O
Brasil será melhor quando o ímpeto
investigativo
atingir
a todos de maneira simétrica.
–– Vladimir
Safatle. |
O
acontecimento político mais explosivo da última década foi um
livro escrito pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr.. Resultado de mais
de 12 anos de investigações, “A Privataria Tucana” (Geração
Editorial) foi lançado no dia 9 de dezembro de 2011 e, depois de
esgotar a primeira edição e as sucessivas reimpressões, já
alcançou um recorde impressionante, segundo o editor Luiz Fernando
Emediato: mais de 100 mil exemplares vendidos em apenas duas semanas, um feito raríssimas vezes alcançado no mercado editorial brasileiro.
Mas "A Privataria Tucana" também impressiona porque
provocou o silêncio mais constrangedor e cúmplice de que se tem notícia nos
principais veículos de comunicação do Brasil.
“O
livro só aconteceu por causa da internet, das redes sociais e dos
blogueiros independentes. Mas o importante é que conseguimos furar o
bloqueio da mídia tradicional, boa parte dela comprometida com as
autoridades denunciadas pelos documentos apresentados no livro”,
admitiu Amaury, que entrevistei no dia 21 de dezembro, em
Belo Horizonte, na redação do jornal “Hoje em Dia”, antes que ele embarcasse para uma série de debates e entrevistas agendados em São Paulo.
Enquanto
Amaury concedia a entrevista, no mesmo horário, também no dia 21 de
dezembro, o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP) protocolava
na Mesa Diretora da Câmara dos Deputados um requerimento pedindo a
abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para
investigar as acusações feitas pelo livro. Para abrir uma CPI na
Câmara são necessárias pelo menos 171 assinaturas. O requerimento do deputado superou este número mínimo e conseguiu em pouco tempo o apoio de
185 parlamentares. Segundo declarou à Agência Brasil o presidente
da Câmara, Marco Maia (PT-RS), a CPI deverá mesmo ser instalada no
início de 2012 para esclarecer os fatos e ouvir os acusados.
“A
casa vai cair para muita gente poderosa com essa CPI”, aponta o
autor do livro “A Privataria Tucana”. Amaury reconhece ainda que
as centenas de documentos que apresenta no livro são apenas uma
ponta do iceberg que envolve as várias “negociatas” das
privatizações conduzidas no governo do ex-presidente Fernando
Henrique, no período entre 1995 e 2002.
O
trabalho investigativo e minucioso de Amaury enumera no livro a
intrincada trama de lavagem de dinheiro e os principais envolvidos no
processo. Também consegue mapear o esquema de corrupção e propinas
montado em torno do político tucano José Serra, ex-ministro de FHC,
ex-deputado, ex-senador, ex-governador e ex-prefeito de São Paulo e
candidato duas vezes derrotado em eleições para a Presidência da
República.
Denúncias explosivas e sem respostas
“São
grandes negociatas que envolveram um valor incalculável de muitos
milhões em corrupção e propina no processo de privatização de
grandes empresas nacionais. Negociatas que ainda não foram nem
investigadas nem punidas e muito menos divulgadas pela conivência
dos grandes veículos de mídia. Foi o maior golpe da história
do Brasil e atingiu os setores de telecomunicações, de energia
e de mineração”, destaca Amaury Ribeiro Jr., que compara o grande
escândalo revelado no livro "A Privataria Tucana" –
também abafado na época das privatizações de Fernando Henrique
pelos mesmos grandes veículos de mídia que agora boicotam sua
divulgação nos noticiários – à queda de um grande avião com
muitas autoridades entre os passageiros.
“O
livro traz denúncias explosivas, mas a CPI poderá ir mais a fundo
para incriminar os envolvidos e propor punições, propor um
ressarcimento ao patrimônio público do Brasil e um maior controle
sobre a entrada de capital estrangeiro, mais controle sobre a
operação de papéis na Bolsa de Valores e sobre a lavagem de
dinheiro para que este grande escândalo não se repita nunca mais”,
alerta.
