O
século 20 começou sob o signo do design e com a criança elevada a
um novo patamar na vida em sociedade. A popularização da fotografia
e a novidade do cinema, o aperfeiçoamento de diversas máquinas e a
multiplicação dos processos industriais na produção de objetos
utilitários, que proporcionavam mais conforto e funcionalidade à
vida cotidiana, também coincidiram com uma nova visão sobre os
brinquedos e brincadeiras e, especialmente, sobre o que seriam os direitos da
infância.
Tratadas,
nos séculos anteriores, como pequenos adultos, as crianças ainda
muito jovens ingressavam na condição de mão-de-obra para o trabalho: quando não
formavam multidões de operários infantis, tornavam-se úteis na
economia familiar, realizando tarefas, imitando seus pais e suas
mães, acompanhando seus ofícios, cumprindo um papel predominante de mão-de-obra fácil e disponível sem reservas perante a coletividade. Para crianças e
adolescentes, foi a partir de 1900 que as coisas começaram a mudar.
No
começo do século passado surgiriam as primeiras noções
científicas sobre a importância do “brincar” para o
desenvolvimento da infância. Na Europa, um marco pioneiro para o novo patamar na valorização da criança é estabelecido exatamente
em 1900, com a publicação de um livro pela educadora sueca Ellen
Karolina Sofia Key (1849–1926). Com o título corajoso e premonitório de “O século da criança” (Barnets ahrundrade), o livro destacava este direito fundamental
de meninos e meninas que muitas vezes passava despercebido, como se
fosse menos importante ou supérfluo: o direito de brincar.
Libertária, militante pelos direitos femininos e pelo voto feminino, uma feminista à frente de seu tempo, Ellen Key, em conjunto com outros teóricos da educação, entre eles o brasileiro Paulo Freire, recebem um
tributo importante com uma exposição promovida pelo
MoMA, Museu de Arte Moderna de Nova York.
Intitulada
"Century of the Child: Growing by Design, 1900-2000" ("O
Século da Criança: Crescendo com Design, 1900-2000"), a
exposição no MoMA, sem precedentes em sua abrangência e na iniciativa de abordar um universo de tamanha complexidade em aspectos didáticos, lúdicos e historiográficos, apresenta, de 29 de julho a 5 de novembro, uma
linha do tempo sobre a trajetória da relação entre as crianças e
artistas de diversas áreas que, ao produzirem peças “para
brincar”, marcaram o design no século 20. O cenário inicial da
trajetória que a exposição reconstitui, destacam os curadores, abarca a Belle Époque, na passagem do século 19 para o século 20, um período que teve o progresso técnico como palavra de ordem.
As
muitas novas invenções, os avanços nas artes e nas ciências, com
melhorias nas técnicas e nas condições de saúde e de higiene,
começariam a estabelecer também na vida cotidiana uma nova visão
sobre a infância, valorizando com maior ênfase a educação e os
brinquedos que, já no final do século 19, passariam a ser
incorporados às linhas de produção industrial. Com a evolução
nas relações sociais, a criança gradativamente deixaria a condição
precoce de pequeno adulto e passaria a ter papel central nas
preocupações da família e da sociedade.
Mudam
as leis, muda a visão da infância
A
exposição no MoMA contextualiza o cenário que abrigou as mudanças
gradativas, pontuando a linha do tempo do último século através da
memorabilia de brinquedos e brincadeiras resgatados em imagens,
textos breves e objetos. Estão em cena as artes plásticas, a
educação e as ações políticas. Há 100 anos, nos Estados Unidos,
o trabalho do sociólogo e pioneiro do fotojornalismo Lewis
Wickes Hine (1874-1940), que fez séries de fotos para denunciar as
condições de escravidão a que era submetida a mão-de-obra
infantil no campo e nas fábricas, levou a mudanças nas leis
trabalhistas.
Na
Europa, Ellen Key e outros pioneiros rompem tabus sobre a infância e
a condição feminina, denunciando situações inadequadas ou
aviltantes. Ao declarar que "as crianças são o futuro e
nosso recurso mais valioso", Ellen Key atiçou a ira dos
conservadores e dos empresários que exploravam a mão-de-obra
infantil. Uma das primeiras mulheres a defender em público a
necessidade da participação feminina na vida social e política,
contestada em sua época e depois reconhecida por seu pioneirismo
como líder feminista e teórica de referência nas áreas de
família, infância, educação e ética, Ellen Key sustentava um
ideário que ainda hoje parece avançado.
