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1 de março de 2013

Arte e Videogame






A recepção na diversão, cada vez mais perceptível 
em todos os domínios da arte, e que é sintoma das 
mais profundas alterações na percepção, tem no 
cinema o seu verdadeiro instrumento de exercício. 
O público é um examinador, mas distraído. 

(Walter Benjamin, 1936).    




Reza a lenda que uma nova forma de arte só está sacralizada quando ganha o status de aquisição no acervo dos grandes museus pelo mundo afora. Foi assim no último século, com as sucessivas revoluções das Vanguardas do Modernismo, ao norte e ao sul do Equador, de Pablo Picasso e Wassily Kandinsky a Tarsila do Amaral e Cândido Portinari, entre outros mestres, incluindo a ironia iconoclasta das instalações da Pop Art nas últimas décadas, com a incorporação de anúncios publicitários, grafites, vídeos e suportes híbridos, instáveis, passíveis de intervenções do público na sua composição.

Agora é a vez dos jogos eletrônicos ocuparem os domínios antes reservados aos grandes da História da Arte. Para espanto dos mais conservadores, a arte dos videogames passará a ter alguns de seus maiores sucessos comerciais alinhados no mesmo espaço sagrado que abriga obras-primas de Leonardo da Vinci, Vincent Van Gogh, Claude Monet, Frida Kahlo. Exemplares originais de Tetris, Pac-Man, Snake (em versão original, pré-Nokia), The Sims, SimCity 2000, Katamari Damacy e outros jogos eletrônicos, que há tempos vêm conquistando corações e mentes de adolescentes de todas as idades, chegaram ao acervo do cultuado Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), com a exposição “Applied Design” (Design aplicado), que estará aberta ao público até janeiro de 2014, todos com plataformas abertas para que os visitantes possam jogar e interagir (veja o link para visita on-line à exposição no final deste artigo).

No informe que apresenta a exposição, a curadoria destaca que o objetivo é formar um amplo painel sobre design e sobre design e tecnologia: “Ainda existe quem pensa que design serve apenas para tornar coisas, pessoas e lugares mais bonitos. Na verdade, o design se espalhou por quase todas as facetas da atividade humana, da ciência e educação à política e formulação de políticas, por uma razão simples: uma das tarefas mais fundamentais do design é ajudar as pessoas a reagirem a mudanças. Hoje, um designer pode optar por se concentrar em interações, interfaces, internet, infraestrutura, móveis, vestuário, bioengenharia, espaços 5-D, sustentabilidade e até videogames”. Há amostragens de todos estes setores do design na exposição, mas o destaque, pelo inusitado de sua presença no espaço de um tradicional museu de arte, são mesmo os videogames.














Videogames chegam ao acervo
do MoMA, o Museu de Arte
Moderna de Nova York: no alto,
Pac-Man (Japão, Namco Bandai
Games, 1981), criação de Toru
Iwatani. Acima, em fundo azul,
Another World (França, 1967),
de Éric Chahi; e a tela cinza de
Tetris  (Rússia, 1955), criação
de Alexei Pajitonov. Abaixo,
uma das telas de Pac-Man












Na apresentação da mostra – que também comemora os 60 anos do mais antigo videogame, o OXO, um jogo-da-velha eletrônico adaptado por Alexander Douglas a partir da tecnologia dos equipamentos de radar – Paola Antonelli, curadora-sênior do MoMA para Arquitetura e Design, destaca as questões de meio ambiente e sustentabilidade como o grande desafio da arte e do design no tempo em que vivemos – e defende que talvez a informação mais importante sobre qualquer produto em nossa época seja sua origem e o material do qual ele é feito. Da mesma forma que aprendemos a reconhecer a madeira que foi usada para construir um banco, explica Antonelli, nossa época apresenta a necessidade de mudanças que são grandes desafios de aprendizado para nossa percepção sobre a sustentabilidade dos objetos e dos ambientes.



