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23 de setembro de 2024

Sobre Fredric Jameson





Os últimos anos foram marcados por um milenarismo invertido em que 

todo pensamento sobre o futuro, catastrófico ou redentor, foi substituído 

por sentidos do fim deste ou daquele sistema: o fim da ideologia, da 

história, da arte, da luta de classes, da social-democracia ou do estado 

de bem-estar social, etc., etc., etc.; em conjunto, todos estes “finais” 

talvez constituam o que vem sendo chamado de pós-modernismo. 

–– Fredric Jameson.  




Para muitos, Fredric Jameson, que morreu ontem (22 de setembro), aos 90 anos, foi um dos mais importantes e mais influentes pensadores de nossa época. Autor de referência em um vasto espectro bibliográfico das Ciências Humanas, da Sociologia à História, das Comunicações às Ciências Políticas, das Letras à Filosofia, Jameson foi brilhante em várias frentes, como crítico literário, como crítico cultural e como teórico marxista. Suas ideias, seus livros e seus ensaios talvez sobrevivam pelas próximas décadas em destaque.

Tive a sorte de entrevistá-lo há exatamente duas décadas, em 2004, em sua passagem por Belo Horizonte, onde participou como conferencista em um seminário internacional promovido pela UFMG. Na realização da entrevista, fui acompanhado por duas autoridades, as professoras da Faculdade de Letras da universidade Eneida Maria de Souza, leitora contumaz da obra de Jameson e também conferencista no mesmo evento, e Ana Lúcia Gazzola, uma de suas tradutoras e, na época, reitora da UFMG.

Na entrevista, publicada pelo jornal O Tempo, Jameson comentou sobre suas surpresas com o Brasil e, com muito bom humor e ironia, sobre algumas diferenças peculiares que descobriu de Minas Gerais com o Rio de Janeiro, com São Paulo e com o Rio Grande do Sul, que ele também visitou naqueles dias. Falou sobre a gastronomia, sobre a música que ouvia nas ruas, sobre o repertório eclético de seus ouvintes nas conferências e sua expectativa para visitar os cenários barrocos de Ouro Preto e o Adro dos Profetas do Aleijadinho em Congonhas, que ele conhecia de longa data por fotografias. Também falou com muito otimismo sobre as expectativas para um primeiro governo de esquerda no Brasil – o presidente Lula havia sido eleito para o primeiro mandato e estava no cargo há pouco mais de um ano.










Sobre Fredric Jameson: no alto, Jameson na sala de aula,

na Duke University, em 1988. Acima, na Sala São Paulo,

em 2011, convidado como conferencista do simpósio

internacional Fronteiras do Pensamento. Abaixo,

reprodução da capa do último livro de Jameson,

"Inventions of a present", publicado em maio

pela Verso Editions. Nas imagens abaixo, Jameson

no Fronteiras do Pensamento em São Paulo

 




O futuro do capitalismo


A entrevista durou cerca de uma hora, no intervalo após o almoço típico da cozinha mineira. Jameson demonstrou ser um brasilianista – um conhecedor da cultura e da literatura brasileira, com avaliações e comparações sobre algumas notícias que viu em destaque na imprensa e sobre os filmes “Cabra Marcado para Morrer”, de Eduardo Coutinho, “Terra em Transe” e “Deus e o Diabo na Terra do Sol”, de Glauber Rocha, e também Machado de Assis, Jorge Amado, Guimarães Rosa, Clarice Lispector, canções da Bossa Nova e do Tropicalismo.

Concluímos a entrevista com um questionamento sobre o futuro do capitalismo e sobre o cenário de guerra que estava no horizonte – os eventos de 11 de setembro de 2001 ainda eram história recente e uma questão inevitável a ser abordada. Jameson foi pessimista nas previsões, mas ressaltou alguma promessa de felicidade nos rumos da arte e da literatura, na maneira como arte e literatura sempre colocam em primeiro plano não as soluções ocasionais para um problema, mas as grandes contradições de uma época, o que sempre vem possibilitar, para os estudos acadêmicos e para o exercício do pensamento crítico, “o salto de um tigre em direção ao passado e em direção ao entendimento do tempo presente”.