Em
uma de suas teses, Ellen Key argumenta que a maternidade é tão
crucial para a sociedade que o governo, e não os maridos, é que
deveriam sustentar as mães e seus filhos. As ideias da militante
pioneira do feminismo, das sufragistas e dos direitos da infância e
da adolescência, que influenciaram leis e questões de escolaridade
em diversos países e foram retomadas por outros importantes teóricos
no decorrer do último século, estão registradas em seu livro de
1900 "O Século da Criança" e foram homenageadas por sua
atualidade na exposição aberta no MoMA.
Otimista
e visionária ao focar o século 20 como um período de descoberta
intensificada sobre a importância crucial dos direitos e do
bem-estar da infância, Ellen Key, suas ideias e seu livro de 1900
fornecem o suporte teórico para a retrospectiva apresentada em
detalhes na mostra “O Século da Criança: Crescendo com Design,
1900-2000”. Com brinquedos, jogos, móveis pequenos, livros, áreas
de lazer para que o público possa experimentar jogos e brincadeiras
de outras épocas, o evento também apresenta bazar para venda de
réplicas industriais de uma centena dos brinquedos e objetos
reunidos na exposição. Um link para visita virtual e um catálogo
dos brinquedos à venda estão disponíveis no site do MoMA.
Objetos
para crianças
"Uma
exposição que busca nos objetos antigos novas maneiras de pensar
sobre o processo de design e criatividade", diz o subtítulo do
catálogo que apresenta a mostra organizada pelo departamento de
design e arquitetura do MoMA. No catálogo, disponível on-line, há
fotografias de todos os objetos em exposição, com histórico e
explicação sobre a operação de cada um deles, além dos ensaios
produzidos pelos curadores Juliet Kinchin e Aidan O'Connor e pelos
professores especialistas em história da educação Tanya Harrod,
Medea Hoch, Francis Luca, Amy Ogata e Maria Paola Maino.
Em
sua maioria, os mais de 500 objetos foram selecionados no acervo do
próprio MoMA, mas também há itens garimpados em universidades, em
outros museus e em instituições de pesquisa de 20 países. Há
também os objetos e jogos que vêm de coleções industriais,
projetos de engenharia e arquitetura escolar, playgrounds,
creches, hospitais infantis, programas educacionais, equipamentos de
segurança e mostruários em geral produzidos nas últimas décadas
para o público infantil. Muitos dos itens nunca foram
apresentados antes em uma exposição aberta ao público.
Entre
estas raridades estão peças originais como uma casa de bonecas de
1912, criada pelo designer escocês Jessie Marion King em madeira
pintada e couro, o clássico “lobo vermelho com rodas de bolinhas
para puxar” criado como objeto para uma exposição de artes
plásticas em 1980 por Keith Haring e depois transformado em
brinquedo industrial de sucesso no mundo inteiro, assim como o
“Rubik's Cube”, o cubo mágico original, inventado por Erno Rubik
em 1974.
Pontuadas por frases e referências extraídas do livro de 1900 de Ellen Key, cada seção da
exposição se propõe a percorrer determinados aspectos da trajetória da infância e do
brinquedo pelas décadas no século passado, examinando visões
individuais e coletivas em objetos produzidos exclusivamente para
crianças. Dos mais antigos aos mais recentes, a exposição reúne
desde materiais educativos com base nas teorias de pioneiros da
moderna pedagogia como o alemão Friedrich Froebel (1782–1852), que
defendia a influência crescente do movimento de jardim de infância
desde o século 19, até registros dos experimentos do suíço Jean Piaget (1896-1980), que teorizou sobre a cognição humana a partir das observações sobre seus filhos e influenciou a educação de maneira profunda, e também tijolos de brinquedo e outros objetos feitos
em argila e madeira pintados por crianças na escola de arte livre
Francesco Randone em Roma, concebidos pela italiana Maria Montessori
(1870–1952).