Funções do Design



Ainda há pessoas que pensam que a função do Design é apenas fazer coisas bonitas, pessoas bonitas e lugares bonitos”, alerta a curadora. “Na verdade, o Design se espalhou no último século para quase todos os domínios da atividade humana, da ciência à educação, da política à formulação de políticas, e tudo isso por uma razão simples: uma das tarefas mais fundamentais do Design é ajudar as pessoas a responderem às mudanças. O designer pode optar por um leque quase infinito de atuações e interações, interfaces, mas tem que ter seu foco na palavra sustentabilidade”.














Videogames no acervo do MoMA:
a partir do alto, Myst (EUA, Cyan
Worlds, 1987), criação de Rand Miller
e Robyn Miller; Vib-Ribbon (Japão,
Sony, 1997), de Masaya Matsuura;
Katamari Damacy (Japão, Namco
Bandai, 2003), de Keita Takahashi;
The Sims (EUA, Electronic Arts,
2000). Abaixo, Snake/Worm 
(EUA, Peter Trefonas, 1978); e
duas capturas de tela do videogame
Passage (EUA, Jason Roher, 2007)














Paola Antonelli também explica que o mundo dos videogames é apenas um das séries abordadas na exposição do MoMA, junto a várias outras que abordam tanto as inovações como algumas das peças que se tornaram verdadeiros clássicos em vários setores da vida cotidiana. “O mundo dos videogames é uma das possibilidades que o design proporciona, seja na internet, seja em oficinas e ateliês, seja dimensionando o 5-D, seja na bioengenharia, na solução de cenários críticos e, sim, até mesmo na criação de móveis e utensílios domésticos. Mas o videogame é apenas uma entre muitas e muitas outras possibilidades".

Vários exemplos da vitalidade e da diversidade do design contemporâneo serão apresentados na mostra de forma pioneira, tanto pelo ineditismo do tema quanto pelas estratégias de apresentação das obras e de interação com o público. E não faltam objetos e funções inusitadas, entre eles criações notáveis. "Destaco especialmente duas obras de designers que vêm da cultura árabe e que têm um forte apelo humanitário", completa Antonelli. “Não há como não ficar em estado de completa surpresa quando descobrimos que aquela forma quase incompreensível é um detonador de minas, criado pelo jovem afegão Massoud Hassani, ou aquela outra, que lembra uma antiga embarcação, feita para transformar areia do deserto em vidro usando apenas a energia do sol”.











Mostra de design e videogames no MoMA:
a partir do alto, Mine Kafon Wind-Powered
Deminer (1983), detonador de minas movido
pelo vento, construído em plástico biodegradável
e bambu, criação de Massoud Hassani, designer
alemão nascido no Afeganistão; Basic House,
a casa básica criada em 1999 pelo designer
espanhol Martín Ruiz de Azúa; e Wind Map,
software que permite mapeamento completo de
ventos e correntes marítimas, criação da
designer brasileira Fernanda Bertini Viégas
em parceria com o norte-americano
Martin Wattenberg

Abaixo: 1) uma tela de FLOW, criado
como videogame independente em 2006
pelo chinês Jenova Chen e reformulado
por ele em 2007 para a plataforma PlayStation
Portable; e 2) uma tela de Canabalt, criação
independente do norte-americano Adam Saltsman
lançada em 2009 pela Experimental Gameplay
Project em formato sem estágios pré-definidos
e em cenário sem fim gerado processualmente.

Também abaixo, o detonador de minas
de Massoud Hassani a instalação de
SimCity 2000 com telas interativas em alta
definição, apresentados na exposição do MoMA;
e mais três telas de videogames incluídos
na mostra Applied Design e no acervo do
museu: 1) Dwarf Fortress (EUA, 2003), criação
dos norte-americanos Tarn Adams e Zach Adams;
2) EVE Online (Islândia, CCP Games, 2003);
e 3) Portal (EUA, Valve Industries, 2007)







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Mestres da eletrônica e historiadores



Ainda que a seleção de obras inclua tanta diversidade e aplicabilidade, para a maior parte do público por certo não há como ficar indiferente à coleção de videogames em exibição. Para empreender o evento inédito e ambicioso, que com a coleção de videogames dá início a um novo ramo do acervo do MoMA, a curadoria contou com uma extensa lista de consultores – incluindo mestres e pesquisadores ligados às universidades, especialistas da indústria de eletrônicos e historiadores, além da equipe de Arquitetura e Design do MoMA, sob a coordenação de Paola Antonelli.

