no prefácio de “As Palavras e as
Coisas”, publicado no Brasil pela Editora Martins Fontes: “Este
livro nasceu de um texto de Borges. Do riso que, com sua leitura,
perturba todas as familiaridades do pensamento – do nosso: daquele
que tem nossa idade e nossa geografia, abalando todas as superfícies
ordenadas e todos os planos que tornam sensata para nós a profusão
dos seres, fazendo vacilar e inquietando, por muito tempo, nossa
prática milenar do Mesmo e do Outro”.
Meio século de
história
Talvez Borges seja um dos consensos possíveis sobre aquele grupo de autores, mas sempre houve muitas controvérsias sobre as origens e as motivações do “boom”. Sabe-se que o termo, para se referir à
literatura latino-americana, foi usado pela primeira vez por um
escritor e jornalista chileno, Luis Harss. No mesmo ano em que
Foucault publicava na França “As Palavras e as Coisas”, Harss
lançava seu livro “Los Nuestros”, em que mistura
depoimentos, reportagem e crítica para investigar o fenômeno da
repercussão internacional de certas obras e certos autores, algo sem precedentes na literatura da
América Latina.
O livro de Harss, relançado em 2012 pela Editora Alfaguara, foi o resultado de uma série de entrevistas do autor com 10 escritores latino-americanos por ele considerados os mais representativos daquele momento: Jorge Luis Borges, Miguel Ángel Astúrias, Guimarães Rosa, Juan Carlos Onetti, Julio Cortázar, Juan Rulfo, Carlos Fuentes, Alejo Carpentier, García Márquez e Vargas Llosa. Houve controvérsias, já que a lista de entrevistados deixou de fora e sequer mencionou nomes que expoentes da crítica em países da Europa já destacavam como protagonistas do renascimento da literatura na América Latina, entre eles Clarice Lispector, José Donoso, Ernesto Sabato, José María Arguedas, Augusto Roa Bastos ou Guillermo Cabrera Infante. Contudo, desde então formou-se um certo consenso entre pesquisadores para o reconhecimento de que Harss exerceu papel pioneiro na criação do cânone e da primeira carta de navegação relevante sobre o "boom".
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Harss
destaca entre os autores do grupo uma nova relação com a linguagem
da forma literária, francamente experimental e política, e propõe
um marco inaugural: várias foram as publicações que prepararam o
terreno, incluindo as primeiras edições de Borges na França, na
segunda metade da década de 1950, além de títulos importantes de
outros autores nos anos seguintes, mas ele situa em 1963 o primeiro
grande momento do “boom” latino-americano, com a publicação
simultânea em espanhol, francês e inglês de um livro ímpar:
“Rayuela” (no Brasil, “O jogo da amarelinha”), de Cortázar.
Pelas coordenadas traçadas por Harss, o “boom” completa, em
2013, 50 anos de história.
Do
Terceiro Mundo para o Velho Mundo: a partir de uma reflexão sobre a
situação política e social da América Latina, autores em países
diferentes, e que sequer se conheciam, transformaram em literatura da
melhor qualidade, na mesma época, os absurdos e o insólito da vida
cotidiana. Povoada de tradições exóticas e de cenários
desconhecidos, repleta de apelos ao sobrenatural, a literatura da
América Latina pela primeira vez ganharia projeção internacional,
passando a exercer considerável influência sobre a obra de
importantes pensadores e ficcionistas até nossos dias, incluindo,
entre muitos outros, Italo Calvino, José Saramago, Susan Sontag,
Umberto Eco, Homi Bhabha, Salman Rushdie, Roberto Bolaño.
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Viagem
a Paris: três
expoentes do “boom”
e
suas esposas, em foto de 1969 – a partir
da
direita, Mario Vargas Llosa e Patricia;
José
Donoso e Pilar; Mercedes e Gabriel
Garcia
Márquez. Também acima, a capa
de junho de 1967 da revista
Argentina
Primera Plana, publicação pioneira
ao
destacar os autores do boom e o
lançamento
de Cem anos de solidão, e fotografias dos arquivos de García Márquez.
Abaixo: 1) um
encontro de García
Márquez e
Vargas
Llosa em
fevereiro de 1976, época
em
que os dois romperam relações por conta
de
ciúmes conjugais e pelas posições políticas
de
Vargas Llosa de apoio a políticos de direita
e
às ditaduras militares na América Latina;
2) Pablo
Neruda e García Márquez brincam com a pose de uma estátua na Normandia, em visita à França, em 1969; 3) Pablo Neruda em visita ao Brasil em 1945, fotografado na praia de Ipanema, no Rio de Janeiro;
4) Vinicius de Moraes e Pablo Neruda em visita a Ouro Preto, Minas Gerais, em 1968; 5) García
Márquez com Jorge
Amado em Salvador, Bahia, na década de
1970, fotografados por Zélia
Gattai, esposa de
Jorge Amado; 6) García
Márquez em Barcelona,
em 1970; 7) García Márquez e Carlos Fuentes na Feira do Livro de Barcelona em 2008; e 8) García Márquez no
México, fotografado por Daniel
Mordzinski em 2009,
quando declarou em entrevista ao jornal El
País que havia se aposentado e
que não pretendia mais escrever
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Contudo,
do lado de dentro das fronteiras de cada país do continente
latino-americano, o contexto político daquele momento histórico era
explosivo e dos mais sombrios. A resposta à Revolução Cubana em
1959 foram, nos anos seguintes, os regimes de exceção e as
ditaduras militares, instaladas simultaneamente na maior parte dos
países da região com apoio dos Estados Unidos. Esta nova realidade,
que despertou uma mistura de sentimentos de utopia e desejo de
justiça, também gerou alegorias transformadas em obras-primas da
Literatura Universal.
