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1 de abril de 2013

Aventuras da percepção

 





Ut quod ali cibus est aliis fuat acre venenum.

(O que é alimento para alguns, é amargo veneno para outros – In:
"De Rerum Natura"Titus Lucretius Carus, século 1° antes de Cristo).



Enquanto os brasileiros acompanham sucessivas ameaças de retrocessos nas questões dos Direitos Civis e das liberdades individuais, com propostas anacrônicas de legislações para internação compulsória e endurecimento da repressão ao uso de psicoativos, em muitos países a discussão avança não só na descriminalização, mas também na abrangência em questões de saúde, educação e – por que não? – arte e cultura. A produção de artistas sob a influência das drogas é o que propõe uma corajosa e oportuna exposição apresentada na Maison Rouge, um dos nobres endereços de referência em Paris sobre artes plásticas e design.

Sous Influences – Arts plastiques et produits psychotropes” (Sob influência – artes plásticas e psicotrópicos) reuniu um acervo extenso e diversificado de 250 obras-primas de 90 artistas de vários estilos, várias épocas e vários países, incluindo trabalhos do brasileiro Hélio Oiticica. Todas as obras selecionadas para a mostra, de algum modo, estão ligadas aos efeitos de substâncias psicoativas e a maioria delas vem com a indicação “criada pelo artista em estados alternativos de consciência”. Como se pode prever, cada artista em cada criação apresentada tenta capturar sensações ou até mesmo alucinações provocadas pelas mais variadas experiências nas aventuras da percepção.










Aventuras da percepção: no alto da página,
Cogumelo venenoso fluorescente, instalação
e fotografia de 2004 de Carsten Höller, obra
que abre o catálogo da exposição apresentada
na Maison Rouge, em Paris. Acima, 
Trip triptych (1983), uma homenagem
do alemão Ralf Winkler ao outsider e
artista do grafite Jean-Michel Basquiat.

Abaixo, Basquiat em Nova York, em 1982,
com Annina Nosei, que foi sua primeira
agente; Dos cabezas, Andy Warhol e
Basquiat em pintura de 1982 de Basquiat;
e Basquiat em ação na Factory de
Andy Warhol, em Nova York, fotografado
em 1985 por Lizzie Himmel em 1983
por Lee Jaffe. Também abaixo, visitante
observa uma pintura de Basquiat sem
título, identificada como Pecho/Oreja


















Desde o início dos tempos, desde o alvorecer da civilização humana, os artistas sempre encontraram pelo caminho substâncias psicoativas em plantas, fungos, maceração e bebidas as mais variadas, que levaram a passagens místicas, à iluminação, mas também provocaram confusão, intoxicação, morte” – explica Antoine Perpère, curador da exposição na Maison Rouge e coordenador de um centro de atendimento a dependentes químicos em Paris.

No texto em que apresenta a exposição, Perpère repete um célebre enunciado – “a diferença entre remédio e veneno é a dose” – atribuído desde a Idade Média ao místico Paracelso (1493–1541), um dos fundadores da Farmacologia, mas também poderia lembrar grandes poetas e pensadores dos últimos séculos como Charles Baudelaire, Arthur Rimbaud, Sigmund Freud, Walter Benjamin, Dylan Thomas, Aldoux Huxley, Allen Ginsberg, William Burroughs, Timothy Leary, Michel Foucault e Jim Morrison, entre outros que dedicaram a experiências com embriaguez, alucinógenos, e outros estados alterados de consciência, escritos preciosos, alguns deles destacados entre os documentos em exposição.





 








Aventuras da percepção:  acima,
entrada principal da Maison Rouge, em
Paris, com instalações multicoloridas,
ópio no aroma do incenso e sensações
lisérgicas provocadas por peças exclusivas
de design e pelas obras da exposição
Sob influência. Acima, três cartazes em
homenagem a Timothy Leary, um dos
mentores do LSD, com arte do músico e
performer multimídia francês Jaïs Elalouf.
Abaixo, Sans titre, escultura em tubos de
PVC de 2007 de Vincent Mauger




.