Cada obra em exposição, tanto as peças utilitárias como as séries de videogames, é apresentada em seu formato original, incluindo projeções em painéis de alta definição, semelhantes às instalações de videoarte, mas com todos os acessórios necessários ao manuseio do objeto ou ao jogo, todos conectados, para que o público possa interagir. Sucesso de público garantido, a priori, mas não faltarão críticas pessimistas, apontando que videogames são mero passatempo, um objeto de diversão e não uma obra de arte.

Como antídoto ao pessimismo apocalíptico, vale lembrar as lições do visionário alemão Walter Benjamin (1892-1940), um dos primeiros a ressaltar as alterações na percepção humana que cada época produz e projeta, pela atenção ou pela distração, em seu célebre ensaio de 1936, "A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica". Sinal dos tempos: como é previsível que legiões de adolescentes sejam atraídas pelo evento, incomum para a programação de um museu tradicional, a curadoria treinou equipes de monitores que estarão de plantão para orientar sobre o funcionamento de cada game, a linguagem de programação utilizada e suas respectivas inovações ou qualidades estéticas em destaque, em plataformas on-line e off-line que enumeram dos antigos fliperamas a computadores, celulares, dispositivos móveis em geral e consoles em formatos diversos. Cada um deles trazendo em si mesmo as recordações de outras épocas, quando o futuro parecia um lugar muito, muito distante.


por José Antônio Orlando.


Como citar:

ORLANDO, José Antônio. Arte e videogame. In: Blog Semióticas, de março de 2013. Disponível no link http://semioticas1.blogspot.com/2013/03/arte-e-videogame.html (acessado em .../.../...).



Para uma visita on-line à exposição “Applied Design”,  clique aqui. 










 




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14 videogames adquiridos
pelo acervo do MoMA:


• Pac-Man (criado em 1980)

• Tetris (1984)

• Another World (1991)

• Myst (1993)

• SimCity 2000 (1994)

• Vib-ribbon (1999)

• The Sims (2000)

• Katamari Damacy (2004)

• EVE Online (2003)

• Dwarf Fortress (2006)

• Portal (2007)

• flOW (2006)

• Passage (2008)

• Canabalt (2009)
  











16 de outubro de 2012

Lista vermelha da extinção







Provavelmente todos os seres orgânicos que já viveram
nesta terra descenderam de uma única forma primordial,
na qual a vida foi primeiramente soprada pelo Criador.

–– Charles Darwin, "A origem das espécies" (1859).  



O aumento do desmatamento na Amazônia colocou mais de 200 espécies e subespécies de animais e pássaros em risco maior de extinção, segundo a União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN, sigla em inglês). Os dados pessimistas, que fazem parte do relatório de atualização da lista vermelha de espécies ameaçadas em todo o planeta, foram apresentados em Hyderabad, na Índia, onde aconteceu a 11ª Conferência das Nações Unidas sobre Diversidade Biológica (COP11), megaevento que reuniu Chefes de Estado e ministros de 170 países, incluindo o Brasil, para avaliar o progresso em direção às metas para proteger a vida na Terra.

Entre os relatórios internacionais impactantes apresentados em Hyderabad está a lista de espécies declaradas oficialmente extintas neste começo de século e de milênio. São 10 espécies, incluindo dois pássaros da Amazônia brasileira, o João-de-barba-grisalha (Synallaxis kollari) e o Chororó-do-rio-branco (Cercomacra carbonaria), e o lendário Demônio da Tasmânia (Thylacinus cynocephalus). A única esperança para evitar a completa extinção é que, pelo fato de terem sumido da natureza há pouco tempo, alguns espécimes possam ter sobrevivido em zoológicos, centros de pesquisa ou locais ermos pelo mundo afora.