Os
denunciados por Amaury no esquema que operou bilhões de dólares
durante as privatizações no governo Fernando Henrique vêm
respondendo às acusações do livro com um silêncio implacável ou
com ameaças de processos na Justiça – quando não definem de
“lixo” o trabalho do jornalista, como fez o ex-governador Serra,
pressionado pelos repórteres em um evento recente do PSDB realizado
em São Paulo.
Amaury
reconhece que esta também era uma situação prevista por ele e pelo
editor do livro, o também jornalista Luiz Fernando Emediato. “Todos
os fatos que apresento no livro estão fundamentados em documentos
oficiais, obtidos em juntas comerciais, em cartórios, no Ministério
Público e nas várias instâncias da Justiça”, aponta Amaury, que
já recebeu por três vezes o Prêmio Esso e outras quatro vezes o
Prêmio Wladimir Herzog de Jornalismo. Também repórter
especial da Rede Record, o autor de "A Privataria Tucana"
faz questão de destacar que não tem qualquer filiação partidária.
“Não
tenho compromisso com nenhum partido político. Sou militante do
jornalismo”, afirma, com orgulho. Por conta do sucesso
extraordinário de vendas do livro e de seus prováveis
desdobramento, na agenda do jornalista para 2012 já estão mais de
200 convites para o lançamento do livro em universidades e entidades
sindicais, além de novos projetos que prometem muito mais polêmica
em revelações impressionantes. Entre os projetos, outros livros já
em fase de conclusão.
“Serão
dois novos livros”, explica Amaury. “Um será a continuação
deste primeiro. Já batizei de Privataria Tucana 2, porque nele vou
alinhavar os documentos que ficaram de fora do primeiro livro e
contar sobre o bloqueio dos grandes meios de comunicação, sobre os
desdobramentos das denúncias e o passo a passo sobre a CPI que será
instalada no Congresso Nacional. O outro será um inventário sobre
corrupção e pedofilia no Brasil, para revelar que autoridades que
deveriam defender o povo e principalmente as crianças são, muitas
vezes, os seus maiores inimigos”.
Confira alguns trechos da entrevista
Analistas
da política já apontam que seu livro “A Privataria Tucana”
marca o desfecho de uma era, ao decretar o fim político de José
Serra, uma vez que a falta de respostas de Serra ao livro – o
ex-governador limitou-se a taxá-lo de “lixo” – foi a
comprovação final de que não havia como responder às denúncias
ali levantadas. Você concorda com esta análise?
Amaury
Ribeiro Jr. – As denúncias da imprensa mais recentes
sobre irregularidades e corrupção, que chegaram a derrubar
ministros de Estado, são fichinha perto das negociatas e licitações
forjadas que estão por trás das privatizações do governo Fernando
Henrique, que tinha Serra como ministro. Mas o povo não é bobo. Os
sinais de desvio de conduta não podem ser tratados como futrica de
adversários. O silêncio ensurdecedor dos acusados e a resistência
dos grandes veículos de comunicação é um indício muito revelador
de um estado de coisas que não só confirma as denúncias e
documentos que registro no livro. É também revelador sobre a
arrogância dos poderosos diante da lei e da Justiça no Brasil.
Uma
CPI pode ser instalada no Congresso Nacional para investigar
estas denúncias? Podem gerar algum fato novo ou resultar em punições
de fato para os envolvidos no grande esquema de corrupção e propina
mapeado por seu livro?
Todos
nós esperamos que isso aconteça. Acho que você percebeu que o
livro também aponta que o sistema de doleiros, de paraísos fiscais
e de "offshores" (offshores é o nome de empresas e contas bancárias para fins ilícitos abertas no exterior, em países onde há menos fiscalização e menor tributação), foram abundantemente usados pelo PSDB e também por
outros partidos políticos. Com a instalação de uma CPI, a casa vai
cair. Na verdade, posso comparar a situação do livro e da CPI da
Privataria com a queda de um grande avião com muitas autoridades
importantes a bordo. Depois da queda do avião é preciso investigar
as causas e acompanhar as consequências, para que o erro, o crime
contra o país, não aconteça nunca mais.
Será
preciso mudar a lei?