Psicofármacos e êxtase, pesquisa estética



"Os artistas, que sempre permanecem em busca de novas formas de criação, de transgressões, de estímulos, de caminhos para a imaginação, nunca estiveram alheios à descoberta dos efeitos das mais variadas experiências, inclusive a transgressão das drogas", reconhece Perpère. Para ressaltar os fundamentos da exposição, ele alerta sobre um necessário juízo de valor, uma vez que a proposta da curadoria foi traduzir, transcrever e documentar determinadas experiências de artistas a partir de substâncias psicotrópicas, antigas e novas, na tentativa de permitir que cada indivíduo perceba a complexidade constante de seus efeitos.

O artista não é um drogado como qualquer outro porque o artista tem a preocupação de traduzir e transmitir o que vivenciou ao estar sob aquela influência", afirma o curador. Perpère enumera algumas questões conceituais sobre o “corpus”, antes de concluir a breve apresentação com um alerta: segundo o curador, a exposição, inédita e ousada, não tem por objetivo fazer julgamentos morais e muito menos apologia das drogas, mas sim buscar a reflexão e um melhor entendimento sobre as conexões entre processos criativos e o uso instrumental de substâncias psicoativas.

Entre os artistas reunidos em “Sous Influences” estão desde expoentes das vanguardas do começo do século 20, como Francis Picabia, Antonin Artaud e Jean Cocteau, até nomes contemporâneos como o grafiteiro e pintor Jean-Michel Basquiat, o cineasta Larry Clark, os fotógrafos Nan Goldin e Irving Penn, o pioneiro da arte multimídia Nam June Paik e também seu discípulo Takashi Marakami, entre outros, além de Damien Hirst, o multimilionário e supervalorizado inventor de instalações bizarras e polêmicas que ganharam a mídia na última década – com suas esculturas hiperrealistas de casais em mirabolâncias sexuais e urnas de vidro transparente com tubarões, vacas e ovelhas reais flutuando em formol.













Aventuras da percepção: no alto,
L'Aspirine c'est le champagne du matin,
instalação criada em 2009 em lâmpadas de
LED e alumínio pela francesa Jeanne
Suspuglas. Acima e abaixo, Dots Obsession
(Infinity Mirrored Room), 1998 
(Obsessão pelas bolinhas no infinito
quarto espelhado), instalação psicodélica
com espelhos, luzes e formas infláveis de
plástico flutuantes que simulam o infinito,
uma criação da arquiteta e artista plástica
japonesa Yayoi Kusama








.





Nesta exposição em Paris, Hirst surpreende mais uma vez com uma obra inédita, cifrada e complexa, simples apenas na aparência: batizada de “A Última Ceia”, pode ser descrita como uma série de serigrafias emuldoradas e dependuradas em uma parede. O que Damien Hirst faz é substituir as figuras de Jesus Cristo e seus 12 apóstolos por embalagens de remédios, cujos nomes foram trocadas por marcas de alimentos típicos da Inglaterra, como batatas, tomates, salsicha e feijão. Com isso, põe em destaque a denúncia sobre o peso que medicamentos controlados têm na vida cotidiana de milhões e milhões de pessoas.



Oiticica: anarquista, concretista, tropicalista



Mas Damien Hirst não é o maior destaque nem o mais ousado entre os artistas reunidos na exposição pioneira em Paris. Um dos que roubaram a cena e provocaram sensação na imprensa internacional, na abertura da exposição, foi o brasileiro Hélio Oiticica (1937–1980) , único latino-americano selecionado para a mostra. Apontado como “anarquista e atualíssimo” pela curadoria, pioneiro da Arte Concreta, do Neo-Concretismo e do Tropicalismo, iconoclasta e teórico, Oiticica está presente em “Sous Influences” com uma de suas intervenções incendiárias e incomuns nas proposições de suporte: a obra “Quasi-Cinema 02.CC5”, desenvolvida em 1973 para a série “Cosmococa”.











    Aventuras da percepção: no alto,
    Last Supper (2013), a “ última ceia”
    em instalação com serigrafias de
    Damien Hirst, que substituiu as
    imagens de Cristo e seus 12
    apóstolos por embalagens de
    remédios com nomes de marcas
    de alimentos típicos da Inglaterra.
    Acima, o brasileiro Hélio Oiticica no
    ateliê, no Rio de Janeiro, e a imagem
    de Jimi Hendrix na incendiária
    Quasi-Cinema 02.CC5, instalação
    que Oiticica desenvolveu em 1973
    para a série Cosmococa, agora em
    destaque na mostra da Maison Rouge.