A conferência das Nações Unidas, concebida para proteger os recursos naturais do planeta, começou com o impacto das listas de espécies em extinção e muitos apelos para assegurar que a biodiversidade não se torne uma vítima da crise financeira global. Segundo a Agência Brasil, os delegados brasileiros e de outros países que participam da reunião de cúpula da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), um dos tratados resultantes da Cúpula da Terra, realizada em 1992 no Rio de Janeiro, alertam que o mundo tem apenas uma década para evitar uma extinção generalizada das espécies, que também representa uma ameaça real e terrível para a Humanidade.









Lista vermelha da extinção: no alto,
nativos do Zimbawe, na África, posam
com um crocodilo gigante caçado pela
tribo no início de 2012 (AP Photo).
Acima, registro de queimada em setembro
de 2012 na Amazônia e mais um massacre
que tem se tornado corriqueiro: uma
carga clandestina de mais de 400 filhotes
de papagaios de uma subespécie
desconhecida, a maior parte morta
durante 
a viagem, apreendida pela
polícia em 
outubro de 2012 em um
veículo no 
interior de São Paulo.

Abaixo, uma 
revoada de periquitos
na Amazônia 
fotografada em janeiro
de 2012 por 
Tim Laman para a edição
internacional 
da revista National Geographic.
Também 
abaixo, uma estatística recente
publicada pela União Internacional para a
Conservação da Natureza (em inglês, IUCN) 






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Os números, compilados a cada quatro anos pela União Internacional pela Conservação da Natureza, são impressionantes: quase a metade das espécies de anfíbios, um terço dos corais, um quarto dos mamíferos, um quinto de todas as plantas e 13% das aves do planeta correm risco de extinção, segundo a “Lista Vermelha” das espécies ameaçadas. A relação incluiu 402 espécies na categoria "ameaçado de extinção", totalizando 20.219. A lista completa tem 65.518 espécies, considerando outras categorias, como "quase ameaçado" e "extinto".

A última conferência da Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), celebrada em Nagoya, no Japão, havia adotado em 2010 um plano mundial para reverter a perda da biodiversidade até 2020. Mas, desde então, tem sido difícil para os comitês e emissários da ONU levantar centenas de bilhões de dólares necessários para financiamentos. Especialmente nos dias atuais, em que os países desenvolvidos estão às voltas com quadros de crise econômica.



Criticamente ameaçados



Entre as muitas espécies da Amazônia incluídas na “lista vermelha” está o Chororó-do-rio-branco (Cercomacra carbonaria), marcado como “próximo da extinção”. De acordo com a associação internacional BirdLife, a espécie ocupa áreas muito pequenas entre o Brasil e a Guiana. As maiores ameaças são a construção de novas estradas em seus habitats para servir à economia de gado e soja. De acordo com projeções atuais, estes habitats terão desaparecido completamente em 20 anos.

O BirdLife também rebaixou o João-de-barba-grisalha (Synallaxis kollari), da mesma região de Rio Branco, na Amazônia, de “ameaçado” para “criticamente ameaçado.” A organização afirma que o pássaro tem apenas 206 quilômetros quadrados de habitat adequado e eles podem encolher 83,5% nos próximos 11 anos. O relatório culpa o enfraquecimento do Código Florestal do Brasil pela taxa de desflorestamento na Amazônia e em todo o território brasileiro.









Dois pássaros brasileiros na
lista vermelha criada pelo
BirdLife, que indica situação
irreversível de extinção. Acima, o
Chororó-do-rio-branco. No alto,
João-de-barba-grisalha. Abaixo,
um flagrante feito pelo fotógrafo
Chico Ribeiro sobre a destruição e o
impacto do criminoso Agronegócio
para exportação nas áreas do Pantanal,
na região centro-oeste do Brasil, que
perdeu mais de 75% de suas águas
e suas nascentes nos últimos anos











A “lista vermelha” do BirdLife cobre mais de 10 mil espécies de pássaros no mundo, 197 dos quais aparecem como “criticamente ameaçadas”. Além disso, 389 aparecem como ameaçadas, 727 como vulneráveis e 800 como “quase ameaçadas”. Apenas uma espécie da lista melhorou sua condição na atualização: um dos pássaros mais raros do mundo, o Pomarea (Pomarea dimidiata), avançou de “ameaçado” para “vulnerável”. Endêmico nas Ilhas Cook, no Pacífico Sul, tinha apenas 35 indivíduos em 1983. Esforços de conservação, incluindo programas de criação em cativeiro e remoção de predadores, aumentaram a população para 380 indivíduos.