Sim,
será preciso, porque a lei para os crimes do sistema financeiro, a
lei do colarinho branco, é de 1985. Está ultrapassada e não dá
conta da realidade de hoje. Você pode reunir um arsenal de
documentos para provar o crime e ainda assim a lei permite brechas
que favorecem a corrupção e a propina. Os próprios parlamentares
sabem que é preciso proibir a entrada de capital estrangeiro nas
transações de empresas nacionais, é preciso um controle maior
sobre as operações de papéis nas bolsas de valores, assim como é
urgente criar mecanismos para combater a lavagem de dinheiro. A
questão da quebra de sigilo também precisa ser revista em muitos
casos.
Você
diz que seu livro é apenas a ponta do iceberg. Ainda há mais
corrupção e propina no processo das privatizações do governo
Fernando Henrique? Mais, além do que seu livro denuncia?
Sim,
muito mais. Quando a “Privataria” virar CPI, com o trabalho de
gente séria e competente que há entre os parlamentares, as
negociatas de José Serra, da família de Serra, de banqueiros e seus
amigos tucanos serão apenas o começo. Até agora eles tinham sido
blindados pela aura da honestidade e pelo inaceitável silêncio da
imprensa.
Quais
são os seus próximos projetos no jornalismo?
Sou
militante do jornalismo, você sabe. Vou continuar fazendo meu
trabalho de jornalista na Rede Record e vou tentar concluir uns
projetos que estavam parados. Primeiro, vou publicar outros livros.
Serão dois livros. Um será o Privataria Tucana 2, alinhavando
documentos que ficaram de fora do primeiro livro e contando os
desdobramentos das denúncias e da CPI que será instalada no
Congresso Nacional. O outro será um inventário sobre corrupção e
pedofilia no Brasil, para revelar que autoridades que deveriam
defender o povo e principalmente as crianças são, muitas vezes, o
seu maior inimigo. Tem também um disco, que estou gravando e
produzindo com artistas daqui de Belo Horizonte e do interior de
Minas. Um disco mesmo, de música. Quero fazer como a antropofagia
dos modernistas. Altas literaturas.
por
José Antônio Orlando.
Como
citar:
ORLANDO,
José Antônio. O
conto da Privataria.
In: ______. Blog
Semióticas,
27
de dezembro
de 2011.
Disponível no link
http://semioticas1.blogspot.com/2011/12/privataria-tucana.html
(acessado em .../.../...).
(P.S. - A íntegra da reportagem e da entrevista
com Amaury Ribeiro Jr. foi publicada pelo
"Hoje em Dia", jornal de Belo Horizonte, na
primeira página e na página 3, em 26 de
dezembro de 2011, com os seguintes título e
subtítulo: "Silêncio dos envolvidos é confissão
–– Autor de 'A Privataria Tucana' acredita
que publicação terá desdobramentos
significativos na política nacional")
Trechos extraídos do livro:
“Após
relatar o assalto ao patrimônio público do país por meio das
privatizações, este livro pretende desnudar as muitas e
imaginativas maneiras de ganhar dinheiro que se sucederam. Entre
elas, os processos de internação de valores de origem suspeita.
São
operações realizadas pelo clã Serra – sua filha Verônica Serra,
seu genro Alexandre Bourgeois, seu primo político Gregório Marín
Preciado, seus muitos sócios, seus amigos e seus colaboradores. E
outros tucanos de altos poleiros. Em muitos casos, são transações
envolvendo empresas brasileiras e empresas offshore no paraíso
fiscal das Ilhas Virgens Britânicas, escoradas no anonimato.
Fiquei
pasmado com a voracidade de alguns grupos e sua disposição de levar
vantagem a qualquer custo (…). Será gratificante se, depois da
última página, o leitor mantiver seus olhos bem abertos. É uma boa
maneira de impedir que aqueles que já transformaram o público em
privado para seu próprio proveito tentem reprisar algum dia o que
foi feito na era da privataria.”
("A Privataria Tucana", páginas 30 e 31)
“Depois
desta jornada pelos pântanos da política em que todos são vilões
e o Brasil é a vítima, acho importante encerrar a narrativa com
algumas observações. A primeira delas é que o país e suas
instituições não têm o direito de continuar fazendo de conta que
não viram a rapinagem organizada que devastou os bens do Estado nos
anos 1990 e começo da década seguinte. E que serviu para tornar os
ricos mais ricos.