Da América
Latina à Europa
O
estudo publicado em 1966 por Luis Harss já apontava para as
semelhanças e diferenças – tanto entre obras e autores incluídos
no “boom” do Realismo Mágico, quanto entre este movimento e as
vanguardas modernistas nas primeiras décadas do século 20. Se é
inquestionável que o “boom” produziu obras-primas que permanecem
há mais de meio século como influência e referência, também é
certo que ele nunca teve qualquer padrão estético coeso. Em outras
palavras, parodiando um célebre aforismo sobre Minas Gerais de Guimarães Rosa, também ele um expoente entre estas referências: no “boom”, são vários.
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Em
sua grande maioria, os autores do “boom” sempre estiveram
comprometidos com apoio aos movimentos populares de resistência à
censura e à repressão instaladas pelas ditaduras militares em seus
países de origem. Alguns deles foram exilados e outros, como
Cortázar, chegaram a empreender jornadas internacionais pela Anistia
e pelos Direitos Humanos, mas nenhum deles chegou a apresentar algum
manifesto ou programa de ação – prática frequente da militância
entre as vanguardas da arte no começo do século 20.
Pelo
contrário. Não houve nenhum “alinhamento”, nenhuma “meta
programática”. Tanta variedade e liberdade acabou fornecendo
fôlego às críticas: os detratores do “boom” existem, ainda que
sem grande influência ou ressonância, e costumam se apegar ao
argumento de que o grupo não tinha coesão e que tudo não passou de
marketing editorial. Mas talvez tal argumento seja mesmo um equívoco:
afinal, as obras-primas lançadas naquele período são um
contraponto inquestionável.
A
diversidade de autores e obras nomeados com o rótulo de Realismo
Mágico é evidente. Basta lembrar que um dos destaques incluídos no
“boom” foi o cânone maior da literatura do Brasil, Machado de
Assis (1839–1908), um mestre do século 19, traduzido e publicado
nos Estados Unidos e na Europa na mesma época e no mesmo pacote
editorial que reunia, entre outros “estreantes”, Borges,
Cortázar, Juan Rulfo, Alejo Carpentier, Vargas Llosa, García
Márquez, Guimarães Rosa, Jorge Amado (veja
também "Semióticas:
O Bruxo e a crítica internacional").
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Machado de Assis: cânone brasileiro
do século 19 surge em destaque no mesmo pacote literário e comercial dos autores latino-americanos do
"boom" do Realismo Fantástico
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Contracultura, o
contexto libertário
Também
há controvérsias quanto ao tempo de duração do “boom”, mas
com frequência se destaca o período que vai de 1963, com
a publicação de “Rayuela”, até, para alguns, a data de 11 de setembro de 1973, com o golpe militar contra o governo de Salvador Allende no Chile, enquanto para outros o período se estende até 1982, ano em que se concede o Prêmio
Nobel de Literatura a García Márquez. Não por acaso, é também no
ano de 1982 que muitos países da América Latina começam o retorno
a regimes democráticos, depois dos tempos sombrios de violência e censura das ditaduras
militares. Mas este período historiográfico também não deixa de ser uma demarcação
aleatória, sujeita a variáveis – há quem defenda também outros eventos para a demarcação
inicial, entre eles o marco em 1962, ano da publicação de “Historias de cronopios y
de famas”, de Cortázar, ou em 1959, ano da Revolução Cubana.
As controvérsias e questionamentos fazem todo sentido, ainda mais que os nomes principais
do “boom” haviam publicado muito antes de 1963 e continuaram a
produzir e publicar até muito depois do ano de 1982. Outras datas com frequência apontadas como marcos de importância para assinalar o fim, ou mesmo para um novo renascimento do “boom”, incluem o ano de 1986, quando morreu Borges, decano
do grupo, ou o ano de 2010, quando outro baluarte do movimento que destaca a literatura da América Latina, o peruano Vargas Llosa, também seria condecorado com o Prêmio Nobel de
Literatura.