Nas expectativas sobre o futuro também estavam, segundo Jameson, as previsões para um novo ciclo de democracia e de desenvolvimento para os países da América Latina, que pela primeira vez, depois de décadas, estavam deixando para trás regimes autoritários e ditaduras militares. Quanto ao progresso econômico e à superação dos abismos na distribuição de renda, no entanto, suas expectativas eram reticentes, ainda que bastante realistas e bem fundamentadas. Progresso sim, ele reconhecia, mas com certeza um progresso caminhando a passos lentos e pontuados de incerteza. Nas palavras de Jameson: seria mais fácil imaginar o fim do mundo do que o fim do capitalismo.


A invenção do presente


O livro mais recente de Jameson também aborda este “salto do tigre” em direção ao passado. Inventions of a Present: The Novel in Its Crisis of Globalization (Invenções de um presente: o romance em sua crise de globalização), com título retirado de uma epígrafe de Mallarmé, foi lançado em maio pela Verso Editions de Londres e Nova York. Ainda sem publicação no Brasil, traz uma coletânea de ensaios sobre livros e autores – sobre romances, como indica o subtítulo, e sobre autores recorrentes nas reflexões de Jameson, tais como Joseph Conrad, Henry James, Norman Mailer, Margaret Atwood, Günter Grass, Gabriel García Márquez e outros.








No Brasil, a extensa obra de Jameson (com cerca de 30 livros em inglês) tem alguns poucos títulos editados em uma variedade de editoras. Dos mais recentes, Arqueologias do futuro: O desejo chamado Utopia e outras ficções científicas saiu em 2021 pela Editora Autêntica. Um dos mais conhecidos, Pós-Modernismo – A lógica cultural do capitalismo tardio, saiu em 1997 pela Editora Ática, que também publicou outros dois livros centrais no pensamento autor, O inconsciente político, em 1992, e As sementes do tempo em 2008.

Outras edições nacionais são Espaço e imagem: teorias do pós-moderno e outros ensaios, que saiu em 2006 pela Editora da UFRJ; As marcas do visível, que saiu em 1995 pela Editora Graal e foi reeditado em 2007 pela Editora Paz e Terra; e Modernidade singular, editado em 2005 pela Editora Civilização Brasileira, que também publicou em 2006 A virada cultural. Em 2001 foi lançado A cultura do dinheiro pela Editora Vozes. Em 1997, O marxismo tardio: Adorno, ou a persistência da dialética foi publicado em edição conjunta da Editora UNESP e da Boitempo Editorial.


A utopia de pensar o futuro


Há também o primeiro livro de Jameson lançado no Brasil, Marxismo e forma: teorias dialéticas da literatura no século XX, publicado pela Editora Hucitec em 1985, além de ensaios dispersos em coletâneas e publicações científicas. A grande maioria dos livros que Jameson publicou, contudo, permanece inédita em português, entre eles seus célebres estudos sobre autores que estão na gênese de seu pensamento crítico – como Jean-Paul Sartre (Sartre: The origins of a style), Walter Benjamin (Benjamin filles) e Bertolt Brecht (Brecht and method).







O legado de Jameson é inegável e também incontornável. Ao retomar pressupostos de pensadores que vieram antes dele, e também de seus contemporâneos, ele atualizou a perspectiva utópica de pensar o futuro sob o prisma da transformação social e cultural. Quando suas ideias e seus livros começaram a ganhar destaque, na década de 1970, a novidade de Jameson estava, principalmente, no reconhecimento das múltiplas camadas do texto literário (e também do cinema e de outras formas narrativas). Tal novidade pode ser percebida ainda hoje na leitura de sua primeira publicação de destaque, Marxismo e forma, de 1971. O livro, que surge no contexto da Nova Esquerda dos EUA, apresenta uma revisão ousada, e também didática, sobre as contribuições da tradição de crítica cultural marxista da Europa, incluindo Lukács, Adorno, Benjamin, Bloch, Marcuse, Sartre e outros autores que, naquele momento histórico, também eram lançados no ambiente acadêmico brasileiro.