    Abaixo, duas fotografias selecionadas de
    1998 de Michel François, "Petite fille
    et boteille"  e "L. a la datura"; três grafites
    de Ernest Pignon fotografados nas ruas de
    Paris em homenagem a Arthur Rimbaud;
    e um breve registro em vídeo sobre
    as obras e instalações da exposição


      

     
















Hélio Oiticica, sempre lembrado por seus “Parangolés”, alegorias pontuadas de enigmas para vestir, questionador e indiferente a estilos e modismos, traduz o universo e a mística das drogas ilícitas através da distorção sobre uma imagem conhecida de um dos heróis da era do rock. Em direções opostas das previsíveis variações cromáticas chapadas de seu contemporâneo Andy Warhol, com quem conviveu durante vários períodos em Nova York, na década de 1970 – a intervenção de Oiticica questiona não a percepção das cores, mas o sentido das coisas: sua instalação fica em cima de uma mesa tradicional de madeira que tem, sobre os traços do rosto de Jimi Hendrix, linhas de pó branco, utilizando a capa do disco “War Heroes” como bandeja e, sob a capa, uma folha de papel alumínio.

Warhol, aliás, é uma das ausências sensíveis em “Sous Influences” – lembrado apenas indiretamente por citações ou por obras de seus pupilos e discípulos selecionados, certamente deixado de fora por conta das dificuldades burocráticas para a exibição de suas obras originais ou de réplicas em suportes variados. Mesmo considerando uma ou outra ausência sensível pelas afinidades do tema abordado, pelo que se vê nas imagens de divulgação e no “dossiê de imprensa” (veja links para visita virtual à mostra na Maison Rouge no final deste artigo), a curadoria teve o cuidado de reservar detalhes que podem levar o visitante à imersão em uma autêntica experiência psicodélica, com ambientes que aguçam por contraste todos os sentidos, em roteiros com iluminação surpreendente, pontuados de belas e estranhas imagens, acordes de música suave, ruídos intrigantes e até aromas simultâneos.








    Aventuras da percepção: no alto,
    pílulas e comprimidos diversos,
    agulhas, fragmentos de radiografias,
    acrílico e resina sobre madeira na
    instalação Gravity's Rainbow Small
    (Arco-íris de pequena gravidade),
    trabalho de 1998 do norte-americano
    Fred Tomaselli. Acima, artista islandês
    Erró, colaborador de Björk, compara
    seringa usada por viciados a arma
    poderosa em Dáileog 2013 (Uma dose),
    painel de 1,70cm de altura em diversas
    técnicas, inspirado em personagens e
    design de histórias em quadrinhos.

    Abaixo, Autorretratos: o primeiro de
    Antonin Artaud, ator, dramaturgo, poeta,
    escritor, artista plástico, anarquista e
    dissidente do movimento surrealista,
    com obra em giz e carvão sobre papel,
    de 1947; o segundo, pintura
    em óleo sobre tela de 1939 do polonês
    Stanislaw Ignacy Witkiewicz, também
    dramaturgo, romancista, pintor,
    fotógrafo, filósofo da arte e antropólogo,
    que foi oficial do Exército Russo durante
    Primeira Guerra Mundial. Tanto Artaud
    como Witkiewicz, com suas experiência
    na arte e na literatura, traduzem e
    simbolizam os efeitos das
    drogas psicotrópicas e alucinógenas
    sobre as sensações táteis e visuais








O visitante encontra, a partir da entrada da galeria principal da Maison Rouge, decoração e objetos em cores contrastantes, espelhos estrategicamente posicionados para provocar sensações de duplicidade ou vertigem, incensos que simulam cheiro de ópio e uma instalação lisérgica em Optical Art, do artista belga Carsten Höller, nomeada como "Swinging Corridor" (Corredor flutuante), criada em 2005 e reconstruída para o espaço de acesso à exposição, que leva o observador a acreditar que as paredes estão tremendo e em ligeiros movimentos contínuos. Os relatos do público indicam o efeito alcançado: segundo a curadoria, a maioria dos entrevistados na saída da instalação diz, muito surpresa, que chegou a sentir de forma nítida os efeitos da embriaguez e de outras viagens alucinógenas.












