Por
que a imensa maioria dos cidadãos do mundo islâmico – e também
de outras latitudes do planeta – vê os EUA como os principais
responsáveis por seus maiores problemas? O jornalista e escritor
paquistanês Tariq Ali, poucos meses antes da morte de Osama bin
Laden (1957-2011), ousou uma resposta que tornou-se em pouco tempo um
best-seller internacional: o polêmico e provocador "Duelo - O
Paquistão na Rota de Voo do Poder Americano".
No
livro, lançado no Brasil pela editora Record, Tariq Ali mira na
primeira pessoa e em tom confessional, porém estritamente
jornalístico, o panorama político da sua terra-natal e dos
crescentes levantes das populações árabes contra as monarquias e
regimes autoritários que tomaram de assalto o chamado Oriente Médio.
"Duelo" não é primeiro best-seller explosivo de Tariq
Ali, que periodicamente também publica reportagens investigativas e
ensaios analíticos em jornais e revistas de vários países, entre
eles dois dos mais prestigiados veículos de imprensa do Reino Unido:
o jornal "The Guardian" e a revista "New Left
Review".
No
Brasil, também estão publicados vários livros de Tariq Ali,
entre outros, "Piratas do Caribe" (relato que vai contra a
visão que a imprensa tenta construir no Brasil sobre a trajetória
do venezuelano Hugo Chávez e a ascensão da esquerda democrática na
América Latina), "Confrontos do Fundamentalismo" (sobre os
atentados de 11 de setembro de 2001 e as origens da "guerra ao
terror") e "Bush na Babilônia", que polemiza e
provoca ao apresentar a guerra no Iraque e a história de resistência
iraquiana contra novos e antigos impérios.
A
coragem e as denúncias do relato, contudo, custaram o exílio do
jornalista, que atualmente está refugiado em Londres.
Livro-reportagem que combina reflexões sobre a história e extensa
pesquisa de fontes que incluem entrevistas, noticiários e convívio
in-loco com outros jornalistas e correspondentes de guerra, "Duelo"
ainda antecipa a recentíssima crise em vários países da Liga Árabe
– a maior parte deles às voltas com protestos populares inéditos,
explosivos e sangrentos.
Por
conta das denúncias e análises de "Duelo" e de seus
outros livros, principalmente os que apontam em minúcias os prós e
contras para o império norte-americano ao interromper ou
intensificar os combates no Oriente Médio, Tariq Ali foi acusado de
apoiar o terrorismo e de ser contra a democracia. Em outras
palavras: a máquina da propaganda de guerra dos EUA foi
acionada para tentar calar uma voz que ousa ser dissonante em
relação aos interesses bélicos do império do Tio Sam.
Menestrel do mundo árabe
A
impressão que o leitor tem, na primeira leitura das reflexões e
descrições de Tariq Ali é que ele aprendeu o melhor de dois
mundos. Nascido de tradicional família política Punjabi, Tariq Ali
é formado no Ocidente pela Universidade de Oxford e autor de
roteiros para cinema, biografias e obras sobre história e política
internacional. Há muito é reconhecido como um dos principais
comentaristas das questões sobre o mundo árabe e, por conta de seu
tom personalíssimo e desenvolto, revistas e programas de TV em
vários países da Europa costumam se referir a Ali como "o
menestrel das arábias".
Crítico
ferrenho do fundamentalismo islâmico – que aponta como responsável
pela propagação de atos terroristas – também não poupa os
governos autoritários que nos últimos anos e décadas agiram sob o
jugo norte-americano, casos de Egito, Jordânia e Síria. Para Ali, o
direito dos povos oprimidos da região à resistência é sagrado,
até porque quando se fala do mundo islâmico o que está em questão
é um número quase incontável de histórias, povos, línguas, tradições, experiências e culturas.
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"Quando
comecei a escrever este livro um amigo de Londres perguntou: Não é
imprudente começar um livro quando os dados ainda estão no ar? Se
eu esperasse os dados caírem, nunca teria escrito nada",
anuncia Tariq Ali, alertando o leitor para a possibilidade permanente
e urgente de lances que dia sim dia não explodem nos noticiários.