Médica,
feminista e educadora pioneira que revolucionou as práticas de
educação os modelos de escola na primeira metade do século 20,
Montessori foi polêmica e influente em seu tempo e permaneceu
influente para as gerações de teóricos e profissionais do campo
pedagógico que vieram depois dela. As teses e práticas de
Montessori destacam a ênfase mais na autoeducação do aluno do que
no papel do professor como fonte de conhecimento, sempre defendendo
que a educação é uma conquista da criança e que já nascemos com
a capacidade de ensinar a nós mesmos, se nos forem dadas as
condições.
O
método educacional de Maria Montessori, contestado em sua época, por seu foco em um primeiro momento na educação de crianças pobres, com o tempo passou a ser usado por muitas escolas públicas e privadas do mundo inteiro. Seguindo a perspectiva
desenvolvimentista de Montessori, o acervo reunido pela exposição do MoMA também traça o fio condutor da
história dos brinquedos e brincadeiras no decorrer do último
século.
Outra presença citada em destaque na exposição é o brasileiro Paulo Freire, mestre da educação como prática da liberdade. Patrono da Educação no Brasil, referência da educação no mundo inteiro
por sua formulação teórica e sua prática na arte do ensino, com
vários prêmios e condecorações internacionais, incluindo 35
títulos de Doutor Honoris Causa concedidos por importantes
instituições, entre elas a Universidade de Bolonha, na Itália, o
mais antigo centro de educação superior, que completa 1.000 anos de
atividade, Paulo Freire é destacado por sua pedagogia crítica na defesa da concepção da criança como um aprendiz ativo e por sua visão da educação como um processo que sempre deve incentivar e nunca inibir o poder criativo.
A pedagogia crítica de Paulo Freire dialoga com os ensinamentos de grandes pioneiros que permanecem como referência até
nossos dias. Seja para Ellen Key, como para Froebel, Montessori e
demais educadores citados, a criança não é um pretendente a adulto
e, como tal, um ser incompleto. Desde seu nascimento, já é um ser
humano integral, o que inverte o foco da sala de aula tradicional,
centrada no professor. Não foi por acaso que as escolas que eles
fundaram também evidenciam a prevalência do aluno em atividades
lúdicas de educação pelos sentidos e pelo movimento.
Formas
e cores de vanguarda
Observando
a linha do tempo construída pelos objetos manufaturados e suas
réplicas em escala industrial, transparece uma evolução que
reflete mudanças nos métodos de ensino e, a partir das primeiras
décadas do século 20, aproximação com as formas e cores das
experimentações artísticas dos movimentos de vanguarda. Esta
aproximação também foi percebida em sua época por outros
pensadores, entre eles Walter Benjamin (1892–1940) e Johan Huizinga
(1872–1945), apreciadores do trabalho de Ellen Key e também
citados pelos organizadores da exposição no MoMA.
Acima,
o clássico ônibus escolar, item da extensa lista de séries Playmobil, seguido pelo módulo de construção articulada Zoob, criada por Michael Grey em 1977, e a mola maluca em metal ou em plástico transparente, criada em 1943 pelo casal Richard e Betty James.
Abaixo, amostras do acervo na exposição do Moma, seguida pelo "módulo
para montar" que Friedrich Froebel desenvolveu em 1837,
seguido pela “cadeira infantil” de 1935, de Alvar Aalto, pela “lousa mágica” que
André Cassagnes lançou em 1960, e pelos blocos universais da Lego, que começaram a ser produzidos em escala industrial na Dinamarca após a Segunda Guerra, em 1949 |
Benjamin
é referenciado pela curadoria e pelos ensaístas convidados por seus
escritos sobre criança, juventude e educação, “Über Kinder,
Jugend und Erziehung”, publicado no Brasil em coletânea intitulada
“Reflexões sobre a criança, o brinquedo e a educação” (Duas
Cidades/Editora 34, 2002). Johan Huizinga é lembrado por sua tese
publicada pela primeira vez em 1938 e desde então elevada à
categoria de item obrigatório nas pesquisas sobre jogos,
brincadeiras e elementos lúdicos na cultura contemporânea: “Homo
Ludens”, publicado no Brasil em 1991 pela Editora Perspectiva.
