Os
sobreviventes Paul McCartney e Ringo Starr já assopraram as
velinhas porque os Beatles ultrapassaram mais de seis décadas de História, mas o turbilhão de material inédito sobre os quatro rapazes de Liverpool parece não ter fim, incluindo gravações de áudio e vídeo, filmes, entrevistas e fotografias e mais fotografias nunca antes reveladas. O fenômeno de popularidade mundial permanece, muito além do que qualquer um poderia prever quando a banda começou, em 1960, com a formação inicial de John
Lennon, McCartney, George Harrison, Stuart Sutcliffe (baixo) e Pete
Best (bateria). A data oficial de origem da lendária beatlemania
foi marcada no dia 6 de junho de 1962, quando Lennon (guitarra
rítmica e vocal), McCartney (baixo e vocal), Harrison (guitarra solo
e vocal) e Ringo Starr (bateria e vocal) fizeram juntos a primeira
sessão de gravação para a EMI no famoso Abbey Road Studios, no norte
de Londres. Desde então, há bem mais de meio século, a beatlemania nunca saiu de cena e continua em destaque em todos os panoramas da música e da cultura pop.
Canções, turnês, discos, filmes, entrevistas, depoimentos e polêmicas da invasão mundial
capitaneada pelos quatro de Liverpool ainda ecoam e mobilizam seus milhões de fãs, com o incentivo generoso de mais lançamentos e novidades. As mais recentes incluem documentários
com cenas nunca vistas, novas versões das gravações clássicas e
muitas imagens raras e inéditas. Entre as novidades estão os livros ilustrados “The Beatles are here” (Algonquin Books), organizado por Penelope Rowlands, que reuniu uma extensa coleção de fotografias inéditas e artigos também inéditos de personalidades como Gay Talese, Lisa See, Renée Fleming, Billy Joel, Henry Grossman, entre uma centena de outros escritores, músicos e fotógrafos que revelam suas lembranças sobre a primeira turnê dos Beatles na América, em 1964, e também “The
Beatles: On the Road 1964-1966” (Taschen), que reúne uma imensa coleção de
imagens em preto e branco, na grande maioria inéditas, que cobre os
três primeiros anos de turnês mundiais da mais popular de todas as
bandas de rock, ou, como os beatlemaníacos preferem
dizer: a maior banda que já caminhou pela Terra.
Também
estão anunciados novos projetos dos Beatles para cinema: há o lançamento de uma nova versão do filme de
animação “Yellow Submarine” (1968), dirigido por George Dunning
e inspirado na pop art de Andy Warhol, e alguns documentários com imagens inéditas, entre eles “What's Happening!”, dos irmãos David e Albert
Maysles, que flagraram, nos idos de 1964, os bastidores e a histeria
de fãs na primeira visita dos Beatles aos Estados Unidos; “The
Beatles: The Concert Lost”, que registra o primeiro show na América
e foi exibido em 1964 nos cinemas, mas que estava desaparecido desde
aquela época; e “The Beatles: Eight Days a Week - The Touring
Years”, com roteiro e direção do veterano cineasta Ron
Howard e que vai apresentar pela primeira vez as imagens, que permaneceram inéditas por mais de 50 anos, que incluem a estreia do
grupo com o nome The Beatles, no Cavern Club de Londres, em 1962, e os bastidores do show no Shea Stadium, em Nova York, em 1965. O projeto mais ambicioso, porém, está a cargo de Peter Jackson, conhecido pelas superproduções como "O Senhor do Aneis": ele vai transformar em documentário as cerca de 60 horas inéditas de filmagens feitas com os quatro Beatles durante as gravações do último álbum, "Let It Be". O projeto de Peter Jackson tem o título "Get Back".