Varrer
a sujeira para baixo do tapete, como se fez tantas vezes, não é
mais possível. Não há tapete suficiente para acobertar tanto lixo.
O Brasil, que escondeu a escravidão e ainda oculta a barbárie de
suas ditaduras, não pode negar aos brasileiros a evisceração da
privataria. Quem for inocente que seja inocentado, quem for culpado
que expie sua culpa.
Se
isso não acontecer, isto é, se a memória do saque não se tornar
um patrimônio dos brasileiros, o país poderá repetir esta
história, mais cedo ou mais tarde.”
("A Privataria Tucana", página 339)
O silêncio revelador sobre o livro-bomba
Semanas
depois do lançamento do livro, o silêncio nos chamados “grandes”
veículos de imprensa do Brasil permanece constrangedor, ainda que
revelador de um certo estado de coisas e de “conivência” com o
malfeito. Dos “grandes”, apenas uma matéria de capa da “Carta
Capital”, que fez a revista esgotar nas bancas.
Entre
os fatos mais graves está a “manipulação” das sempre
discutíveis listas dos “mais vendidos” da revista “Veja” e
do jornal "O Globo", que omitiram o livro, apesar dele ser
um recordista de vendas com 150 mil exemplares vendidos desde seu
lançamento em 9 de dezembro. Houve também uma “matéria”, que
não merece ser nomeada de “reportagem”, na “Folha de S.
Paulo”, publicada em 15 de dezembro. O texto, não assinado (porque
o autor não assinou um texto de opinião declarada? pergunta o
leitor atento), não ouviu sequer o autor do livro, mas apresenta em
destaque uma “defesa intransigente” de Serra e dos tucanos
envolvidos no "esquema" denunciado no livro "A
Privataria Tucana".
De
tão questionável, a “matéria” publicada na "Folha"
foi classificada de “jornalismo ruim” pela própria Ombudsman do
jornal, Suzana Singer, em e-mail interno do jornal, datado de 15 de
dezembro de 2011, que vazou “por acidente” na internet e foi
publicado por muitos blogs, entre eles o “Blog da Cidadania”, de
Eduardo Guimarães. Confira abaixo a íntegra da crítica isenta da
Ombudsman da "Folha":
ANTES TARDE DO QUE NUNCA
por
Suzana Singer.
Ainda
bem que a “Folha” deu a notícia sobre o livro “A Privataria
Tucana” (A11). Mas o jornal deveria continuar no assunto, porque há
mais pautas no livro.
Exemplo:
por que Verônica Serra e o marido têm offshores? Não deveríamos
investigar e questioná-los? É já publicamos que Alexandre
Bourgeois, marido de Verônica, foi condenado por dever ao INSS? É
verdade que as declarações que ela deu na época das eleições,
sobre a sociedade com a irmã de Daniel Dantas, eram mentirosas?
Fomos muito rigorosos com o caso Lulinha, por exemplo.
Outra
frente é a o tal QG de dossiês anti-Serra na época da eleição
presidencial, que a Folha deu com bastante destaque. O livro conta
coisas de arrepiar a respeito de Rui Falcão. Ao mesmo tempo, sua
versão de roubo dos seus arquivos parece inverossímil. Seria bom
investigar, já que ele faz acusações graves contra a imprensa,
especialmente “Veja” e “Folha”.
Teria
sido bom editar um “acervo Folha conta a história da privatização”
para lembrar ao leitor que o jornal foi muito duro com o governo FHC.
É um erro subestimar a capacidade da internet -e da Record- de
disseminar a tese do “PIG”. E também seria bom esclarecer, com
mais detalhes, o que é novidade no livro sobre esse período.