A
invasão do Afeganistão e do Iraque, a situação do Paquistão, os
governos colaboradores, a frequência das revoltas populares e a
complexa situação entre Palestina e Israel são os temas que
perpassam em "Duelo". O escritor, que visitou o Brasil duas
vezes – na Flip de 2006, em Paraty, e em Salvador, em 2010,
convidado especial do Seminário Internacional de Cinema e
Audiovisual – relata notícias recentes, mas também recorre à
história árabe no último século, assim como busca paralelos na
milenar história do Islã e seus contatos com a cultura cristã e
judaica.
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"A
história oficial é composta sobretudo de meias verdades e mentiras
sinceras, nas quais tudo é atribuído a governantes nobres, a
sentimentos devotos", escreve Tariq Ali na conclusão
de "Duelo". O capítulo, pontuado pelas memórias afetivas
do autor sobre acontecimentos que têm versões radicalmente divergentes
divulgadas pelas agências de notícia internacionais, recebe o
título sintomático de "Poderia o Paquistão ser reciclado?"
A outra história
"Os que escrevem a história oficial são adoradores de fatos realizados e estão ao lado dos vitoriosos", registra Tariq Ali, retomando teses emblemáticas de filósofos e historiadores capitais do século 20, como Walter Benjamin e Hannah Arendt. "Algumas vezes generais, outras políticos. O êxito justifica tudo. Mas existe outra história que se recusa a ser reprimida", alerta. É em direção a esta "outra história" que investe o relato de “Duelo”, em análises contundentes, porém equilibradas, coerentes, imparciais, demonstração do melhor jornalismo, tão em falta nos dias que correm.
Reunindo muitas
de suas análises apresentadas como colaborador habitual de
telejornais, revistas e jornais europeus, o paquistanês Tariq Ali
demonstra no livro, na prática, as regras da apuração e os
problemas da informação confidencial. Contudo, não há heróis em
"Duelo". Nem aos mártires anônimos é reservada esta
honra. Mas há esperança – como nos versos do poeta Fakhar Zaman que
encerram o relato de Ali:
Sem
olhos, nós pintamos
Sem
mãos, esculpimos estátuas
Sem
ouvir, compusemos músicas
Desprovidos
de língua, cantamos
Com
as mãos atadas, escrevemos poesias
Com
as pernas presas a grilhões, dançamos
E a fragrância das flores penetrou nossas bocas e narinas tapadas.
E a fragrância das flores penetrou nossas bocas e narinas tapadas.
Sherazade no mundo masculino
Enquanto
em “Duelo” o jornalista Tariq Ali antecipa e analisa a crise
árabe mais recente, a questão da mulher no Oriente é o centro do
relato de primeira qualidade de uma mulher árabe, por coincidência
jornalista. Lançada à ordem do dia com a proibição do uso em
público, na França e em outros países da Europa, da burca e do véu
integral muçulmano, a situação da mulher no mundo árabe é o tema
de Joumana Haddad em "Eu Matei Sherazade – Confissões de uma
Árabe Enfurecida", também lançado pela Editora Record.
Assim
como “Duelo” também um best-seller internacional, o relato
de Joumana Haddad, jornalista, editora, tradutora,
poeta, romancista e ativista dos direitos humanos em sua terra-natal,
Beirute, é escrito na primeira pessoa. Mas enquanto Tariq Ali expõe
e elabora quase como metalinguagem seu livro-reportagem, a prosa de
Joumana Haddad (foto abaixo) exalta com ironia e erotismo o
poder libertador da literatura.
O
relato de Joumana Haddad convida também, nos limites da
metalinguagem, o leitor a compartilhar, a cada página, a trajetória
de descobertas na passagem de Joumana de estudante adolescente para o
mundo adulto predominantemente masculino. "Em vez de se render
imediatamente a uma determinada imagem que foi criada por outra
pessoa em seu nome, tente perguntar: afinal de contas, o que é uma
mulher árabe?", desafia Joumana, logo nas primeiras páginas.