Origem das espécies



Na época em que o termo "ecologia" foi descrito pelo biólogo alemão Ernst Haeckel (1834–1919) no seu livro “Generelle Morphologie der Organismen” (1866), para designar o estudo das relações entre os seres vivos e o ambiente em que vivem, o mundo natural considerado estático e sem mudanças desde a criação original já havia sido questionado pelo estudo genial do naturalista britânico Charles Robert Darwin (1809–1882). A teoria de Darwin ainda hoje soa como revolucionária, mas ele conseguiu convencer a comunidade científica da ocorrência da evolução ao reunir algumas hipóteses para explicar seu raciocínio sobre como o processo aconteceu durante milhares de milhões de anos. Segundo Darwin, a evolução, ao passo da seleção natural, deu origem à diversidade de espécies vegetais e animais pelos quatro cantos do planeta Terra.







Charles Darwin e o percurso da viagem
 de pesquisa no século 19, a bordo do barco
inglês HMS Beagle. Abaixo, iguana no
parque dedicado à memória de
Charles Darwin nas Ilhas Galápagos,
no Oceano Pacífico, território do
Equador, fotografada por David Braun










Em seu livro de 1859, "A Origem das Espécies” (em inglês, On the Origin of Species by Means of Natural Selection, or The Preservation of Favoured Races in the Struggle for Life), Darwin introduziu ideias que, em sua época e no século seguinte, levariam a comunidade científica a perceber que as novas descobertas do naturalista acabavam com a importante distinção entre homem e animais. Em paralelo a outras revoluções científicas em curso em seu tempo, o naturalista inglês marcou um capítulo dos mais fundamentais na civilização contemporânea.

Mais de 150 anos depois da publicação dos estudos revolucionários de Darwin, a lista atualizada de animais definitivamente extintos coloca em evidência o maior desafio que se impõe em nossos dias à espécie humana: a preservação da vida no planeta Terra. A lista de animais e plantas ameaçados de extinção é extensa e potencialmente infinita, ainda que mídia e opinião pública concentrem alguma referência somente em baleias, ursos polares e pandas. Veja, na listagem abaixo, alguns tristes registros de espécies que entraram para a “lista vermelha” da extinção.



Extintos no século 20







Rinoceronte Negro   Subespécie que teve por habitat Camarões, na África Ocidental, o Rinoceronte Negro Africano (Diceros bicornis longipes) foi oficialmente declarado extinto em 2011. O motivo: caça implacável para a venda de seus chifres no mercado negro. Aos chifres são atribuídas propriedades terapêuticas e afrodisíacas, embora não haja comprovação científica.







Tartaruga Gigante de Galápagos   Última das tartarugas gigantes (subespécie Chelonoidis nigra abingdon) que dão nome às Ilhas Galápagos, do Equador, o mundialmente famoso Jorge Solitário morreu em junho de 2012, aos 100 anos de idade. Outras espécies de tartaruga da ilha também estão sob risco, devido à baixa taxa de crescimento da população, a maturidade sexual tardia e o endemismo da espécie.

 







Tigres ou Lobos da Tasmânia em
fotografias do Zoológico de Hobart,
Austrália, datadas da década de
1930. Acima, exemplar mumificado 
atualmente em exibição na
Universidade de Sidney



Tigre da Tasmânia –  Nativo da Austrália e da Nova Guiné, o Tilacino (Thylacinus
cynocephalus), mas conhecido como Tigre ou Lobo da Tasmânia (não confundir
com o Diabo da Tasmânia ou Demônio da Tasmânia, animal feroz retratado como
Taz no desenho animado da TV, que é parente dos ursos e que também está ameaçado de extinção) é considerado o maior marsupial conhecido dos tempos modernos. Foi extinto pela ação indiscriminada de caçadores e perda de habitat devido à ocupação humana. O animal tinha locomoção firme e um tanto esquisita, impossibilitando-o de correr em alta velocidade. Podia também realizar um salto bípede, de uma forma similar à do canguru. Os últimos exemplares morreram no Zoológico de Hobart, na Austrália, em 1936, mas apesar de ser oficialmente classificado como extinto, ainda há relatos de avistamentos em áreas mais
isoladas da Austrália.