As circunstâncias históricas e o contexto social de um texto (ou de uma narrativa, ou de um determinado objeto estético), da mesma maneira que seu conteúdo, nas análises de Jameson direcionam a interpretação, seja em uma abordagem sobre uma obra canônica da literatura ou sobre gêneros e autores raramente estudados no contexto acadêmico, desde a ficção científica até histórias policiais de Raymond Chandler ou filmes que escapam ao gosto da crítica tradicional ou do senso comum. Mesmo diante da cultura de massa e das formas que a crítica considera degradadas na cultura contemporânea, como o cinema mais comercial ou obras voltadas para o entretenimento, as armas da dialética marxista estão, para Jameson, a serviço de análises que evidenciam profundas contradições formais, contribuindo para revelar aspectos férteis para uma utopia de transformação ou para o surgimento de algum senso crítico no público ou no leitor.








A formulação de alternativas


Nascido em Cleveland, Ohio, em 1934, com doutorado em Yale, em 1959, e desde 1985 professor na Duke University, Carolina no Norte, Jameson tornou-se um teórico central em abordagens sobre marxismo, modernismo, pós-modernismo e aproximações entre literatura e outras artes. De sua tese inaugural, sobre a literatura de Sartre, às discussões críticas sobre arquitetura, filmes, artes visuais, autores de ficção ou trabalhos estritamente filosóficos, as questões teóricas sobre ideologia e modernismo que Jameson aborda quase sempre vêm revelar as contradições do capitalismo. Pelas diretrizes e conclusões de suas análises, o leitor entende como as formas culturais refletem e participam da dinâmica histórica do poder e das ligações inevitáveis entre política, economia e cultura. Conforme Jameson ressalta, as formas culturais são determinadas por modos de produção que são resultado de escolhas históricas, mas que não são eternas. Sempre é possível mudar tudo.

Estas ligações inevitáveis entre política, economia e cultura dimensionam a tese que resume sua obra mais famosa, Pós-Modernismo – A lógica cultural do capitalismo tardio, de 1991. No livro, Jameson, com seus argumentos sempre questionadores e inconformistas, introduz o conceito de pós-modernismo como uma fase histórica, e não um estilo, ligada ao capitalismo tardio, argumentando que a fragmentação e a superficialidade da cultura contemporânea não são apenas estratégias de alienação: elas são, na verdade, sintomas das transformações políticas e econômicas do mundo globalizado. Talvez por isso a grande urgência para o pensamento crítico que Jameson propõe esteja na formulação de alternativas, diante do caos ou diante da complexidade, para desmascarar e transformar as estruturas de poder que dominam e condicionam a cultura contemporânea.


por José Antônio Orlando.

Como citar:

ORLANDO, José Antônio. Sobre Fredric Jameson. In: Blog Semióticas, 23 de setembro de 2024. Disponível em: https://semioticas1.blogspot.com/2024/09/sobre-fredric-jameson.html (acessado em .../.../…).


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Fredric Jameson homenageado em colagem de Matthieu Bourel.

Abaixo, a íntegra de uma conferência de Jameson
 
no simpósio Fronteiras do Pensamento













 

11 de novembro de 2021

Cenas da Era do Rock

 




Saxum volutum non obducitur musco.      

    A rolling stone does not gather moss”. 

(Pedra que muito se move não junta musgo.)       

–– Publius Syrus (século 1° antes de Cristo).      



São fetiches para garantir a felicidade de muitas legiões de fãs: uma coleção de centenas de fotografias de grandes astros e estrelas da Era do Rock, que permaneciam inéditas desde as décadas de 1960 e início de 1970, e que só agora reveladas ao público. Trata-se do acervo do fotógrafo inglês Alec Byrne, que desde o final dos anos 1960 cobriu a cena cultural de Londres e acompanhou a trajetória de shows e entrevistas de bandas e músicos britânicos lendários como The Beatles, Rolling Stones, Led Zeppelin, The Who, David Bowie, e também artistas de outros países que se apresentavam em Londres, incluindo Chuck Berry, Bob Dylan, Bob Marley, Jimi Hendrix, The Doors, Tina Turner, Aretha Franklin, Abba, Cat Stevens e muitos mais. Depois de mais de 50 anos, Alec Byrne revela seu acervo inédito no livro “London Rock: The Unseen Archive”, um catálogo de belas e surpreendentes imagens da Era do Rock.