Aventuras da percepção: presença
do fotógrafo Irving Penn na mostra
Sous Influence, com duas imagens
da série fotográfica Mégots, de 1974,
com resíduos e pontas de cigarro
e de marijuana elevados ao status
de obra de arte. No alto, Dessin sous
l’influence du haschich (1853), do
médico Jean-Martin Charcot,
que foi professor de Freud.

Abaixo, reconstituição de uma instalação
da década de 1960 do artista e cineasta
francês Daniel Pommereulle, nomeada
como Objetos de tentação, com uma mesa
de mármore cheia de drogas e objetos
usados para consumi-las







Além de obras-primas de vários momentos da História da Arte, a mostra em Paris também reúne objetos raros, como uma seleção de equipamentos utilizados através nos tempos nas práticas de Farmacologia. Nesta seção, são especialmente enigmáticos os desenhos da série a nanquim feitos “sob a influência de haxixe”, a partir de 1853, por um dos nomes de destaque no Panteão das Ciências: Jean-Martin Charcot (1825–1893), célebre médico e cientista francês, autor de importantes contribuições para o conhecimentos de diversas doenças e síndromes, pioneiro da psiquiatria e professor de alunos que se tornariam referência até nossos dias, entre eles Sigmund Freud, Joseph Babinski e James Parkinson, entre vários outros.



Cenas e imagens de impacto



Na mesma seção da exposição, há também uma grande sala com fotografias e réplicas de objetos usados para o consumo de drogas no mundo inteiro – com destaque para a instalação de equipamentos de experiências sociais realizadas no decorrer do século 20 e na atualidade em países europeus como Suíça, Dinamarca, Holanda e outros, que têm espaços autorizados e livres com infraestrutura para viciados e dependentes químicos.








    Aventuras da percepção: fotografia
    e cinema na exposição sobre arte e
    drogas da Maison Rouge, com Fix,
    de 2012 (no alto), do fotógrafo espanhol
    Alberto Garcia-Alix. A palavra “Fix”
    escrita na parede é uma gíria usada
    para “dose de droga”, normalmente
    injetada. Acima, Le Poète Exhale
     (O poeta exala), fotografia de 1959
    de Lucien Clergue que retrata
     Jean Cocteau, ativista cultural,
    cineasta, poeta, escritor, dramaturgo,
    artista plástico, diretor de teatro e ator.

    Abaixo, Jean Cocteau fotografado em
    1922 por Man Ray; um retrato de Jean Cocteau
    e Jean Marais, fotografados em 1939 por
    Cecil Beaton; e Jean Marais em
    cena de Orfeé, filme de 1950 de
    Cocteau. Viciado em ópio e álcool,
    Cocteau retratou as alterações dos sentidos
    da percepção provocadas pelos alucinógenos
    em diversos trabalhos, entre eles o célebre
    poema Ópium, de 1930, escrito e
    ilustrado “sob influência”








  



Entre tanta obra surpreendente em exposição, uma das séries mais inusitadas são os autorretratos do norte-americano Bryan Lewis Saunder, todos declaradamente criados sobre efeito de drogas – com seu uso minucioso desde 1995 de pelos menos uma substância diferente a cada dia, ou a cada autorretrato, inspirado pelas variações e misturas mais escatológicas, de molhos absurdamente picantes a álcool, chás alucinógenos, cristais de metanfetamina, maconha, ópio, haxixe, cocaína e os mais diversos medicamentos “legais”.

Viagens com anfetaminas, LSD e tudo o mais também são traduzidas por diversos outros, inclusive em autorretratos – caso das duas séries de homenagens ao lendário Timothy Leary, professor de Harvard, ícone maior dos anos 1960, um dos mentores do LSD. Leary e o LSD são inspiração para os cartazes do artista multimídia francês Jaïs Elalouf e para as pinturas surrealistas do austríaco Arnulf Rainer, “Faces Farces”, autorretratos após o artista ter passado por alucinações com misturas de ácidos. Rainer, há alguns anos, foi ele mesmo objeto de estudos por especialistas, tendo participado de um programa de pesquisa científica da Universade de Lausanne sobre os efeitos do uso de drogas como o LSD. 