Bucardo –  A subespécie de cabra Bucardo (Capra pyrenaicatem) tem uma das histórias mais interessantes entre os animais extintos, uma vez que foi a primeira espécie a ser “ressuscitada” por meio de clonagem, em 2003, morrendo apenas sete minutos depois de seu nascimento por insuficiência pulmonar. Era natural da cordilheira dos Pireneus, entre Andorra, França e Espanha. Sua população foi reduzida devido a uma perseguição lenta, mas contínua. No final da década de 1980, a população foi estimada entre 6 e 14 indivíduos. O último a nascer naturalmente morreu em 6 de janeiro de 2000, aos 13 anos.






Pardal Marinho  –  Subespécie não migratória encontrada no sul da Flórida, nas salinas naturais de Merritt Island e ao longo do rio St. Johns. O último Pardal Marinho (Ammodramus maritimus nigrescens) morreu em 17 de junho de 1987, mas só em 1990 o animal foi declarado oficialmente extinto. A população começou a declinar em 1940, quando as autoridades locais passaram a pulverizar a região pantanosa com pesticida, para controle dos mosquitos. O veneno contaminou a cadeia alimentar das aves, que gradativamente entraram em extinção.







Foca-monge do Caribe  –  Espécie descoberta por Cristóvão Colombo em sua segunda viagem à América, em 1494, a Foca-monge do Caribe foi declarada oficialmente extinta em 1952. Sobre ela escreveu Colombo: “Descobri um tipo maravilhoso de foca. São médias, tímidas e aparentemente têm boa pele, o que dá pra fazer casacos”. Daí em diante, o animal foi explorado como fonte de alimento (sua banha também era usada para iluminação e lubrificação) e para o comércio de peles. Desapareceu completamente a partir de 1952.







Huias  –  Nativas da Nova Zelândia, essas aves de plumagem preta, com a ponta das asas e cauda branca, papos laterais de cor laranja, foram extintas pela caça desenfreada. O exotismo das Huias (as fêmeas tinham bicos longos e curvados enquanto nos machos eles eram radicalmente curtos) e de outras espécies locais levaram os exploradores britânicos a fomentar a crença de que toda a flora e a fauna da colônia neozelandesa eram ruins e deveriam ser substituídas por variedades dos países europeus. O último registro visual confirmado de uma Huia ocorreu no final da década de 1970. 










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Caça ao tigre: lazer e aventura
para a "nobreza" e a aristocracia
da Europa, em suas viagens pelas
colônias do Oriente, foi uma prática
incentivada e celebrada desde
meados do século 19







Tigres de Java  –  Subespécie imponente, o maior dos felinos vivia na ilha de Java, na Indonésia. No início do século 19, eram tão temidos que tornaram a ilha um tabu para navegadores e colonizadores do Ocidente. Com o aumento da população humana e com queimadas fora de controle, a maior parte da ilha tornou-se área de cultivo, resultando em uma redução grave no habitat natural dos animais. Para se livrar do perigo, os homens caçavam os tigres. Os safáris de matanças, com o passar do tempo, seriam transformados em programa requintado de lazer e aventura para a aristocracia da Europa na ilha e nas demais colônias do Oriente. O último Tigre de Java foi caçado e morto no final do ano de 1972.


por José Antônio Orlando.



Como citar:

ORLANDO, José Antônio. Lista vermelha da extinção. In: Blog Semióticas, 16 de outubro de 2012. Disponível no link http://semioticas1.blogspot.com/2012/10/lista-vermelha-da-extincao.html (acessado em .../.../...).











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