Não foi intencional manter as fotografias inéditas por tanto tempo – como revela Alec Byrne na apresentação ao livro. Na verdade todas as imagens ficaram esquecidas em uma caixa nos fundos da garagem da casa onde o fotógrafo morou durante décadas em Los Angeles (EUA) e sobreviveram a incêndios e a inundações que destruíram milhares de outras imagens de sua coleção. Descobertas por ele próprio recentemente, quase por acaso, imediatamente foram digitalizadas, selecionadas e tratadas em photoshop e depois apresentadas à imprensa pelo próprio fotógrafo. Em seguida vieram eventos e shows para apresentação ao público no museu Rock and Rook Hall of Fame em Cleveland, Ohio, e no festival South By Southwest em Austin, Texas, além de uma exposição na National Portrait Gallery em Londres. Agora, finalmente, a seleção de imagens de Alec Byrne ganha publicação no livro de 254 páginas, na verdade um catálogo de luxo em lançamento da Insight Editions de Londres.






                             



Cenas da Era do Rock: no alto, o fotógrafo
Alec Byrne em autorretrato, no final da década
de 1960. Acima, a capa original de "London Rock",
livro de fotografias que reúne imagens que estavam
inéditas há mais de 50 anos, e Alec Byrne fotografado
trabalhando em seu estúdio em Los Angeles.

Abaixo, uma seleção de fotografias apresentadas
no livro, começando com David Bowie em
Paddington Street Gardens, em setembro de
1969; Jimi Hendrix com Mick Jagger em 1967;
e Elton John em julho de 1971, no palco, durante
o concerto no Crystal Palace Bowl

















Uma câmera Rolleiflex


Na apresentação ao livro, que também conta com um prefácio escrito pelo jornalista Tony Norman, o fotógrafo recorda que tudo começou quando ele tinha 17 anos e conseguiu um emprego de meio expediente como office-boy na agência Keystone Press, em Londres, em meados da década de 1960, e passou a conviver diariamente com muitos fotógrafos, repórteres e editores de jornais e revistas. Quando recebeu o primeiro salário, investiu comprando uma câmera Rolleiflex, com sua mãe assinando o contrato para a venda com pagamento em várias parcelas. Desde então, passou a frequentar shows e entrevistas, primeiro por prazer, e depois por investimento para construir um portfólio especializado em figuras do mundo do rock’n’roll, exercitando diariamente seu aprendizado como fotógrafo amador. Em pouco tempo, a publicação de suas fotografias ganhou espaço na revista “New Musical Express” e a assinatura de Alec Byrne passou de “fotógrafo amador” para “fotógrafo profissional”.

“Eu estava no lugar certo e na hora certa. Havia uma revolução musical acontecendo e eu estava bem no meio dela”, recorda o fotógrafo. No livro, ele também revela histórias saborosas e confidências sobre algumas das imagens, como o primeiro show de Jimi Hendrix em Londres, que teve na plateia nomes como Mick Jagger, Keith Richards, Eric Clapton e David Bowie, flagrados em retratos surpreendentes enquanto assistiam encantados à performance; a primeira apresentação das canções do álbum “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” pelos Beatles no Abbey Road Studios, em 1967, que também foi a primeira transmissão internacional de TV via satélite; ou um cigarro de maconha que Bob Marley dividiu com o fotógrafo na sessão de fotos realizada na suíte do cantor, no Montcalm Hotel, em Londres, em julho de 1975.














Cenas da Era do Rock: no alto, Anita Pallenberg,
Michele Breton e Mick Jagger
fotografados por
Alec Byrne em 1969 durante as filmagens de
"Performance", filme com direção conjunta de
Donald Cammell e Nicolas Roeg. Acima,
um flagrante dos Rolling Stones no palco
durante as gravações do especial para a TV
"Rock and Roll Circus", em 1968, com
Mick Jagger, Keith Richards e Brian Jones.

Abaixo, Brian Jones chegando para as
gravações do "Rock and Roll Circus",
e o registro de Alec Byrne no funeral de
Brian Jones, em junho de 1969. Também abaixo,
The Beatles, Ringo Starr, Paul McCartney,
John Lennon e George Harrison, durante
a transmissão via satélite em junho de 1967,
e Paul McCartney ao telefone em 1968








 


Retratos de grandes lendas


Em 1976, Alec Byrne recebeu uma oferta de trabalho para Los Angeles e se mudou definitivamente de Londres. Nos Estados Unidos, passou a trabalhar com outras pautas além da cobertura de música e terminou abrindo sua própria agência de fotografia, passando a se dedicar em seguida às funções administrativas. Desde então seus arquivos ficaram guardados e, com o passar do tempo, apenas uma ou outra foto foi comercializada para ilustrar álbuns em lançamento ou reportagens sobre grandes lendas da história do rock. No livro, ele recorda que a primeira grande perda aconteceu em Londres, em 1971, quando um incêndio destruiu o estúdio em que ele trabalhava, destruindo grande parte de seu acervo.