A
exposição “O Século da Criança” em Nova York inclui, em seu
acervo de surpresas, livros infantis coletados por Alfred H. Barr em
uma viagem na década de 1920 à União Soviética, antes de ser
nomeado diretor-fundador do MoMA. Há ainda os objetos mais
familiares tais como blocos de Lego, variações de peças de
plástico para montar, miniaturas de carros e eletrodomésticos,
bonecas e bonecos. Também estão no acervo a "lousa mágica",
que André Cassagnes lançou em 1960, a "mola maluca", em
metal ou em plástico transparente, criada em 1943 pelo casal Richard
e Betty James, e outros objetos simples que ainda permanecem à venda
nas gôndolas de lojas de brinquedos. O que não falta, entre os
objetos em exposição, são as muitas peças assinadas por designers
e arquitetos famosos.
|
Entre
os objetos curiosos e valiosos, há os exóticos e as novidades da
época que sobreviveram e ainda se mantêm no gosto popular: o
mobiliário de Alvar Aalto, uma cadeira de Charles Eames e Eero
Saarinen, carteiras escolares por Arne Jacobsen, o posto de
combustíveis de Jean Prouvé, equipamentos para playgrounds de Isamu
Noguchi, uma mesa de vidro projetada por Gio Ponti, miniaturas
estilizadas e objetos de decoração de Ray Eames.
Há
também os projetos originais de Aleksandr Rodchenko para mobiliário
e enfeites no quarto e na sala da menina, que também impressionam
pela atualidade, e até bonecos de super-herois, cartilhas de
alfabetização, livros para colorir, fotografias e ilustrações que
há décadas são estampas clássicas de capas para cadernos. Na
seção “mundo animal” há réplicas de tamanhos e espécies
diversos, em escala ampliada ou reduzida, em formato realista ou em
variações imaginárias, incluindo os bichos infláveis de 1972 de
Libuse Niclov e até os Muppets e os Gremlins, para citar apenas
alguns.
Enigmas
e possibilidades espontâneas
Entre
os 500 brinquedos em exposição, há aqueles objetos que surgem como
enigmas, assim como há outros que na forma e na aparência já
sugerem inequívocas possibilidades de brincadeiras espontâneas. Com
o contexto original de cada objeto listado em breves textos de
referência, extraídos da obra pioneira de Ellen Key e de seus
discípulos e seguidores pelas décadas seguintes, a exposição
surpreende quando revela que muitas das peças e brincadeiras
reunidas foram desenvolvidas, sob encomenda exclusiva, para serem
usadas como suporte de propostas teóricas e de movimentos
educacionais que estiveram em voga em determinado momento do século
20.
Duas referências à década de 1960: o robô articulado feito em metal, lançado para promover o seriado de TV Perdidos no Espaço, e o cartaz pacifista assinado por Schneider que avisa: A guerra não é saudável nem para as crianças nem para os outros seres vivos Abaixo, amostras do acervo na exposição do Moma e uma ilustração criada por Arthur Rackham para uma rara edição de 1917 dos contos de fadas dos Irmãos Grimm |
Ao
reunir imagens e objetos do cotidiano infantil do tempo de nossos
pais e avós, a mostra do MoMA interpreta o passado recente, resgata
raridades que estavam esquecidas e ilumina o jogo e a brincadeira
como elementos fundamentais da cultura humana, direcionados tanto ao
desenvolvimento de habilidades motoras, intelectuais e interacionais,
como à simples presença material na experiência e na organização
de programas recreativos dos mais variados.
Há
também um setor da exposição no MoMA que reserva um espaço de
destaque para o caso especialíssimo da escola Bauhaus, reunindo
peças de brincar inventadas por seus alunos e professores de 1919 a
1933 que ganhariam o status de brinquedos universais, como os moldes
para montar com figuras geométricas coloridas ou os blocos de
madeira que imitam paredes, portas, janelas e telhados da construção
civil.
Mas
o retorno ao acervo lúdico da escola Bauhaus não é uma
exclusividade da exposição em Nova York. Amostras de brinquedos e
brincadeiras que fornecem as coordenadas a todo um programa de ensino
também estão na grande retrospectiva sobre a escola
Bauhaus montada em um dos maiores espaços de arte da Europa, o Barbican Centre, em Londres, até 12 de
agosto. “Bauhaus: Art as Life” é uma das mais importantes mostras já dedicadas à história dos intensos 14 anos de duração da célebre escola de arte e design alemã e ao seu estilo que reunia brincadeira e proposta
pedagógica. Curiosamente, várias peças e objetos didáticos
reunidos na retrospectiva em Londres também são destaque no evento
promovido pelo MoMA, em Nova York.