“The
Beatles: Eight Days a Week”, é o projeto mais ambicioso, com
estreia prevista para 2016, e vai incluir, nas
três horas de duração prevista, depoimentos recentes, também inéditos
e polêmicos, de Paul McCartney e Ringo Starr, bem como de Yoko
Ono e Olivia Harrison, viúvas de John Lennon e George
Harrison. Já “The Beatles: The Concert Lost” tem
duração de 92 minutos e mostra o nascimento da beatlemania, com a
apresentação na íntegra do lendário primeiro show que a banda realizou em 1964 em território norte-americano, no Coliseu de Washington.
Assim
como o documentário dos irmãos Maysles, "The Concert
Lost" registra as performances dos garotos de Liverpool e o
público que vai ao delírio com “She Loves You” e “Twist and
Shout”, entre outros sucessos que fizeram história. Um mês depois
das filmagens, em 1964, o filme chegou a ser exibido nos cinemas e
reuniu mais de dois milhões de espectadores. Mesmo com o sucesso, o
filme original desapareceu misteriosamente e só foi recuperado no
final de 2011, pela Screenvision, que restaurou o material e agora
prepara um lançamento mundial com pompa e circunstância e a certeza de milhões de dólares em faturamento.
Além
dos filmes que chegam aos cinemas, há ainda novidades reveladas com
os vários e recentes leilões de objetos pessoais, gravações
inéditas dos quatro em filmes domésticos, gravações de
videoclipes e material publicitário que por algum motivo não
foram lançados e milhares de fotografias raras dos quatro
Beatles, que movimentaram pequenas fortunas e atiçaram a cobiça de
colecionadores no mundo inteiro. Entre as fotos, a mais extensa
coleção de inéditas está reunida em “The Beatles: On the Road
1964-1966”, lançamento da Taschen. Trata-se do acervo do
fotógrafo Harry Benson, que era um amigo próximo do grupo
e passou anos viajando com eles. A primeira passagem dos Beatles
pelos EUA, as cenas de bastidores da gravação do filme “A Hard
Day's Night” (1964), a gravação da banda no programa de TV de Ed
Sullivan e até o exato momento quando John Lennon disse que "os
Beatles eram mais famosos do que Jesus Cristo" estão nas
fotografias do livro.
Segundo
Harry Benson, seu livro traz a coleção definitiva de imagens dos
Beatles. “Essas fotos cobrem um período muito feliz, para eles e
para mim", comenta o fotógrafo no prefácio do livro. "No
fim, tudo se resume à música. Sem dúvida eles foram a maior banda
do século 20 e é exatamente por isso que essas fotos são tão
importantes". O livro ainda não tem edição nacional
programada, mas a primeira edição em inglês, com 1.764 cópias
numeradas e autografadas por Benson, já está esgotada, menos de um
mês depois do lançamento, apesar de custar nada menos que US$ 600.
Cruzando
Abbey Road
Além
do livro de Harry Benson, uma das últimas novidades é uma fotografia rara, autografada pelos quatro Beatles, que registra o grupo atravessando a faixa de pedestres na esquina de Abbey Road,
no bairro londrino St. John's Wood, que foi vendida por 16 mil libras
em um leilão em Londres no dia 22 de maio na casa Bloomsbury
Auctions. Um detalhe curioso: ao contrário da versão oficial que
estampou “Abbey Road” (1969), penúltimo disco do grupo, esta
foto que foi a leilão mostra o quarteto cruzando a rua da direita
para a esquerda da imagem, que é uma das seis variações da primeira sequência do grupo naquela que é considerada uma das poses mais emblemáticas da história da cultura pop, de autoria do fotógrafo Iain Macmillan.
Beatles
na América, em 1964,
retratados
por Harry Benson em um
passeio
na praia em Miami Beach; no
programa de
TV do lendário Ed Sullivan; e fazendo uma batalha de travesseiros no quarto do Hotel George V, em Paris, também em 1964, fotografia eleita por Harry Benson como sua melhor foto em décadas de carreira.