O
Painel do Leitor só deu hoje uma carta cobrando a cobertura do
livro. Eu recebi 141 mensagens. Quem escreveu hoje criticou a matéria
publicada por:
1)
ter um viés de defesa dos tucanos;
2)
não ter apresentado Amaury Ribeiro Jr. devidamente e não tê-lo
ouvido;
3)
exigir provas que são impossíveis (ligação das transações
financeiras entre Dantas e Ricardo Sérgio e as privatizações);
4)
não ter esse grau de exigência em outras denúncias, entre as mais
recentes, as que derrubaram o ministro do Esporte (cadê o vídeo que
mostra dinheiro sendo entregue na garagem?);
5)
não ter citado que o livro está sendo bem vendido.
Outro
texto da mesma "Folha de S.Paulo" sobre o mesmo assunto, o
"livro-bomba", merece ser lido com muita atenção, apesar
do detalhe significativo (para bom entendedor) de não citar o título
do livro de Amaury Ribeiro Jr. Surpreendente também que seja um
editorial, assinado por Vladimir Safatle. O texto foi publicado pela
"Folha de S.Paulo" na página 2, no dia 20 de dezembro de
2011:
O INIMIGO DA MORAL
O INIMIGO DA MORAL
por
Vladimir Safatle.
O
maior inimigo da moralidade não é a imoralidade, mas a
parcialidade.
O
primeiro atributo dos julgamentos morais é a universalidade. Pois
espera-se de tais julgamentos que sejam simétricos, que tratem casos
semelhantes de forma equivalente. Quando tal simetria se quebra,
então os gritos moralizadores começam a soar como astúcia
estratégica submetida à lógica do "para os amigos, tudo, para
os inimigos, a lei".
Devemos
ter isso em mente quando a questão é pensar as relações entre
moral e política no Brasil. Muitas vezes, a imprensa desempenhou um
papel importante na revelação de práticas de corrupção
arraigadas em vários estratos dos governos. No entanto houve
momentos em que seu silêncio foi inaceitável.
Por
exemplo, no auge do dito caso do mensalão, descobriu-se que o
esquema de corrupção que gerou o escândalo fora montado pelo
presidente do maior partido de oposição. Esquema criado não só
para financiar sua campanha como senador mas (como o próprio afirmou
em entrevista à Folha) também para arrecadar fundos
para a campanha presidencial de seu candidato. Em qualquer lugar do
mundo, uma informação dessa natureza seria uma notícia
espetacular. No Brasil, alguns importantes veículos da imprensa
simplesmente omitiram essa informação a seus leitores durante
meses.
Outro
exemplo ilustrativo acontece com o metrô de São Paulo. Não
bastasse ser uma obra construída a passos inacreditavelmente lentos,
marcada por adiamentos reiterados, com direito a acidentes mortais
resultantes de parcerias público-privadas lesivas aos interesses
públicos, temos um histórico de denúncias de corrupção (caso
Alstom), licitações forjadas e afastamento de seu presidente pela
Justiça, que justificariam que nossos melhores jornalistas
investigativos se voltassem ao subsolo de São Paulo.
Agora
volta a discussão sobre o processo de privatização do governo FHC.
Na época, as denúncias de malversações se avolumaram, algumas
apresentadas por esta Folha. Mas vimos um festival de
"engavetamento" de pedidos de investigação pela
Procuradoria-Geral da União, assim como CPIs abortadas por manobras
regimentais ou sufocadas em seu nascedouro. Ou seja, nada foi, de
fato, investigado.
O
povo brasileiro tem o direito de saber o que realmente aconteceu na
venda de algumas de suas empresas mais importantes. Não é mais
possível vermos essa situação na qual uma exigência de
investigação concreta de corrupção é imediatamente vista por
alguns como expressão de interesses partidários. O Brasil será
melhor quando o ímpeto investigativo atingir a todos de maneira
simétrica.
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Parabéns de novo, Zé. Maravilha de página e de texto! Sem contar a gravidade das denúncias e a importância de se divulgar um livro deste calibre. Concordo contigo que o silêncio da "grande mídia" é revelador de uma conivência culpada. Aliás, a edição de segunda-feira, dia 26 de dezembro do jornal HOJE EM DIA foi genial, com aquela chamada "Casa vai cair" na primeira página e o título da sua matéria, apontando que "Silêncio dos envolvidos é confissão". Parabéns, parabéns por mais essa aula de jornalismo!
