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30 de setembro de 2011

Páginas de Realidade






    Imprensa é um exército de 26 soldados de chumbo
    com o qual se pode conquistar o mundo.

    (Press ist eine Armee von 26 führenden Soldaten,
    mit denen Sie die Welt erobern können.)

    –– Johannes Gutenberg (1398-1468).  


Uma revista investigativa, irreverente, iconoclasta, corajosa, revolucionou o mundo do jornalismo brasileiro em plena época da ditadura militar. Lançada em 1966 pela editora Abril, “Realidade” circulou provocando impacto até janeiro de 1976 e trouxe parâmetros de qualidade poucas vezes vistos na imprensa brasileira: pautas ousadas em abordagens criativas, matérias mais elaboradas, escritas em primeira pessoa, com fotografias, ilustrações e projeto gráfico surpreendentes que fizeram história. A trajetória da revista e suas principais reportagens – que marcaram o jornalismo feito no Brasil e influenciaram as mudanças que levariam ao fim do regime militar – acaba de receber um tributo de primeira linha: o livro “Realidade Re-vista”, publicado pela Realejo Edições.

Escrito em parceria pelos veteranos José Hamilton Ribeiro e José Carlos Marão, que faziam parte da extraordinária equipe de jornalistas que criou a revista, o livro reconstitui a história lendária da revista “Realidade”, publicação que ainda hoje permanece como exemplo e como lição de jornalismo transformador um autêntico contraponto à triste e muitas vezes lamentável atualidade da imprensa no Brasil, cada vez mais questionável e mais distante das normas da ética e da honestidade que deveriam ser balizas e condições essenciais para sua própria existência.









Páginas de Realidade: no alto,
Glauce Rocha, Paulo César Pereio
Jardel Filho em cena do polêmico
Terra em Transe (1967), uma das
obras-primas de Glauber Rocha
 (acima), filme que ganhou destaque
nas primeiras edições de Realidade.

Abaixo, duas cenas das filmagens na
praia, no Rio de Janeiro, com Paulo Autran
Clóvis Bornay na primeira imagem; e 
Jardel Filho com Danuza Leão nos braços,
na segunda. Também abaixo, Glauber em ação
durante as filmagens no antigo Instituto de
Belas Artes do Parque Lage, no Rio de Janeiro,
com Lauro Escorel, Dib Luft Luiz Carlos Barreto;
e Glauber em fotografia de Luiz Carlos Barreto












Jovens, mas com experiência profissional de qualidade inquestionável, José Hamilton Ribeiro e José Carlos Marão vinham de passagens em veículos na época importantes como a revista “O Cruzeiro” e o jornal “Folha de S.Paulo”. Nascidos no interior de São Paulo, no novo livro os veteranos Ribeiro, nascido em agosto de 1935, e Marão, em janeiro de 1941, se definem como “caipiras, com muito orgulho” e fazem questão de destacar, cada um a seu modo, que a história de "Realidade" permanece como lição de jornalismo transformador.

"Os estudantes que hoje procuram os profissionais de 'Realidade' como fonte para seus trabalhos acadêmicos não se dão conta de que muito do comportamento atual, como a liberdade para namorar ou 'ficar', o desprezo pelo tabu da virgindade, a igualdade de direitos da mulher, a possibilidade de casar, descasar, casar de novo; começou a despontar como mudança de comportamento naquele período", destaca Marão.







"O lugar da revesta 'Realidade' é entre os inovadores, assim como o 'Jornal do Brasil' na época de sua reforma, na década de 1950, e sem dúvida o 'Jornal da Tarde', de São Paulo, mas feito por mineiros", aponta Marão, lembrando que durante décadas esses três projetos gráficos e editoriais determinaram a qualidade da imprensa no Brasil.

"Só recentemente é que houve um ou outro projeto inovador, mesmo assim nenhum deles com o impacto que 'Realidade' provocou”, reconhece Marão. Ele confessa nostalgia pelos tempos do que ele chama de "jornalismo de heróis" e diz que agora se aposentou. A única vantagem de sua nova condição, ele confessa, é que conseguiu realizar o velho sonho de voltar a morar no interior. José Hamilton Ribeiro, por sua vez, continua na ativa e reconhecido pelo público, por conta de seu trabalho como repórter de TV, atualmente na equipe do "Globo Rural".