Mas por quê, o leitor se perguntaria, matar Sherazade?
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Joumana Haddad,
no seu relato jornalístico e ao mesmo tempo confessional, argumenta
sobre sua tese literária com implicações sociológicas,
antropológicas e políticas: é preciso matar Sherazade porque ela,
a narradora aprisionada do clássico "As Mil e Uma Noites",
que interrompe ao fim de cada noite sua história mirabolante para
sobreviver diante da tara assassina de seu algoz nobre e todo
poderoso, a mesma Sherazade tida como uma das personagens mais
emblemáticas da literatura universal – e símbolo particular da
mulher e da cultura do Islamismo – em suas milhares de histórias
inventadas (Ali-Babá, Simbá, Aladim, o Gênio da lâmpada, o
gigantesco pássaro Roca, o tapete voador etc...) para evitar a
morte, não seria jamais um bom exemplo de resistência.
Metáfora da submissão
Para
Joumana Haddad, Sherazade é, sim, uma metáfora pessimista
sobre a concessão e da submissão. Na argumentação da jornalista,
Sherazade não representa um valor a ser cultivado. Pelo contrário:
é extremamente nociva para o imaginário árabe porque faz alusões
à negociação de direitos que não deveriam estar em jogo porque
são básicos – ou que, pelo menos, deveriam ser.
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"Este
livro é uma tentativa singela de refletir sobre esse tema. Ele não
pretende dar respostas às questões apresentadas, nem soluções aos
problemas expostos, nem lições ou receitas para viver bem. Sua
maior aspiração é divulgar um depoimento e uma reflexão" –
com esta premissa Joumana Haddad vai tecendo um relato sedutor –
tal e qual sua antagonista Sherazade no clássico das “Mil e Uma
Noites”.
O
relato que Joumana Haddad apresenta em "Eu Matei Sherazade"
soa breve e franco, por vezes político e explosivo, sobre o que
significa ser mulher e ser mulher no mundo árabe. Com humor incomum,
destrói preconceitos, diverte, faz pensar e condena a postura de
quem assume o papel de vítima. Nascida em 1970, a jornalista é
reconhecida atualmente como uma das mais engajadas representantes da
luta pela liberdade feminina no Oriente Médio.
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Joumana
Haddad também criou e edita uma das mais polêmicas revistas do
mundo árabe, a "Jasad" (corpo), que tem o erotismo e a
literatura como foco. Além dos livros que publica, da revista e da
vida normal de todo dia, como ela diz, ainda trabalha como editora do
principal jornal do Líbano, o "An-Nahar", e administra o
Arab Booker, principal prêmio internacional de ficção árabe.
Desafio aos tabus
“Eu
Matei Sherazade” defende a emancipação da mulher e aborda os
tabus do sexo, da poligamia, da virgindade, do prazer, do casamento
forçado, dos projetos autobiográficos dos quais se esquece e dos
que abraça com paixão para contar como ela própria se impôs e
venceu num opressivo mundo masculino.
"Não
entendia por que algumas coisas não eram permitidas a mim, por ser
mulher. Então, tive a ideia de fazer uma revista que desafiasse
todos esses tabus, falando sobre corpo, sexualidade e erotismo",
esclarece
a jornalista comentando
sobre as estratégias que adotou,
logo nas primeiras páginas.
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Joumana
Haddad não só rejeita e ironiza os percalços de Sherazade, mas
também confessa no livro que sua inspiração vem de clássicos da
literatura, principalmente os do Ocidente – em especial o Marquês
de Sade, autor polêmico que ela traduziu para o árabe e transformou
em campeão de vendas no Líbano – mas também do cotidiano dos
problemas que uma mulher árabe que ousa ser jornalista enfrenta, a
cada pauta de trabalho e também na vida que segue.
Em
seu relato saboroso, inteligente, Joumana lança mão de estratégias
da melhor literatura e retorna, no final, à questão do começo do
livro: há alguma diferença autêntica, significativa, evidente,
entre a situação da mulher árabe muçulmana e da cristã?