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D
Três obras de Borges que foram adaptadas com sucesso para o cinema: acima, uma cena de A Estratégia da Aranha, filme de 1970 com direção de Bernardo Bertolucci; e Borges durante as filmagens de Invasión, filme de 1969 de Hugo Santiago com roteiro de Borges e Adolfo Bioy Casares (na foto, a partir da esquerda, o diretor de fotografia Ricardo Aronovich, o cineasta Hugo Santiago, Jorge Luis Borges e o ator Lautaro Murúa); no alto, cartaz de A Intrusa, co-produção entre Brasil e Argentina, de 1979, com direção de Carlos Hugo Christensen. Abaixo, uma cena do filme de 1965 A hora e a vez de Augusto Matraga, versão do cineasta Roberto Santos para o conto que encerra "Sagarana", livro de João Guimarães Rosa.
Também abaixo, o fotógrafo no estúdio em Blow Up, versão de 1967 de Michelangelo Antonioni para o Cortázar de Las Babas del Diablo; Week-End à Francesa, versão também de 1967 de Jean-Luc Godard para a narrativa A auto-estrada do sul, de Cortázar; e uma cena de Erêndira, filme de 1983 de Ruy Guerra com roteiro de García Márquez baseado em sua novela La increíble y triste historia de la cândida Erêndira y de su abuela desalmada
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A
descoberta da literatura da América Latina por leitores do Primeiro
Mundo vem no contexto libertário da Contracultura – tempos da
Guerra Fria, da novidade da TV e da dominação cultural
norte-americana avançando pelos cinco continentes. É também a
época em que ganham força protestos da juventude, o recém-criado
rock'n'roll, o movimento estudantil, mobilizações pelos direitos
civis, as passeatas pacifistas, as rupturas lançadas pelo comportamento inconformista e pela literatura libertária da geração beat – por sua vez mentores e
avatares da experiência em sociedades alternativas, em viagens
esotéricas de autoconhecimento, em religiões orientais, em rituais de
shamanismo e de alucinógenos.
Neste
cenário, o “boom” da literatura latino-americana encontra
terreno fértil. Rapidamente assimilado, desatou a imaginação de
leitores e de outros autores, convocou o humor e a ironia em
situações das mais alegóricas e criou novas formas narrativas que
foram absorvidas pela Literatura Universal. Não é um legado
pequeno, ainda que seja possível estabelecer toda uma rede de
filiações dos escritores do “boom” a certas obras e autores
como James Joyce, William Faulkner, Franz Kafka – com reflexos que
transparecem como influência ou referência direta em “Rayuela”,
em “Pedro Páramo”, em “Cien Años de Soledad” e em boa parte
do que o Realismo Mágico produziu.
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As
narrativas do trio Faulkner-Joyce-Kafka são fundamentais à
literatura do “boom”, mas há outras obras que prevalecem como
referência direta, entre elas "As Vinhas da Ira" ("The Grapes of Wrath"), romance de 1939 de John Steinbeck. Virginia Woolf também ganha destaque como
forte influência para alguns, caso de García Márquez, Cortázar e
Clarice Lispector, assim são referências importantes para vários autores do “boom” os escritos experimentais lançados por
Guillaume Apollinaire e todo o Modernismo dos surrealistas franceses.
Porém, nem tudo é século 20.
Pairando
sobre todos, inevitável, no “boom”, está a sombra de Edgar Allan Poe, além das
clássicas novelas de ficção científica, enquanto Borges, Cortázar, Guimarães Rosa e outros também rendem tributo a Machado de Assis, mestre nas
artimanhas do fantástico e nas alegorias construídas no jogo narrativo, não por acaso também leitor devotado e tradutor de Poe. Na lista
de mentores e precursores em evidência ainda há Goethe, Byron,
Baudelaire, Rimbaud, Flaubert, Swift, Shakespeare, Rabelais, o
romance medieval de Cervantes, os contos árabes de Sherazade, a
mitologia pagã da Antiguidade, a Torá e os evangelhos da Bíblia Sagrada,
entre outros títulos enumerados nas estantes da Biblioteca.
Sobre esta rede quase infinita de influências e de precursores,
Borges, o visionário, guardou um comentário definitivo: os livros
sempre falam entre si e isso não depende de os autores terem se
conhecido.
por José
Antônio Orlando.
Como
citar:
ORLANDO,
José Antônio. Bodas do “boom”. In: Blog
Semióticas,
2 de fevereiro de 2013. Disponível no link
http://semioticas1.blogspot.com/2013/02/bodas-do-boom.html
(acessado
em .../.../…).
Clássicos
do Realismo Fantástico nas livrarias:
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No alto, "Música de banda" (1960),
fotografia de Juan Rulfo. Acima,
ilustração
na capa da primeira edição
de “Cien años de soledad”, de
Gabriel García Márquez, publicada
em 1967 por Editorial Sudamericana.
Abaixo, fotografia de um antigo catálogo
de roteiro turístico da Colômbia indicando
a aldeia fictícia de Macondo criada pela
literatura de García Márquez
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