Projetos
de uso didático e recreativo saídos das oficinas e salas de aula da escola Bauhaus estão presentes simultaneamente no MoMA e na retrospectiva em Londres: acima, a partir do alto, pião, brinquedo que foi desenvolvido por Ludwig Hirschfeld-Mack entre 1919 e 1933 para estudos de geometria; e os blocos para construção de prédios criados em 1924 para uso nas aulas de física por Alma Siedhoff-Busche. Abaixo, um clássico jogo de tabuleiro produzido na Itália, na década de 1940, criação de autor não identificado, que fez sucesso no mundo inteiro e gerou muitas variações em cópias e similares ainda comercializados na atualidade |
Brincadeiras
da Bauhaus
Na
seleção há obras de Wasily Kandinsky, Marcel
Breuer, Gunta Stölzl e Paul Klee, entre outros
mestres da história da arte no século 20 que aparecem como
professores nos quadros da escola Bauhaus. Comparar o trabalho dos
mestres e as peças dos estudantes desenvolvidas a partir dos
originais pode oferecer um amplo panorama do “espírito” que
regia cada lição em sala de aula, empreendida pela
Bauhaus, entre experiências pedagógicas lúdicas e com
ênfase na criatividade.
Palavra
cuja tradução é “casa para construir”, “Bauhaus” foi
escolhido em 1919 como nome para a escola de arte que se tornaria a
mais famosa e mais revolucionária da história. Fundada pelo
arquiteto Walter Gropius, em Weimar, na Alemanha, a partir do
ideário socialista pós-revolução russa de 1917, a Escola
Bauhaus teve, no período entre 1919 e 1933 e nos anos e décadas
seguintes, uma influência marcante nas gerações de artistas
do modernismo e alcançou também a arquitetura, o
design de interiores, o design industrial, a moda e as artes
gráficas, além de gerar uma safra muito particular de "brinquedos
educativos".
Criança
e design em 1900. Acima, cartaz da
mostra
sobre a escola Bauhaus em Londres,
seguido
de duas peças em exposição: 1) fotografia da
década de 1920 da garota usando o mobiliário escolar criado por Marcel Breuer; 2) a professora Ise,
esposa
de Walter Gropius, que fundou a Escola Bauhaus em
1919, faz pose, em 1925, usando máscara de robô e sentada em uma cadeira tubular criada
por Breuer, que também foi professor da Bauhaus; 3) Erich Dieckmann, professor da Bauhaus, e a cadeira para um repouso confortável, projeto desenvolvido por ele em 1931. Abaixo, Josef Albers e Wassily Kandinsky, artistas e professores da Bauhaus, em 1933, na época do fechamento da escola pelos nazistas; um encontro dos professores Wassily Kandinsky, Nina Kandinsky, Georg Muche, Paul Klee e Walter Gropius nos corredores da escola Bauhaus em 1926, em fotografia de Walter Obschonka; os professores Marcel Breuer, Gunta Stölzl, Oskar Schlemmer, Wassily Kandinsky, Walter Gropius e Herbert Bayer na escola Bauhaus em 1928; e Walter Gropius comemorando seu aniversário de 80 anos, em 1963, cercado por alunas e amigos. Também abaixo, uma coleção de meias-calças em padrões geométricos, peças de vestuário criadas na década de 1920 por alunos da Bauhaus com ousadia futurista; o célebre berço criado na escola Bauhaus por Peter Keler, uma peça que introduziu mudanças radicais no mobiliário doméstico; e
uma planilha de projeto em design industrial desenhada na década de 1920 por Kandinsky |
A
retrospectiva em Londres reúne cerca de 400 trabalhos criados na Escola Bauhaus,
incluindo brinquedos, móveis, filmes, fotografias, projetos e
objetos dos mais variados que capturam a essência lúdica da
escola alemã. Há também os convites de festas, as fantasias, os
presentes feitos a mão e as fotografias íntimas de professores e
estudantes que mostram muito da criatividade que imperava
na escola e que faria história como meta de excelência para o
aprendizado no século seguinte.