"Temo
que não há diferenças", ela conclui, num dos breves capítulos
que antecedem aos poemas anexados em "O capítulo da poetisa –
uma tentativa de autobiografia". "Se você for fundo, temo
que não há diferença entre a mulher árabe e a maioria das outras
mulheres do mundo. A injustiça, os códigos morais duplos e os
preconceitos são um pouco mais óbvios e visíveis na primeira, só
isso. E o óbvio é quase sempre uma armadilha".
Ensinar com as fábulas
Enquanto
as fábulas de Sherazade são metáforas para as reflexões de
Joumana e as notícias que se sucedem montam a cena para “Duelo”,
o brasileiro Bruno Pacheco defende que fábulas e notícias podem ser
apresentadas ao público infanto-juvenil como uma introdução à
filosofia. Em "Três Fábulas do Oriente" (Editora Record),
o jornalista carioca, assim como fazem os jornalistas árabes Joumana
Haddad e Tariq Ali, também transforma certas observações triviais sobre o
cotidiano em comoventes lições de vida.
Nas
três fábulas apresentadas no livro – "Quebrador de
Pedras", "Carregador de Água" e "Buda de
Pedra" – a lição vem nas entrelinhas, sem verdades
absolutas, sem emburrecer nem aborrecer, para mostrar que as mesmas
coisas podem ser de uma outra maneira, ensinando que a vida pode ser
mais simples do que se pensa.
"Como
minha avó, minha mãe e meu pai, ele nos faz de novo meninos e a
gente aprende que um pote quebrado que podia parecer defeituoso pode,
na sua imperfeição, regar as flores do caminho", destaca a
poeta Elisa Lucinda na apresentação ao trabalho de Bruno Pacheco,
que também é roteirista de programas de TV e autor do belo "Sidarta
para Jovens" (Editora Bookmarks), além de ter assinado sucessos
recentes do teatro carioca.
Com
fragmentos destacados da meditação do zen-budismo, que o autor
pratica há 16 anos, reunidos a um mosaico de narrativas sem dono,
sem autor, que foram escritas há muitos e muitos anos, "Três
Fábulas do Oriente", com belas ilustrações em cores e em
preto e branco, a cargo de Lu Martins, não deixa de ser um presente
para quem acha que criança tem o direito de entender logo sobre os
mistérios da vida e do bom-senso.
Ou
ainda, nas palavras do menestrel Tariq Ali, que recorda das Arábias
o lugar primordial das Utopias, ao citar Oscar Wilde, um dos
gênios visionários da Belle Époque. Tariq Ali destaca que um mapa
do mundo que não inclua a Utopia não merece ser olhado, conforme
escreveu Oscar Wilde no final do século 19, já que este mapa deixa
de fora o único país no qual a humanidade está sempre
desembarcando. Segundo Oscar Wilde, quando a humanidade chega ali,
olha para o horizonte e, ao ver no horizonte distante um país
melhor, zarpa de novo em sua busca. O progresso só existe quando há
a realização de Utopias.
por José
Antônio Orlando.
Como citar:
ORLANDO, José Antônio. Das Arábias. In: ______. Blog Semióticas, 20 de agosto de 2011. Disponível no link https://semioticas1.blogspot.com/2011/08/das-arabias.html (acessado em .../.../…).
Como citar:
ORLANDO, José Antônio. Das Arábias. In: ______. Blog Semióticas, 20 de agosto de 2011. Disponível no link https://semioticas1.blogspot.com/2011/08/das-arabias.html (acessado em .../.../…).
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Acima,
documentário produzido pela
TV
Cultura de SP sobre a Primavera Árabe,
nome
como ficou conhecida a série de
revoltas
populares fomentada pelos EUA
contra
os governos locais em diversos
países
do Oriente Médio. As manifestações
tiveram
início nos primeiros dias de 2011
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As-Salaamu 'alaykum --- Orlando poeta.