    Aventuras da percepção: três imagens
    de Faces Farces, uma sequência de
    autorretratos do fotógrafo e pintor
    austríaco Arnulf Rainer, todos feitos
    sob influência, depois de alucinações
    provocadas por experiências com LSD.
     Abaixo, uma serigrafia da série de 1987
    American Express, do artista francês
    Raymond Hains, que reconstituiu imagens
    para demonstrar o efeito de distorções da
    visão após o consumo de LSD e ácidos





O efeito infinito



Experiências com ácidos, anfetaminas e alucinógenos também fornecem o ambiente e a pesquisa de materiais e formas para a arquiteta e designer japonesa Yayoi Kusama. A partir de suas próprias viagens, registradas em um “diário eletrônico”, Yayoi Kusama deu início às pinturas e desenhos minimalistas que se repetem na estamparia que cobre suas instalações de labirintos – cenários onde o visitante pode penetrar e que parecem saídos de um parque de diversões do futuro, com luzes, espelhos e estruturas psicodélicas que simulam o infinito.

Entre as fotografias, há muitas imagens fortes – mas as de maior impacto por certo vem de Larry Clark, conhecido no mundo inteiro desde o cruel e realista “Kids” (1995), que mostra em tom de documentário o cotidiano de adolescentes às voltas com skates, Aids e todo tipo de uso diversional de drogas. Na exposição, Larry Clark apresenta uma série documental em sépia e preto e branco sobre viciados e suas práticas nos Estados Unidos – entre eles uma grávida injetando heroína.

O visitante também tem à disposição muitos filmes e peças de videoarte exibidos em grandes telões de alta definição. “Filmes e vídeos em suportes variados desempenham um papel especialmente importante nesta exposição”, explica Antoine Perpère, lembrando que só através do registro audiovisual é possível reconstituir experiências efêmeras e em alguns casos transcendentais, místicas, como as performances de Isadora Duncan, Artaud, o cinema poético e surrealista de Jean Cocteau, as performances contemporâneas de criação coletiva. 











     

     Aventuras da percepção: acima, três

    autorretratos em técnicas diversas pelo

    norte-americano Bryan Lewis Saunders,

    que desde 1995 realiza pelo menos um

    autorretrato por dia depois de fazer

    “experiências” com os mais diversos tipos

    de drogas e medicamentos. A partir do

    alto, as telas batizadas de Marijuana;

    ½ Gramme cocaine; e Nature.

    Abaixo, Morphine








Nas palavras do curador, o potencial do audiovisual surge como uma atualização das experiências ancestrais do Shaman – o curandeiro que viaja em espírito a outra dimensão e retorna para contar o que aprendeu para seus pares na tribo. No caso dos registros em exposição, filmes e peças em videoarte parecem permitir um melhor entendimento sobre a própria produção em artes plásticas, especialmente nos casos selecionados, em que se pode acompanhar desde tentativas iniciais de criação e transcrição pelo artista até a possibilidade de reconstituir, a partir da obra final. os processos de determinadas intuições ou percepções.

Antoine Perpère também alerta sobre a urgência da sociedade discutir a questão do uso diversional e medicinal de substâncias atualmente consideradas drogas lícitas ou ilícitas. “O que posso dizer é que tudo indica que guerra às drogas não funciona. Sou a favor da descriminalização do uso de drogas”, reconhece o curador. Seu argumento principal: na História da Civilização, as experiências com psicoativos não têm nada de novo. Vêm de séculos e, em alguns casos, milênios. Sem contar que substâncias como café, tabaco, álcool e tantas outras, hoje consumidas normalmente em larga escala, no mundo inteiro, um dia também já foram proibidas e consideradas ilícitas.


por José Antônio Orlando.



Como citar:

ORLANDO, José Antônio. Aventuras da percepção. In: ____. Blog Semióticas, 1° de abril de 2013. Disponível no link http://semioticas1.blogspot.com/2013/04/aventuras-da-percepcao.html (acessado em .../.../...).


Para uma visita virtual à exposição na Maison Rouge, clique aqui


Para baixar o "dossiê de imprensa" da exposição "Sous Influence", clique aqui.










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