ResponderExcluirEstou aqui pasmada, professor! Que história de terror, hein? Tô boba! Já tinha ouvido falar desse livro, mas achei que fosse uma denúncia vazia, dessas sem fundamento que aparecem todo dia só para fazer oposição ao governo do PT. Seu blog me fez ver que a coisa é séria...
ResponderExcluirSerá que depois dessa alguém ainda vai ter coragem de acreditar no discurso vendido dos tucanos ou em uma linha da Veja, da Folha, do Globo, da Globo, do Estadão? Meu Deus!...
Agradeço de novo. Deus te guie sempre e ilumine, mestre. Beijos de gratidão eterna pela qualidade de seu trabalho e por esse blog fantástico. Só por essa página, já merecia um prêmio. Se for contar as outras então... Semióticas deve estar deixando envergonhados muitos "jornalistas" que não merecem esse título. Parabéns, sempre!
Ana Carolina Soares
Olá, José Orlando, parabéns pelo maravilhoso texto e também pelo blog, fantástico!!!
ResponderExcluirGrato pelo elogio, caríssimo anônimo. Mas da próxima seria melhor se você assinasse seu nome no final da mensagem, combinado?
ResponderExcluirAquele anúncio no alto da página dizendo que o blog Semióticas tem o objetivo de abordar sistemas de signos em Artes Visuais, Música, Fotografia, Cinema, Literatura, Ciência, Mitologia, Publicidade, Jornalismo, Design, Ecologia, Política etc... não tem nenhum exagero, José Antônio Orlando. Seu blog é o máximo, com tudo isso e muito mais. Parabéns pelo alto nível e pela beleza das escolhas. Nós, leitores, só temos a agradecer. Toda a boa sorte do mundo para você!
ResponderExcluirAline Maria Mendes
Seu blog é inteligente, corajoso e diferente, José. Sem ser panfletário, apresentou uma aula de jornalismo e de política. Parabéns, meu caro. Ah se todos fossem iguais a você...
ResponderExcluirRicardo Martins
Oi professor! Estou adorando o blog! Vc podia postar sobre Carmem Miranda e Aleijadinho. Sempre me lembro de suas aulas maravilhosas falando sobre dois brasileiros q nos enchem d orgulho! Abraços
ResponderExcluirCarla
Olá, José. Parabéns pelo blog e por essa página em especial. Já enviei o link do seu blog Semióticas para muitos amigos para ver se eles caem na real.
ResponderExcluirConcordo com o comentário de que o livro do Amaury marca o fim de uma era. E deixa eu confessar uma coisa: tenho vergonha de ter votado nos tucanos nos anos 90. Ah, se eu pudesse voltar no tempo... Mas antes tarde do que nunca, não é mesmo?
Seu blog é um show. Você está demonstrando que é um jornalista de primeira. De novo, parabéns, e obrigado pela generosidade em compartilhar conosco textos tão inspirados. Beijo para ti.
Preciso conhecer você pessoalmente. Estou enviando meu e-mail e telefone para o seu endereço semioticas@hotmail.com
Aguardo seu retorno.
Daniela de Souza
"Anônimo" diz: desculpe-me por não ter me identificado, mas é que tentei postar o comentário selecionando o perfil "wordpress", onde está hospedado o blog que venho editando, mas o sistema "não reconheceu" o endereço do blog, então, na pressa, acabei postando-o como "anônimo" mesmo e, quando vi, não havia me identificado... aqui é Carolina Brauer, do Blog da Brauer, quem inclusive acaba de se subscrever para receber em "primeira mão" todas as posteriores postagens... parabéns pela maravilha de blog, mais uma vez!!!
ResponderExcluirSalve, salve, Carolina Brauer. Não identifiquei mesmo seu comentário anterior mas mantive a mensagem, pelo que ela trouxe de alto astral. Já disse antes e repito: ter leitores como você já faz todo o esforço para criar o manter o blog ter valido a pena. Seja muito bem-vinda e estou muito grato pelos elogios. Seu blog também é o máximo, tanto que inclui na lista de postagens de outros blogs aqui na página. Beijo para ti e que o Ano Novo seja dos melhores!