ResponderExcluirou se preferir MuitO ObriGadO.
a paz te acompanhe e ilumine seu blog. vida longa longa longa...
aguardo sua visita n' Os Amthal na Cultura Árabe.
Esse texto é fascinante. Não conhecia Joumana. Adorei as colocações da escritora sobre a repressão no mundo feminino. Concordo plenamente com ela no que concerne ao machismo, ainda existente, por todo o mundo. Nós, brasileiras, gostamos de esbravejar pelos quatro cantos, que somos livres, independentes e modernas. Será mesmo? Então, por que ocupamos o triste ranque de primeiro lugar no uso de cosméticos, produtos para emagrecimento e cirurgias plásticas do planeta? Essa suposta independência, acho eu, nos levou a uma posição nada confortável, porém louvável: super-mulheres com jornada elevada à quinta potência: Mães, donas-de-casa, esposas, serviçais do mercado de trabalho e a pior delas: mulheres totalmente dependentes da beleza impostas pelo homens. Temos de ser lindas, magras, produtivas, geradoras de renda, amorosas, pacientes, perfeitas no lar e por aí vai.Somos ou não somos escravas de uma imposição machista? Vivemos 24 horas em função de conquistar um, ou vários machos, e despertar a inveja à vizinha a e às "amigas". Com toda essa liberdade conquistamos, nada mais nada menos, apenas a solidão. Educamos e criamos nossos filhos sozinhas geramos renda para sustentá-los assim como também sustentar nossa beleza. Podemos frequentar bares, festas e bacanais. Mas no dia seguinte os homens que fizemos sexo nem se lembrarão dos nossos nomes. Por que grande parte de nós nunca sequer nunca teve um só orgasmo? Estou exagerando, estou generalizando? Sinceramente não sei. Julgo pelo o que escuto de mulheres entre 14 e 60 anos. Apenas fica uma pergunta para reflexão: Estamos felizes, amadas? Acabou que fiz um desabafo. Mas, toda essa questão tem me incomodado muito, desde a minha adolescência. Adorei suas informações. Como sempre nos leva à reflexão e ao conhecimento. Parabéns sempre pelas belas fotos. Suas ilustrações são deslumbrantes. Beijos querido.
ResponderExcluirMuito bem lembrado, Simone. Somos campeãs mundiais de consumo de cosmétidos e produtos para emagrecer e campeãs mundiais de cirurgia plástica e cesariana. Livres? Ora, o pior cego é aquele que não quer ver - é o escravo que se considera "membro da família", o mordomo inglês feliz como parte do patrimônio de seu lorde, o trabalhador que vê o patrão como pai... O único jeito é mesmo matar Sherazade, como propõe Jumana (desconfio que esse "Joumana" é a grafia fonética francesa do nome dela). Contando histórias para salvar a própria vida e parindo filhos de seu algoz (um por ano, se considerarmos que 1.001 noites são pouco menos de três anos e ela tinha três filhos ao final da antologia de histórias), Sherazade é mesmo a grande metáfora da concessão e da submissão, como diz Jumana. Encantada com as histórias dela, eu nunca tinha pensado nisso...
ExcluirSensacional! Sem ismos, assim no levar dos cursos da vida, comunicando, trocando, escolhendo, é que a verdade é construída. Para cada um, mas aberto à todos. É talvez uma licença aberta onde qualquer um pode contribuir. Sempre há a possibilidade de construção, fluída, como um brinquedo de blocos de montar. Dos sentidos que podemos colocar na sacola da existência, brincar e sorrir com certeza não podem fazer mal.
ResponderExcluirIncrivel como a Batalha do mundo Árabe parece não ter fim. "Os que escrevem a história oficial são adoradores de fatos realizados e estão ao lado dos vitoriosos"(Tariq Ali) A propaganda politica continua! A criança com a bandeira rasgada se perpetua. O que eu ainda não vi foi um momento de paz no mundo Árabe. "A luta pela paz" estranho isso não? "LUTAR" pela paz?