Abaixo,
a célebre sequência de fotografias de Iain
Macmillan na esquina de Abbey
Road, em Londres. A quinta fotografia, a partir da esquerda, da série de seis, seria a imagem escolhida para a capa de Abbey Road, penúltimo álbum dos Beatles. Também abaixo, as fotos de Linda McCartney nos bastidores daquela lendária tarde com os Beatles na esquina de Abbey Road |
A
rápida sessão de fotos em Abbey Road durou cerca de 10 minutos e foi feita em 8 de agosto de
1969. Enquanto um policial parava o trânsito, o fotógrafo Iain
Macmillan, contratado porque era amigo de Yoko Ono, imortalizava
a cena com John, Ringo, Paul e George cruzando a rua. Macmillan, em
cima de uma escada, teve 10 minutos para fazer o ensaio e, ao que se
sabe, registrou apenas uma dúzia de fotos dos quatro aguardando o
momento da travessia e caminhando pela faixa de pedestres.
Na
foto que agora foi a leilão, o sentido da caminhada está alterado, da
direita para a esquerda, mas a ordem sequencial dos quatro não foi
alterada em relação à imagem da capa do disco. Porém, há
diferenças: Paul está usando sandálias (na foto oficial,
ele está descalço) e não se vê nenhum cigarro em suas mãos. Os
carros que ilustram a foto original na capa do disco de 1969 também
não aparecem nesta versão.
A
foto que estampou a capa do álbum “Abbey Road” ainda hoje é imitada por milhares de fãs em suas
viagens a Londres. Segundo uma lenda da beatlemania, a foto também
indicava que Paul estaria morto, vítima de um acidente de carro em
1966. Há algumas “pistas” que deram força ao rumor: na foto,
Paul está descalço (segundo ele, naquele dia fazia muito calor) e
fora de passo com os outros. Paul está de olhos fechados, tem o
cigarro na mão direita, apesar de ser canhoto, e a placa do fusca
(em inglês, "beetle") estacionado é "LMW",
referindo-se às iniciais de "Linda McCartney Widow" ou
"Linda McCartney Viúva" e abaixo o "281F",
referindo-se ao fato de que Paul teria 28 anos se (“if” em
inglês) estivesse vivo.
|
Há
ainda um contra-argumento de que Paul tinha somente 27 anos no
momento do lançamento de Abbey Road – mas isso também reforça
outra lenda, a de que Paul estaria incluído no “Clube dos 27”,
como outros grandes artistas, poetas e astros do rock que morreram
nesta idade. Os quatro Beatles na capa, segundo o mito "Paul
está morto", representam o Padre (John, cabelos compridos e
barba, vestido de branco), o responsável pelo funeral (Ringo, de
terno preto), o Cadáver (Paul, de terno, mas descalço, como um
cadáver em um caixão), e o coveiro (George, em jeans e uma camisa
de trabalho).
Além
disso há um outro carro estacionado, de cor preta, de um modelo
usado para funerais e eles andam em direção a um cemitério próximo
a Abbey Road. Na foto também é possível perceber que somente atrás
de Paul há um carro, como se o carro tivesse passado pelo mesmo
lugar em que ele está. Outra suposta pista da “morte” de Paul
seria que, na contracapa do álbum, ao lado esquerdo da palavra
Beatles, há oito pontos formando o número três (sendo, então,
somente "três Beatles"). As evidências sobre a lenda e
belas canções renderam um sucesso comercial imbatível a “Abbey
Road”, que há mais de 40 anos se mantém como o álbum mais
vendido dos Beatles.
. |
Penúltimo
depois do último
A
venda da fotografia dos Beatles cruzando Abbey Road “ao contrário”
é o segundo leilão de fotos raras dos Beatles em menos de um mês.
Em abril, duas imagens em preto e branco de John Lennon e Yoko
Ono posando nus foram vendidas em outro leilão muito disputado
na casa Duke de Dorchester, sul da Inglaterra. O vendedor, que não
quis ser identificado, declarou à casa de leilões que encontrou as
fotos no sótão da casa de sua mãe após ela ter morrido.