ResponderExcluirPuxa vida, José Antônio!!!
ResponderExcluirMuito obrigada por tudo!!!
E sobre a Privataria Tucana, preciso dizer que ela faz o mensalão parecer brinquedo de criança (ei, Jefferson, ponha-se no seu devido lugar, Amaury Jr é o nosso legítimo “garganta profunda”!)...
mas, pior do que o mensalão e até mesmo do que a roubalheira empreendida pelos próprios “privatas do Caribe” é a parcialidade da nossa mídia, autorreferenciada e dotada de uma moralidade seletiva, que é movida por mesquinharias e pequenas de alma (o que acaba estimulando as pequenezas de alma das pessoas: preconceitos de cor, de classe, etc).
O Brasil merece saber da sua história e se confrontar com sua própria verdade. Descobrir, “de maneira chocante e até decepcionante, a dura realidade dos bastidores da política e do empresariado brasileiro, em conluio para roubar dinheiro público”, como nos lembra a contracapa do livro do Amaury. Deparar-se com o fato de que a mídia constrói realidades e molda muito do que somos, do que pensamos, das nossas opiniões - o livro do Amaury é uma excelente oportunidade para isso (e nem é preciso ser especialista em semiótica para se perceber isso!). Confrontar-se, por exemplo, com as atrocidades que fizemos com nosso próprio povo, que somos nós, também negros e índios, mas não só isso: confrontar-se com todas as situações que são fruto da nossa arrogância, do nosso egoísmo, da fossa falta de empatia e alteridade.
Outras nações assim o fizeram, como o povo alemão, que foi obrigado a acarear os horrores do Holocausto, sendo posto a enterrar corpos dos milhões de judeus mortos; como no processo de reconciliação do regime de apartheid da África do Sul, onde foi preciso haver as comissões da verdade, para que a grande maioria dos habitantes daquela nação, negros, vítimas da segregação racial institucionalizada pela minoria branca, pudessem simplesmente externalizar a sua dor (a esses tribunais da verdade não cabia punir, só "fazer ouvir"). Essas nações, decerto, ainda que sigam possuindo muitos problemas, subiram um degrau a mais em seus processos de desenvolvimento, crescimento e aprimoramento.
O “conhece-te a ti mesmo” socrático, o maior de todos os enigmas, e a busca do autoconhecimento não são "balela de gente à toa e/ou considerada 'esotérica'", assim como a Privataria Tucana não é somente “invenção que serve à pauta petista”. Conhecer a si próprio e saber dos processos históricos, dialéticos, que moldaram sua própria nação são ferramentas fundamentais a um povo que pretenda se desenvolver.
Até quando permaneceremos uma nação com medo da própria história, da própria verdade?
Anseio por esse dia, mas, até lá, iniciativas como a sua (e a minha por que não?), de produzir um blog que dissemine esse tipo de informação, que com certeza fazem-no gastar muito tempo e energia (que poderiam ser utilizados para suas demandas particulares), serão fundamentais.
Abraço,
Carolina.
"A privataria tucana" é um fato editorial de graves consequências. Não apenas por sua vendagem estrondosa - demonstração cabal de que, felizmente, hoje no Brasil, os grupos midiáticos tradicionais não detêm mais o monopólio da informação, uma vez que, cada vez mais, blogs e páginas pessoais passam a contribuir com a democratização da informação e do conhecimento, produzindo e fazendo circular conteúdos que são interditados pela "velha mídia" - mas, sobretudo, pelos desdobramentos políticos que podem ser desencadeados a partir dessa publicação. Repercutir "A privataria tucana" é, não apenas um gesto de coragem, mas, sobretudo, um ato de cidadania. Parabéns a este "Semióticas" por também romper com a constrangedora barreira de silêncio que os grandes veículos de comunicação deste país impuseram ao livro do jornalista Amaury Ribeiro Jr. Reitero: "A privataria tucana" não é apenas um fenômeno editorial. É, antes de tudo, um fato político. Talvez, o mais importante fato político dos últimos anos, pois, a partir de seu lançamento, está reaberta toda a discussão sobre as ilegalidades cometidas pelo governo FHC quando das privatizações que dilapidaram o patrimônio nacional. Que os desdobramentos dessas revelações fartamente documentadas ensejem as consequências que a sociedade brasileira espera: a responsabilização dos criminosos que integraram essa quadrilha que assaltou o Brasil durante a década de 1990.