ResponderExcluirPS:Ah mais uma coisa, bacana os livros na estante, mesmo na internet parece que estou pegando em um livro e lendo seus textos, parabens pelo blog!
Sabemos todos que sucesso é uma consequência e não um objetivo. Mais de 11 mil visitantes em dois meses é um marco que você merece, José.
ResponderExcluirSeu blog é uma beleza e inteligente. Comecei a ler pelo Pandora, fui para Alice, depois Keith Haring e virei leitor de muitas visitas. Sou muito grato por ter aprendido tanto, sobre tantos, e pela sorte inesperada que tem sido cada página nova.
Também sabemos que há poucos capazes de prestar homenagem sincera ao sucesso de um amigo, sem qualquer inveja. Pelas mensagens que estão registradas aqui pelos visitantes, não somos tão poucos.
Vida longa e prosperidade, Semióticas.
Abraço forte para você, José. Sucesso, sempre.
João Paulo Lunardi
Joumana é, definitivamente, uma mulher corajosa. A exposição a que se submete é tremenda e digna de aplausos. Tariq Ali, por sua vez, é também alguém de coragem sem precedentes e um homem afinado com os acontecimentos que esbarram em conceitos culturais explosivos e interesses políticos que muitas vezes me escapam à compreensão. Preciso ler "Duelo"...
ResponderExcluirSeu texto, como de costume, fascina e nos coloca interrogações formidáveis ao longo da leitura. Parabéns, meu caro!
Que a Força esteja com você!
Fiquei encantada com seu blog principalmente porque encontrei aqui, nesta página, indicações muito preciosas para meu projeto de TCC. Tariq Ali já estava entre minhas referências, mas descobrir a “Sherazade” de Joumana Haddad e este "Três Fábulas do Oriente" foi um presente dos deuses. Você tem o dom, meu querido José Antônio Orlando. É um daqueles que sabem transformar observações triviais em comoventes lições de vida. Já fiz inscrição para participar deste Semióticas e agora preciso voltar muitas outras vezes para degustar estas mais de 80 páginas recheadas de especiarias.
ResponderExcluirEternamente grata...
Maristela de Araújo
Olá José Orlando! Como sempre gosto do que escreves. Acho que a maioria de nós, não consegue entender essa "divisão" de mundos... Como se não bastasse Oriente/Ocidente, ainda temos o Mundo Árabe e o fundamentalismo islâmico. Eles fazem questão que não "toquemos" na sua política da mesma forma que não podemos "olhar" para suas mulheres. Eu como mulher, tento refletir como seria a vida limitada dessas mulheres e, imagino que devam ser felizes, sendo protegidas pelos homens. De certo, todas acreditam que faz parte da tradição o modo como vivem e a maneira como "devem" viver por suas famílias. E, na minha "singela" opinião sobre seu estilo de vida, desculpe a ousadia, mas acho que algum homem poderoso a apoia e, além do que, é um negócio vantajoso claro! Aproveitar esta divisão de mundo e mostrar o que não se teme mas que deveríamos temer, porque se no Ocidente a beleza é comprada, porque não fantasiar o Novo e Moderno mundo Árabe que tudo compra? Aposto que aqueles homens pensam: diversão é diversão.
ResponderExcluirTambém penso, do que adianta intervir no Medio Oriente se não for para extrair vantagens comerciais?
Tem uma frase que tentei achar de Jonathan Swift que décadas encontrei em algum lugar em que ele ironizava a existência de muros no cemitério porque, os que estão dentro não querem sair e os que estão fora não querem entrar!
Enfim, adorei o texto, as imagens, a configuração da página e seu senso crítico em ponderar o assunto, afinal, não podemos ser extremistas! (rsrsrsrsrs)
Um abraço e obrigada por convidar-me a aparecer...
Sonia
Seu texto é muito bom e conseguiu traçar a complexidade política do mundo árabe considerando as grandes questões de gênero: você apresentou um estudo comparado do masculino, do feminino e da infância nas Arábias. Genial. Encontrei seu blog Semióticas fazendo uma pesquisa sobre as recentes revoltas que voltaram a acender a chama de protestos anti-americanos e sem dúvida seu texto é o melhor de todos, com larga distância. E seu blog é um show em todas as páginas. Virei fã de carteirinha. Abraço pra você, José, e parabéns!