Registradas por John e Yoko com um temporizador, as fotos ilustram a
capa do álbum “Unfinished Music No. 1: Two Virgins”, que o
casal gravou em 1968.
“Abbey
Road”, o 12° álbum lançado pelos Beatles, é um acontecimento
desde que chegou às lojas, em 26 de setembro de 1969. Apesar de
ter sido o penúltimo álbum lançado pela banda, foi o último a ser
gravado e é considerado um dos melhores e mais cuidadosamente
produzidos, comparável somente a “Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club
Band”. A estrutura de “Abbey Road” é um primor e, segundo os
biógrafos dos Beatles, além do uso de novos recursos tecnológicos
que estavam surgindo na época, como o sintetizador Moog, os
desentendimentos e as visões discordantes dos integrantes da banda
só contribuíram para a riqueza da criação final.
Também
foi em “Abbey Road” que George Harrison se firmou como um
compositor de primeira linha. Após anos vivendo sob a sombra de
Lennon e McCartney, ele finalmente emplacou dois grandes sucessos com
este álbum: “Here Comes the Sun” e “Something“. Ambas foram
regravadas incessantemente ao longo dos anos e “Something” foi
apontada em uma pesquisa recente da revista “Time” como a melhor
música de “Abbey Road” e a segunda música mais interpretada no
mundo, atrás somente de “Yesterday“, também dos Beatles.
Entre
os tributos à beatlemania também está em destaque a coleção do
selo Discobertas do carioca Marcelo Fróes, que já foi chamado de
Indiana Jones da música brasileira pelo seu trabalho intensivo de
arqueologia nos arquivos dos estúdios das gravadoras brasileiras.
Nome de destaque no meio musical, Fróes lançou um presente dos
sonhos para os fãs dos Beatles:um conjunto de três discos em que
bandas, cantores e cantoras nacionais apresentam versões livres e
inéditas para as canções que os quatro rapazes de Liverpool
gravaram ou criaram em 1969 – ano de lançamento do legendário
“Abbey Road”.
Outro lado de
Abbey Road
Fã
e colecionador dos Beatles desde a infância, Marcelo Fróes reúne
três de suas paixões com o projeto “Abbey Road” – a música
brasileira, as canções dos Beatles e o resgate de pérolas e
preciosidades esquecidas em antigos arquivos. Os três CDs,
intitulados “Beatles’69” e com subtítulos “Get Back –De
Volta aos Beatles”,“Abbey Road Revisited” e “O Outro Lado da
Abbey Road”, reúnem mais de 60 novas gravações produzidas entre
janeiro e julho de 2009, todas em inglês.
Com
belo projeto gráfico, a cargo de Ricardo Leite e da Crama Design, os
CDs trazem nas capas fotografias de Kenjo Mayama registradas na
esquina de Abbey Road, em Londres, a mesma que tornou-se ponto de
peregrinação para beatlemaníacos do mundo inteiro. Nas versões do
primeiro CD, nomes que vão de Capital Inicial (“Don’t Let me
Down”) e Jota Quest (“Get Back”) a Fagner (“The Long and
Winding Road”) e Maria Gadu (“Let It Down”) resgatam o
repertório de “Get Back” – projeto gravado em janeiro e
fevereiro de 1969 pelos Beatles e só lançado em 1970, quando a
banda oficializou a separação.
O
segundo disco,“O Outro Lado da Abbey Road”, traz canções dos
Beatles do disco homônimo, de 1969, em versões de Kleiton &
Kledir (“Every Night”), Mallu Magalhães (“How D’You Do”),
Lafayette & Os Tremendões (“I Lost My Little Girl”), Zé
Ramalho (“Because I Know You Love me So”) e Sérgio Reis (“Behind
That Locked Door”), entre outras. O terceiro, “Abbey Road
Revisited”, traz as músicas feitas pelo grupo em 1969, mas que não
chegaram a ser gravadas e foram para os primeiros discos solo de cada
um dos quatro. Destaque absoluto para o “dueto eletrônico” entre
Milton Nascimento e Elis Regina na suíte que reúne “Golden
Slumbers”, “Carry That Weight” e “The End”.