ResponderExcluirGenial esta entrevista, José. O seu blog conseguiu fazer a melhor abordagem que vi até agora sobre A Privataria Tucana, contextualizando o livro do Amaury e a peleja que foi furar o bloqueio da "grande" imprensa. Agora só falta o Congresso Nacional abrir a CPI e os bandidos tucanos pagarem por suas falcatruas. Parabéns, meu caro. Seu trabalho é nota DEZ!...
ResponderExcluirEmmanuel Pessini
Quando li sobre a pesquisa absurda da Folha que coloca o Serra em primeiro lembrei do livro, PRIVATARIA TUCANA, que até hoje ele não respondeu, e dessa página fantástica entre outras de seu blog, José. Será que políticos vendidos como ele acham que nós, eleitores, somos idiotas? Parabéns de novo pelo blog e pela isenção das matérias e entrevistas. Até esta página, sobre as falcatruas do tucano-vampiro, conseguem ser equilibradas e jornalísticas - coisa que a maioria dos jornais e revistas e da imprensa em geral cada vez menos consegue. Parabéns, parabéns, José!
ResponderExcluirEsta sua página sobre A Privataria Tucana deveria ser impressa e distribuída hoje a todos os eleitores em todas as zonas eleitorais de São Paulo. Trabalho de alto nível. Parabéns, José. O futuro agradece.
ResponderExcluirElizabeth Barra
Novamente uma matéria de peso,sobre esse excelente livro que narra o escandaloso esquema de privatizações ocorridas,tirando do povo e os deixando as favas,Parabéns novamente José Antônio Orlando
ResponderExcluirAchei que fosse mais uma propaganda eleitoral, mas eu estava enganado. Ainda bem que vim conferir o link. Seu trabalho merece ser chamado pelo nome, meu querido José Antônio Orlando: trata-se de jornalismo, no seu nível mais sofisticado, ético e rigorosamente técnico, se é que posso dizer isso. Invejo seu talento. Seu blog é o máximo!
ResponderExcluirCláudio Dias Torres
Estou impressionado com esta reportagem. Hoje impera em jornais e revistas duas maiorias: uma é superficial e cor de rosa e ligeira e repetida ao infinito. Outra é virulenta, tendenciosa, mais propaganda que jornalismo. Seu trabalho aqui foge das duas e constrói um artigo que é o melhor que já encontrei sobre este assunto tão polêmico e tão urgente de apuração. Vontade de começar uma campanha para a punição destes bandidos. Forte abraço e parabéns!
ResponderExcluirBela reportagem, José. Mas fico perguntando, sem encontrar uma resposta: com tantas provas concretas, cadê a punição para pilantras como Serra e seus caciques tucanos?
Este estudo é magnífico, precisarei de alguns dias para assimilar tudo a que ele se reporta. Agora compreendo melhor o porquè de tanta celeuma em cima de temas como parada gay, por exemplo. Tudo tentativa de desviar as atenções do que realmente importa. Grata, Professor José Antonio. Grande abraço, sou sua fã e admiradora eterna.
ResponderExcluirLi o livro e fiquei impressionado. Parabéns por esse blog sensacional em tudo. Mas confesso que não consigo entender porque denúncias gravíssimas e com provas documentadas não levaram a perda de mandatos de pilantras como José Serra e tantos políticos do PSDB envolvidos nos escândalos. Ficaram livres de punição, levaram o Brasil para o abismo do golpe de 2016 e agora vivemos no impasse e eles continuam livres e sem punição. Realmente, como dizia o mestre Tom Jobim, o Brasil não é para principiantes...
ResponderExcluirMarcos Aguiar
História indispensável.
ResponderExcluirEstou apaixonada por este blog Semióticas.
Parabéns pelo alto nível.
Priscila Maria de Holanda