Não foi a única perda na trajetória do fotógrafo: durante a mudança para os Estados Unidos, centenas de outros negativos foram danificados pela água do mar no vazamento de um contêiner no navio, durante a travessia do oceano Atlântico. Anos depois, em 1994, o terremoto com magnitude de 6,7 que atingiu Los Angeles destruiu o antigo prédio em que ficava o escritório de Byrne e novamente centenas de negativos foram danificados ou definitivamente perdidos. Nos anos seguintes, vieram um outro incêndio e depois um alagamento que atingiram a casa em que ele morava em Los Angeles, novamente provocando perdas definitivas em fotos ampliadas e em seus negativos. O material que sobreviveu a tantos acidentes permaneceu guardado, ou esquecido, até ser redescoberto pelo fotógrafo.









                             




Cenas da Era do Rock: no alto, Bob Dylan
na entrevista coletiva, minutos antes de subir
ao palco no Festival da Ilha de Wight em 1969;
acima e abaixo, Jim Morrison à frente da
banda The Doors no palco da
Roundhouse, em setembro de 1968.

Também abaixo, Jimi Hendrix no palco do BBQ
em maio de 1967; Led Zeppelin no show "Eletric Magic",
em novembro de 1971; Tina Turner no Empire Pool,
em 1972; Grace Slick à frente da banda
Jefferson Airplane, em uma rua de Londres,
em 1970; e The Yardbirds na formação original,
com Jimmy Page à frente, nas gravações
de um especial para a BBC em 1967.

Também abaixo, Chuck Berry no palco do
Hard Rock, em 1973; Bob Marley na sessão
de fotos no Montcalm Hotel, em 1975;
e Aretha Franklin no camarim antes do
show no Hammersmith Odeon em 1968


 

 







                                    






 

Impacto emocional


Ao recordar sua trajetória e a história de suas fotografias, Alec Byrne conta que o entusiasmo que teve ao ter seu trabalho publicado pela primeira vez pelas revistas “New Musical Express” e “Melody Maker” mudou sua visão de mundo e o levou a um caminho que ele nunca havia planejado ou cogitado. Em 1969, aos 20 anos, ele fundou sua própria agência de fotografia em Londres e começou a vender fotos para revistas de todo o mundo. A trajetória seguiu uma linha ascendente por mais de uma década de shows e encontros com músicos e bandas em entrevistas e sessões de lançamentos e gravações, até que no final dos anos 1970, também por um acaso não planejado, Alec Byrne assumiu cada vez mais as funções de empresário e “aposentou-se” da música e dos ambientes do rock e seu acervo de imagens foi para as caixas de arquivo, onde permaneceu praticamente intocado e inédito durante décadas.

Quando eu estava fazendo essas fotografias, a princípio ainda adolescente, não tinha ideia – absolutamente nenhuma – de que estava registrando um dos momentos mais influentes da história da cultura pop. Na época, simplesmente senti que havia descoberto um ótima maneira de ganhar dinheiro e seguir a vida. Eu adorava tudo aquilo, mas a vida era agitada e não havia tempo para refletir sobre o que tudo significava”, confessa Alec Byrne, na apresentação ao livro. “Acho que uma das razões pelas quais todas essas fotografias ficaram guardadas nas caixas por tanto tempo é porque eu sempre pensei no que elas significavam para mim. Nunca me ocorreu, até depois das primeiras apresentações em público, o quanto estas imagens significavam também para outras pessoas. É maravilhoso, apesar dos incêndios, das inundações e do terremoto, e depois de todos esses anos, finalmente poder compartilhar estes retratos com outras pessoas e saber que o impacto das emoções que eles registram também significa muito para tanta gente”.


por José Antônio Orlando.


Como citar:


ORLANDO, José Antônio. Cenas da Era do Rock. In: Blog Semióticas, 11 de novembro de 2021. Disponível em https://semioticas1.blogspot.com/2021/11/cenas-da-era-do-rock.html  (acessado em .../.../…).


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