Em
1971, no disco “Ela”, com produção de Nelson Motta, Elis gravou
as três canções dos Beatles, que receberam agora acréscimo da
participação especial de Milton, com produção inspirada de
Marcelo Fróes e Clemente Magalhães. “Todo mundo curtiu fazer. E o
Milton também ficou muito emocionado. O canal de voz de Elis estava
isolado na fita matriz de quatro canais de 1971, então foi possível
tratá-lo e a voz dela soa tão cristalina e atual quanto a que
Milton gravou agora”, destacou Fróes na entrevista que fiz com ele
na época da comemoração dos 40 anos de “Abbey Road”.
Segundo
o produtor, o “dueto eletrônico” entre Milton e Elis foi uma
experiência grandiosa. “Foi um dueto perfeito, com um arranjo
elegante e até adição de arranjo de cordas. Ficou à altura de
Elis e Milton, à altura dos Beatles, à altura da canção e à
altura do que o público merece ouvir”. Além das canções com
Milton e Elis, outras faixas dos três CDS do projeto “Abbey Road”
reservam surpresas, como as participações especiais de Joyce (que
recriou “Here Comes the Sun”), Roberto Frejat (“Oh! Darling”),
Flávio Venturini & Aggeu Marques (“Something”) e Detonautas
Roque Clube (“Come Together”), entre vários outros.
“Tem
muita coisa surpreendente”, destacou Fróes. “João Donato &
Paula Morelenbaum em ‘Mean Mr. Mustard’, por exemplo, é algo
único. A versão dos Beatles tinha poucos segundos”. Sobre a
discografia dos Beatles, Fróes fez uma revelação surpreendente:
“Abbey Road” não é seu preferido. “Meu favorito é o ‘Álbum
Branco’, embora eu ouça mais o 'Abbey Road', que acaba sendo o
segundo mais importante pra mim. O ‘Álbum Branco’ é
maravilhoso, levanta o astral de qualquer pessoa, mas é um disco
longo e que exige tempo pra curtir”.
Mas
o que ouve um produtor musical no dia a dia? “Eu não uso música
como fundo para nada, se coloco um disco é pra ouvir. O ‘Álbum
Branco’ nunca emplacou nenhum hit nas rádios na época – por
mais que ‘While My Guitar Gently Weeps’ e ‘Back In The USSR’
sejam clássicos dos Beatles até hoje”. Segundo Fróes, os Beatles
foram a maior de suas influências. “Posso dizer que foi a maior
referência que tive na vida, independente de ficar ou não ouvindo
discos ou usando camisetas da banda. É algo que norteou o desenrolar
da minha vida profissional e que me trouxe até aqui”, confessa.
“Faço
muita coisa com música brasileira, o tempo todo, mas volta e meia
curto fazer algum projeto com a música dos Beatles”. Os três CDs
do projeto “Beatles 69” chegaram ao mercado pelo selo
“Discobertas”, criação de Fróes que também lançou inéditos
de Zé Ramalho, Jackson do Pandeiro e Renato Russo, entre vários
outros. Autor de livros como “Bob Dylan por Ele Mesmo” e
“Jovem Guarda em Ritmo de aventura”, grande conhecedor do
repertório dos Beatles e da cena musical brasileira, Fróes teve um
antecedente bem sucedido para “Beatles 69” em 2008: o projeto de
CDs que marcou os 40 anos do “Álbum Branco” dos Beatles.