O projeto do livro, explica José Carlos Marão, começou a partir das muitas conversas entre ele, José Hamilton e outros veteranos que trabalharam na revista 'Realidade'. "Acabei lembrando que as matérias selecionadas para publicação no livro deveriam ser situadas dentro de seu contexto histórico, social e político. Do contrário, o leitor jovem não ia entender nada. Então surgiu o caminho de mostrar em detalhes como a revista era feita, naquela época, naquela situação política e econômica", completa.


Um resgate histórico



O resgate histórico de “Realidade” não é o primeiro trabalho conjunto dos dois autores. Em 1988, Ribeiro escreveu o livro “Jornalistas (1937-1997)”, que contava a história de 60 anos de imprensa no Brasil e foi editado por Marão. Ribeiro recorda que os dois ficaram anos sem se ver, mas a cada reencontro retomavam a conversa da vírgula onde tinham parado. Das conversas, nasceu o projeto do novo livro. 


 





Um momento memorável no
jornalismo brasileiro: Realidade,
em sua edição número 1, traz na capa
uma foto de Pelé sorrindo e a chamada:
"foi assim que ganhamos o Tri".
Também acima, um questionamento
sobre os concursos de Misses na capa
da edição de número 4. Abaixo,
a edição número 2, de maio de 1966,
pioneira na abordagem da pauta
feminista na imprensa do Brasil;
e as capas das edições número 3
e número 57, de dezembro de 1970,
com a reportagem: "A nudez
atrapalha as crianças?"







José Hamilton Ribeiro e José Carlos Marão, mantendo o estado de espírito das redações de outras épocas e da amizade que dura mais de 50 anos, até hoje discordam e brigam muito – conforme revela e reconhece Ribeiro na entrevista, contando que ele e o amigo discutiram até o limite durante o processo de elaboração e edição do livro “Realidade Re-vista”.

No livro, a dupla de veteranos resgata através de fac-símiles duas dúzias de reportagens históricas, republicando-as com saborosos e surpreendentes comentários de bastidores. O relato de Ribeiro e Marão também brinda o leitor com uma abordagem inédita sobre a criação, os percalços da vida e da morte da publicação que ainda hoje muitos pesquisadores apontam como uma das maiores e mais importantes utopias que o jornalismo no Brasil já realizou.

 










O resgate histórico aponta uma seleção de abordagens surpreendente, ainda mais se considerado o contexto de censura e repressão imposto pelo regime militar. Um perfil pioneiro de Chico Xavier, uma matéria escrita a quatro mãos com Chico Buarque, o cinema de Glauber Rocha, denúncias, erros grosseiros de políticos e das autoridades, eleições desencontradas, a aventura dos jangadeiros e da gente simples do interior, a gritaria e os aplausos do auge dos concursos de miss, o movimento silenciado de estudantes e operários, os exilados, o olhar brasileiro na apuração do que acontecia pelo mundo afora.

"Realidade" renovou a arte da reportagem, questionou e derrubou tabus, provocou e revelou um país praticamente desconhecido e entrou para a história. Como lembra o relato emocionado e emocionante de Ribeiro e Marão, criatividade na pauta, liberdade na apuração e ousadia na edição marcaram a presença de “Realidade” no imaginário nacional.








Realidade, número 8, novembro de 1966:
reportagem de Narciso Kalili pela primeira vez
usou a expressão MPB. Na capa da edição,
uma fotografia de David Drew Zingg
de pé,
Rubinho do Zimbo Trio, Jair Rodrigues,
Nara Leão e Paulinho da Viola; sentados,
Chico Buarque, Gilberto Gil, Toquinho e
Magro do MPB4;  no chão, Caetano Veloso.
Na reportagem "Os novos donos do samba",
outra fotografia de David Drew Zingg reuniu
Paulinho da Viola, Chico Buarque,
Gilberto Gil, Nara Leão e Toquinho.