Aprendidos
desde a primeira infância em todas as culturas e latitudes do
planeta, o brinquedo e o brincar, enumerados em perspectiva histórica
em seu contexto de manufatura ou de produto em escala industrial,
seja no acervo reunido pelo MoMA e na retrospectiva da Bauhaus, seja
nos detalhes da vida cotidiana, podem levar o observador a perceber
como tanto a guerra como os esportes, as artes, as ciências, a
filosofia e o design industrial são construídos pelo instinto do
jogo e da competição.
Assim como a memória afetiva de cada um de nós, a linguagem, o mito, o sagrado e também a rotina da vida cotidiana com nossos objetos utilitários são marcados desde o início pelo jogo, que ainda está presente na essência das principais atividades da cultura e dos rituais nos sociedades modernas e contemporâneas. Daí sua importância: para desencadear nossa percepção sobre todo o universo de elementos simbólicos que nos cercam e para reforçar mentalidades que possam garantir a crianças de todas as idades e de todas as classes sociais, do mundo inteiro, a plenitude da infância.
Assim como a memória afetiva de cada um de nós, a linguagem, o mito, o sagrado e também a rotina da vida cotidiana com nossos objetos utilitários são marcados desde o início pelo jogo, que ainda está presente na essência das principais atividades da cultura e dos rituais nos sociedades modernas e contemporâneas. Daí sua importância: para desencadear nossa percepção sobre todo o universo de elementos simbólicos que nos cercam e para reforçar mentalidades que possam garantir a crianças de todas as idades e de todas as classes sociais, do mundo inteiro, a plenitude da infância.
por José
Antônio Orlando.
Como
citar:
ORLANDO,
José Antônio. Criança e design em 1900. In: Blog
Semióticas,
31 de julho de 2012. Disponível no link
http://semioticas1.blogspot.com/2012/07/crianca-e-design.html
(acessado em .../.../…).
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Sua abordagem sobre este tema está digna de nota. Infância e design, apresentados assim, em retrospectiva, revelam aspectos interessantes sobre a sociedade em nossa época.
ResponderExcluirSei que não foi o foco deste seu artigo brilhante, mas preciso registrar que os esportes em geral estão cada vez mais perdendo o espírito lúdico e merecem ser criticados pela ausência da espontaneidade.
No mais, parabéns por esta beleza que é este site Semióticas!
Sérgio Teodoro
A infância é sempre uma fonte inesgotável de referências. O apelo emocional da "redescoberta", de algo que parecia esquecido em um baú, é um dos artifícios mais utilizados pela publicidade. Pensando assim, enchamos nossos filhos de lembranças, de desvios lúdicos para que no futuro suas respostas sejam ricas. É como uma caixa de brinquedos. Dessas que enchem os quartos com possibilidades. Boas soluções são mais acessíveis a quem melhor desenvolveu sua criança.
ResponderExcluirAbs
Não tenho por hábito deixar mensagens nos sites que visito, mas aqui preciso registrar: este blog Semióticas é simplesmente muito bom. Cada página melhor que outra, cada uma com seu brilho e mérito, umas belas e festivas, outras poéticas e melancólicas, mas igualmente belas, como estradas sinuosas que levam ao caminho certo. O profissional, em qualquer ofício, alcança o triunfo a partir de um espírito tenaz, forte, obstinado. Pelos textos aqui publicados, a gente percebe que este é seu espírito. A sabedoria leve como um brinquedo. Parabéns!
ResponderExcluirTerence Moreira
Escolhe teu diálogo e tua melhor palavra ou teu melhor silêncio.
ResponderExcluirMesmo no silêncio e com o silêncio dialogamos.
(Carlos Drummond de Andrade).
José, preciso dizer que seu blog é um espetáculo. Parabéns demais!
eu tive um lobo vermelho com rodas nos anos 1940, no meu 3o ou 4o anivwrsario...era + antigo mas ajudou!
ResponderExcluirQue beleza de blog e que beleza de página sobre a história de brinquedos e brincadeiras! Parece uma tese, só que com ilustrações de tirar o fôlego e com a leveza maravilhosa de um texto que parece poesia, de tanta sabedoria e precisão.
ResponderExcluirDeixo muitos parabéns, José. Blogs como o seu são muito raros de encontrar.