Assim
como o tributo a “Abbey Road”, o projeto de 2008 reunia artistas
diversos, com versões dos Beatles por Zé Ramalho, Cachorro Grande,
Pato Fu, Flávio Venturini, Raimundo Fagner, Lobão, Paulo Ricardo,
Zélia Duncan e outros. “Na maioria dos casos procurei os
intérpretes que se encaixassem bem nas canções", recorda Fróes. “Mas também houve
caso de ter que encontrar a música que se encaixasse melhor a este ou aquele determinado
artista. E também houve um ou outro caso de artista que escolheu sua canção”.
Depois
desta entrevista o selo de Marcelo Fróes lançaria vários outros
projetos dedicados aos Beatles, entre eles os dois CDs “Beatles'
67”, com bandas nacionais em novas versões das canções que os
quatro de Liverpool dos Beatles que eles gravaram durante o ano de
1967 (o primeiro volume da série foi dedicado a "Sgt. Pepper's
Lonely Hearts Club Band" e o segundo volume às canções
lançadas no "Magical Mystery Tour", alem de outtakes e
faixas mais tarde usadas nos discos solo dos ex-Beatles), e mais dois
CDs que homenageiam “Let It Be”, derradeiro álbum lançado
pelos Beatles. Confira alguns trechos da entrevista.
O
que foi mais difícil: reunir tantos nomes importantes para o projeto
“Abbey Road” ou conseguir autorização para gravar os Beatles?
Marcelo
Fróes – Reunir mais de 60 artistas, bandas e produtores
num projeto como este, em apenas seis meses de produção, realmente
foi uma gincana, mas não me lembro de ter sido “difícil”. Foi
emocionante descobrir as canções inéditas e aguardar até meu
pedido de autorização para gravação ser finalmente atendido. Este
projeto traz coisas preciosas, como as canções inéditas gravadas
em disco pela primeira vez no mundo. São elas “Suzy
Parker”,“Taking a Trip To Carolina”, “How D’You Do”,
“Fancy My Chances With You” e “Because I Know You Love Me So”.
Elas foram apenas ensaiadas pelos Beatles, mas jamais gravadas em
disco por eles ou qualquer outro artista ou banda.
Entre
as mais de 60 canções de “Beatles’69”, quais você destaca e
por quê?
Destaco
as inéditas e, é claro, a produção do dueto de Elis Regina e
Milton Nascimento, que foi uma das coisas mais importantes que já
idealizei e consegui por em prática. Devo retornar à experiência
no futuro, mas no momento não posso falar a respeito – até por
questões contratuais. Mas teremos muitas surpresas em breve.
E
os Beatles virarem conteúdo de videogame? Você aprova?
Eu
acho que sim, porque com a banalização do áudio, seja por download
de MP3, seja pela facilidade de cópia digital de CDs, é fundamental
que se tenha alguma coisa a mais para se justificar as vendas e a
permanência no repertório na mídia. A música, para girar como
conteúdo, tem que estar lado a lado com outros bens de consumo.
Você
tem outro projeto relacionado aos Beatles?
Acabo
de lançar pelo selo Discobertas a trilogia “4ever – Os Beatles
por seus amigos”, com as gravações originais das canções que
Lennon e McCartney fizeram para Gerry and The Pacemakers, Cilla
Black, The Fourmost, Billy J. Kramer etc, todos eles eram contratados
do empresário Brian Epstein e produzidos por George Martin, e
ganhavam canções inéditas que John e Paul faziam e os Beatles nem
gravavam. É a primeira vez que este material é compilado com
gravações originais e a melhor masterização. É fundamental para
o fã dos Beatles que quer tudo, e certamente um belo complemento
para a discografia da banda.
por José
Antônio Orlando.
Como
citar:
ORLANDO,
José Antônio. Beatles em Abbey Road. In: Blog
Semióticas,
28 de maio de 2012. Disponível no link
http://semioticas1.blogspot.com/2012/05/travessia-em-abbey-road.html
(acessado em .../.../…).
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