Abaixo, uma reunião da geração de diretores do
Cinema Novo na mesa do bar, fotografados em
1967 por David Drew Zingg para outra reportagem
histórica de Realidade: a partir da frente, à esquerda,
Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, Joaquim
Pedro de Andrade, Walter Lima Jr., Zelito Viana,
Luiz Carlos Barreto, Glauber Rocha e Leon Hirszman.
também abaixo, Leila Diniz e Paulo José fotografados
em 1966 para uma reportagem de Realidade nas
filmagens de “Todas as mulheres do mundo”,
com o co-roteirista Eduardo Prado e
o diretor Domingos de Oliveira






                  

 
Em 436 páginas de memórias e de análise crítica, os dois autores e testemunhas oculares da história desvendam os métodos revolucionários utilizados pela equipe de redação da revista. Ribeiro e Marão não apenas descrevem, mas também analisam as técnicas de cada expediente a partir de uma privilegiada visão dos bastidores de algumas das principais matérias, incluindo casos saborosos no "off" de muitas reportagens e edições.

A emoção que caracterizava cada número da revista – em oposição à maior parte das notícias tradicionais, baseadas no senso comum, tão comuns naquelas época e também no jornalismo atual – pode ser traduzida à perfeição com o episódio da Guerra do Vietnã. Hoje reconhecido como 'príncipe dos repórteres', José Hamilton Ribeiro foi correspondente de guerra, em 1968, e em uma de suas reportagens durante essa cobertura, perdeu uma perna, despedaçada na explosão de uma mina. O episódio ele transformou em livro, "O Gosto da Guerra", publicado em 1969. Mas o acidente no Vietnã não deteve o repórter e ele continua ainda hoje a exercer seu notório talento de jornalista.














Páginas de Realidade: o repórter
José Hamilton Ribeiro em 1968,
fotografado no local do acidente
por Kei Shimamoto e no hospital
militar da base dos EUA durante sua
cobertura na Guerra do Vietnã





Segundo o que os autores José Hamilton Ribeiro e José Carlos Marão revelam, na apresentação ao livro, o fim do projeto “Realidade” veio em função de divergências internas entre a equipe e algumas disposições negativas da empresa, que tolhiam, de alguma forma, a autonomia que a equipe vinha tendo até dezembro de 1968. Mas e a imprensa brasileira da atualidade? Está melhor ou pior do que há tempos passados?

Acredito que em muitos aspectos a imprensa brasileira nos dias de hoje está melhor, mas sempre tem aquelas exceções que envergonham a gente e provocam irritação em quem tem um mínimo de bom-senso”, reconhece Marão. “É preciso sim reconhecer que a imprensa hoje está mais profissionalizada. No entanto, não tem dado muito espaço para a criatividade e a inovação, o que é uma pena e sinal de o atual modelo consagrado como grande imprensa vai ficar esgotado, mais dia, menos dia”.






Páginas de Realidade: a dupla de
veteranos José Carlos Marão e
José Hamilton Ribeiro reunida
em uma livraria em São Paulo, em
agosto de 2011, na primeira sessão
de autógrafos e lançamento do
livro Realidade Re-vista






Confira, abaixo, alguns trechos da entrevista que fiz por telefone, para um jornal de Belo Horizonte, com o jornalista José Hamilton Ribeiro. 


Qual o lugar da revista “Realidade” na história da imprensa e do jornalismo no Brasil?

José Hamilton Ribeiro – A 'Realidade' foi resultado de um conjunto de circunstâncias históricas que inclui a revolução comportamental de jovens, mulheres, padres, Beatles, hippies, estudantes, tudo a nível mundial, na década de 1960. No plano local, um governo militar ditatorial, mas ainda sem censura à imprensa e Ato-5. Havia um anseio de mudanças generalizado e uma editora (Abril) que estava bancando a aposta de se tornar uma grande editora jornalística e uma equipe com boa experiência jornalística, mas ainda jovem (média de idade, 30 anos) com muita energia e ambição. Aí desembocou no que deu, difícil apartar uma peculiaridade.

Na sua avaliação, 'Realidade' teve outros veículos de imprensa como antecedentes? Penso na revista 'O Cruzeiro', nos melhores tempos do 'Jornal do Brasil', no final dos anos 1950...