ResponderExcluirGabriela Salles
Belíssimo texto! Excelentes referências. É uma questão complexa, mas perfeitamente compreensível e passível de argumentação pela via da semiótica e da história.Historicamente os estadunidenses (me recuso a chamá-los americanos! Tudo que querem é ser a América, semiótica e politicamente falando...) e seus aliados europeus, colonizadores dos países árabes, construíram a imagem do árabe e do muçulmano que lhes convinham, a seu favor, para justificar as guerras e as suas explorações e promoverem seus interesses levantando as falsas bandeiras da paz e da democracia, construindo para si a imagem tipicamente caricata do herói de cinema hollywoodiano. E essa imagem que temos do árabe e do muçulmano é associada ao medo e ao terrorismo. A grande guerra travada entre os "Aliados" e os "árabes" (pois os árabes são múltiplos e não homogêneos) é, antes de tudo, simbólica e política. E o problema maior é que o mundo está contaminado por essa imagem do "mundo árabe". Por isso mesmo, somos incapazes de olhá-los com um olhar puro e sem preconceitos, de compreendê-los e de aceitá-los como semelhantes. A questão árabe precisa ser falada! Mas precisa ser falada pelos árabes e nós temos que ouvi-los e compreendê-los.
ResponderExcluirSe me permitem uma contribuição para elucidar a questão, sugiro que assistam ao Provocações com a Professora brasileira especialista na questão árabe, Arlene Clemesha:
http://www.youtube.com/watch?v=piqNinufJl8
http://www.youtube.com/watch?v=kQl8QiSyjjo
http://www.youtube.com/watch?v=wE28Q9lNz1A
Assisti ao programa do Abujamra, Janne Alves de Souza. Ótima sugestão. E conforme a professora Arlene Clemesha explica, de forma tão lúcida, a questão é de uma complexidade sem fim, mas falta também vontade política para um posicionamento mais firme da ONU para levar ao fim dos conflitos. Afinal, porque sempre há um fio de história para ajudar na solução do enigma. Seja sempre bem-vinda!
ExcluirUma beleza. E muito forte. Outra aula de alto nível sobre um assunto complicado. Enviei um pedido muito pessoal para seu e-mail semioticas@hotmail.com
ResponderExcluirEspero que você permita e também apoie a nossa causa.
Registro aqui os parabéns mais do que merecidos: este Semióticas é o máximo!
Luciana Nagib Salem
Cheguei aqui no seu blog por causa do link do beijo no Facebook. Esperava encontrar uma coisa, mas encontrei outra muito diferente. Que aula maravilhosa sobre os conflitos no mundo muçulmano! Que política do mal dos USA que estão arrasando com eles. Se é verdade que para toda ação existe uma reação, os USA nunca mais terão paz!
ResponderExcluirParabéns pelo blog, autor do Semióticas. Isso é muito mais que uma aula. É um curso sensacional e lindo de ver. Virei sua fã a partir desta primeira visita. Vou incluir este blog como visita obrigatória para meus alunos. Parabéns demais!!!
Elisa Gonçalves
A questão dos conflitos do Mundo Árabe tem uma complexidade que muitas vezes escapa à maioria de nós, do Ocidente. Devo dizer que este seu texto consegue enumerá-las e estender as diversidades de seu significado na atualidade. Parabéns por esta e por todas as outras matérias de alto nível e pela linda edição de imagens que encontrei neste blog Semióticas. Ganhou mais um fã.
ResponderExcluirRenato Goreti
Cada visita que faço a este blog Semióticas vale por uma bela aula. Esta postagem sobre o mundo árabe é simplesmente surpreendente e belíssima. Aliás, tudo aqui neste blog Semióticas é surpreendente e belíssimo. Agradeço por você compartilhar. Parabéns pelo alto nível.
ResponderExcluirMaury Vieira