Helena Miranda
Tive contato com o blog ha alguns meses atras e a cada nova leitura me surpreendo pelos temas, editoria ,abordagem e textos.
ResponderExcluirTudo junto combinadocom imagens precisas e elegantes. Parabens e obrigada por nod brindar com tanta beleza e conhecimento.
Estou impressionada com o que encontrei aqui neste Semióticas. Parabéns, José. Seu trabalho é um espetáculo. Enviei uma cópia de minha dissertação de mestrado sobre o mesmo assunto para o seu semioticas@hotmail.com
ResponderExcluirSeu comentário seria uma honra. De novo, parabéns!
Maria Inês Bittencourt
Este blog Semióticas é show. Sou grata pela sorte de ter chegado até aqui. Só posso desejar muitos e muitos parabéns.
ResponderExcluirSeu blog é um espetáculo. Cheguei aqui depois de clicar um link no Facebook e não esperava encontrar tanta sabedoria e beleza. Rapaz, você vai fundo em questões tão diferentes e encanta a gente. Sou grato. E virei seu fã. Parabéns, Semióticas!
ResponderExcluirSó encontrei elogios merecidos nos comentários, mas vou registrar mais um: que artigo de fôlego! Aprendi muito e fiquei impressionada com sua clareza nas ideias e com tantas imagens lindas. Não sairei mais deste Semióticas. É o paraíso que sempre procurei. Parabéns demais, José Antônio Orlando. Ganhou mais uma fã. Parabéns, parabéns!!!
ResponderExcluirÉrica Guimarães
Uma aula deliciosa sobre brinquedos e outras artes. Este Semióticas é o máximo. Também virei fã nesta primeira visita. Parabéns por esta página sensacional e por todas as outras que encontrei por aqui. Alto nível e tudo lindo demais. Amei.
ResponderExcluirJacqueline Lacerda
Parabéns pelo alto nível. Show completo e muito belo. Aprendi muito e virei seu fã, autor do blog Semióticas. Ricardo Prates
ResponderExcluirUau! Que lindo, inteligente e que delícia de texto, que imagens lindas. Você tem uma forma de escrever e de editar que é encantadora, José Antônio Orlando. Que show! Ganhou mais uma fã. Amei. Parabéns!
ResponderExcluirRogéria de Medeiros
José A.O. é uma honra poder contar com o seu saber e a sua sabedoria... Sempre dedicado e inspirador ! Um mestre em tudo que faz abraços !
ResponderExcluirMaravilhosa matéria e fotos sensacionais, como sempre. Cada visita que faço a este blog Semióticas vale por uma aula. Ou melhor: vale por um curso inteiro. Agradeço por você compartilhar tanta beleza e sabedoria. Sou fã.
ResponderExcluirMaria Clara Drubeck de Souza
Cada vez que venho a este blog Semióticas descubro algo mais belo que me faz sentir mais inteligente. Só agradeço muito por sua generosidade em compartilhar. Sou fã de Semióticas desde a primeira visita. Maria Carmen Rodríguez
ResponderExcluirCoisa linda esta postagem e todas as outras deste blog Semióticas! Cheguei aqui por recomendação de uma amiga que é fã e estou encantada. Quero morar neste blog Semióticas. Parabéns demais da conta.
ResponderExcluirStella Maris da Silveira
Que beleza e que alegria encontrar referências a Paulo Freire em áreas tão distintas e no espaço nobre do MoMA de Nova York!
ResponderExcluirMuito obrigado por você compartilhar. Este blog Semióticas é um espetáculo de alto nível em tudo e nos mínimos detalhes.
Parabéns de novo.
Edson Nunes
Uma aluna do ensino médio recomendou esta postagem em um trabalho do final do semestre (Estudos Sociais), com um recado alertando que eu iria com toda certeza me tornar um fá de carteirinha deste blog Semióticas.
ResponderExcluirVim conferir, confesso que até meio incrédulo, mas descobri que minha aluna não exagerou em nada nos elogios. Muito pelo contrário. Então parabéns pelo alto nível e muito obrigado por você compartilhar conteúdos tão especiais.
Antonio Marcos Moura
Muito bom mesmo. Meus parabéns pelo alto nível.
ResponderExcluirRegina Motta