Foram capítulos importantes, sem dúvida, mas a 'Realidade' era outra coisa. No começo dos anos 1960, a Editora Abril era ainda “um escritório” que coordenava a publicação de revistas traduzidas que incluía títulos de quadrinhos, fotonovelas, corte e costura, cama, mesa e banho... Com 'Cláudia', entre as femininas (dirigida por Luís Carta), e '4 Rodas', masculina (dirigida por Mino Carta, irmão de Luís), a Editora Abril passava a ter redação de jornalistas e não mais só de tradutores. E '4 Rodas', sob a direção de Mino, foi o laboratório de texto e de exercício jornalístico que iria desembocar em 'Realidade', primeiro, e a seguir em 'Veja' e depois em revistas que se contam hoje quase às centenas. É importante também você destacar que 'Realidade' não se baseou em outra publicação do exterior, como era praxe na Abril, então. E até o nome foi uma busca errática, muita gente pensando e dizendo: mas isso é nome de revista? 









Páginas de Realidade: 
assuntos de capa
que foram desafios à censura e à ditadura militar.
No alto, Fidel Castro na edição de abril de
1968. Acima, Che Guevara em agosto de 1968.

Abaixo, fotografia para uma das últimas reportagens
de Realidade, que abordou o movimento sindical:
o professor Eduardo Suplicy encontra
Luiz Inácio Lula da Silva, na época presidente do
Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do
Campo e Diadema, no ABC paulista








Foi um período muito breve e intenso... É possível destacar uma fase, ou uma sequência de edições, como o auge de 'Realidade'? 

Há um período de ouro, sim, que é o tempo da revista que vai do seu nascimento, em abril de 1966, ao AI-5, em dezembro de 1968... não tendo obrigatoriamente de uma coisa ter a ver com a outra, ou só com essa outra... (risos) Um sucesso editorial que marcou época e fez história, sem dúvida, mas 'Realidade' deu lucro financeiro? 'Realidade' foi um 'case' de sucesso editorial. Nas contas da Abril, se ela vendesse 80 mil exemplares, estava muito bom. Vendeu 500 mil em menos de 6 meses. Por certo, foi uma coisa que chamou atenção dos jornalistas brasileiros, principalmente, a meu ver, por causa da qualidade do texto. 

A revolução trazida pela "Realidade" foi mais importante que a reforma dos jornais na década de 1950, liderada pela gestão da condessa Pereira Carneiro no "Jornal do Brasil"?

Pergunta difícil... Mas, de certo modo, é possível afirmar que sim. Digo, simplificando, que a reforma dos jornais brasileiros, capitaneada por jornalistas cariocas, no fim dos anos 1940 e nos anos de 1950, repetiu-se, agora no campo das revistas, com 'Realidade'. A reforma dos jornais cariocas criou e implantou o “copy-desk” – que reescrevia eventuais textos ruins dos repórteres. "Realidade" criou (a benção, Sérgio de Souza!) o editor de texto, um profissional mais refinado, mais sensível, e que é capaz de melhorar o texto do repórter sem desfigurá-lo.






Páginas de Realidade: as mandingas
do futebol brasileiro na edição número 4.
Abaixo: duas reportagens sobre Chico Buarque,
a primeira com o cantor e compositor na janela,
em 1966, na época do lançamento de seu
álbum de estreia, que teve "A Banda" como uma
das canções de sucesso; e na capa de fevereiro
de 1972, quando Chico retornava do exílio na
Itália, por imposição da ditadura militar.

Também abaixo, 
uma amostra da
publicidade em Realidade, com
lances criativos de humor que
indicavam revolução nos costumes
e nos hábitos de consumo dos
brasileiros; um flagrante do passeio
na praia, em 1970, de Carlos Vereza,
Renata Sorrah, Dina Sfat e Djenane
Machado, estrelas da novela polêmica das
22 horas "Assim na Terra como no Céu",
de Dias Gomes, em produção da
TV Globo; e umretrospectiva das
primeiras capas de 'Realidade' em
reportagem especial publicada na
edição número 20 da revista










Na mesma época de 'Realidade' estava surgindo nos Estados Unidos o 'new journalism', mais literário, mais elaborado. 'Realidade' foi então precursora também dessa qualidade do texto, além do design inovador e do conteúdo em reportagens?

Sim, bem lembrado! Você está muito correto neste comentário porque, num certo sentido, o texto da revista 'Realidade' tinha sim esta 'qualidade literária', assim mesmo, entre aspas, quer dizer, era um texto que dava prazer de ler, como um bom texto de literatura. Deve-se isso, em boa medida, ao exercício da edição de texto criada pelo Sérgio de Souza, com riqueza de imagens e de vocabulário e a busca da palavra apropriada. No raciocínio jornalístico, ou literário, chega uma hora que o texto pede uma palavra, e tem de ser aquela palavra. Qualquer outra, soaria chocho...











Além da qualidade literária, do atrativo das fotografias e das pautas fora do lugar comum, 'Realidade' também oferecia ao leitor um jornalismo de alta qualidade...

Isso mesmo. 'Realidade' fazia a 'grande reportagem', que você sabe, pouco tem a ver com reportagem grande. Pesquisa, pensamento, trabalho e vivência na busca de um pouco de profundidade e compromisso, até onde sabe Deus, com a verdade. Enfim, jornalismo investigativo, de longo curso, sério, desvendando questões sérias e informando com a maior responsabilidade social. Quando é que o Brasil deixou de ter isso? Será que deixou?

O senhor acredita que o livro conseguiu traduzir a história toda? Espero que o senhor tome meu comentário como elogio, porque quando li, tive a impressão de que estava lendo uma reportagem muito bem feita sobre a 'Realidade'... 

Ah, então é porque você é um leitor atento... (risos). Boa definição, esta, de ser uma reportagem... metalinguagem, não é? Em 'Realidade', fui repórter. Em certo momento, virei redator-chefe, mas como coisa provisória que acabou sendo definitiva. Depois da revista, voltei a ser repórter. O livro “Realidade Re-Vista”, além de ser bom livro em si – e digo isso com tranquilidade, na medida em que seu autor principal não sou eu, mas sim José Carlos Marão – nasceu de uma certa demanda. De tempos em tempos, nem sei por que, os remanescentes de 'Realidade' são procurados por jovens jornalistas, estudantes de jornalismo e de História, sociólogos iniciantes, em busca de informações da revista. Agora estão à mão, no livro. 










E a imprensa brasileira hoje? Está melhor ou pior do que há tempos passados? 

Pergunta difícil de responder... No Brasil há espaço para uma revista de reportagens bem feitas, com texto cuidado, com pauta criativa? O que a gente vê é que tem cada uma por aí... Será que ainda haverá espaço para uma revista com “qualidade literária”, que possa garantir algum prazer na leitura? Em matéria de jornalismo, e não só de jornalismo, o Brasil de hoje em dia está acostumado com coisa ruim. Estamos vivendo talvez uma das épocas mais medíocres deste país. Assim, quando surgir, no jornalismo, uma coisa boa, vai ser fácil o povo acostumar. Se está acostumado com o que é ruim, na hora que surgir o bom o povo vai correndo.


por José Antônio Orlando. 


Como citar:

ORLANDO, José Antônio. Páginas de Realidade. In: Blog Semióticas, 30 de setembro de 2011. Disponível no link http://semioticas1.blogspot.com/2011/08/paginas-de-realidade.html (acessado em .../.../...).



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Páginas de Realidade: no alto, Leila Diniz
na capa em uma entrevista que fez história,
na edição número 61 de Realidade, publicada
em 1971. Acima, fotografia publicada em
junho de 1968 mostra as atrizes Tônia Carrero,
Eva Wilma, Odete Lara, Norma Bengell e
Cacilda Becker na linha de frente da Passeata
dos Cem Mil, que parou o Rio de Janeiro
em plena ditadura militar. Organizada pelo
movimento estudantil, a passeata desafiou
a repressão e contou com a participação de
artistas e intelectuais que levavam faixas
e gritavam as palavras de ordem
Abaixo a Ditadura. O Povo no poder





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