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13 de julho de 2011

O legado de Elvis, o Rei







Elvis é a maior força cultural do século 20. Ele introduziu o ritmo em tudo,
   música, linguagem, roupas, e gerou uma revolução social totalmente nova.

––  Leonard Bernstein (1918-1990).    



Há décadas o dinamarquês Ernst Jorgensen tem sido o guardião do acervo de Elvis Presley (1935-1977). Produtor musical e um dos maiores especialistas no catálogo musical de Elvis, Jorgensen é conhecido pelos fãs do Rei do Rock como o homem por trás de achados históricos de gravações inéditas de Elvis - além de produzir os melhores lançamentos do rei em CD e DVD, incluindo "The King of Rock'n'Roll", "From Nashville to Memphis", "Walk a Mile in My Shoes" e "Platinum: A Life in Music", todos nomeados para o Grammy e com milhões de cópias vendidas em todo o mundo.
 

"Como muitos europeus, conheci Elvis no início dos anos 1960 em canções românticas como "It's Now or Never", registra Ernst Jorgensen na apresentação a "Elvis Presley - A Vida na Música: As Sessões de Gravações Completas", escrito em 1997 e citado como obra de referência em várias publicações que vieram depois. Mais de uma década após o sucesso de público e crítica em países da Europa e nos Estados Unidos, com recordes de permanência em listas dos mais vendidos, o livro finalmente ganha uma versão nacional, com tradução coletiva do Estúdio Candombá e lançamento da editora Larousse do Brasil.

Jorgensen surpreende com um livro incomum e detalhista que relata a mais completa biografia musical de Elvis, e também porque esclarece a verdade dos fatos ao não considerar Elvis como pioneiro nem como inventor do rock'n'roll, erro crasso que muitas vezes é repetido por outros biógrafos, por muitos jornalistas e também pelos fãs. Jorgensen até destaca a importância de Elvis em tornar ainda mais popular o estilo, incluindo ritmo, música, dança, roupas, atitude, mas registra os devidos créditos aos outros pioneiros e inventores. Afinal, quando as primeiras gravações de Elvis e seus primeiros "singles" alcançaram sucesso, as canções de Big Joe Turner ("Shake, Rattle and Roll"), de Little Richard ("Tutti-Frutti"), de Chuck Berry ("Maybellene") ou de Gene Vincent ("Be-Bop-A-Lula"), entre outros precursores, já estavam há algum tempo no topo da paradas mais populares.

Pesquisando em fontes oficiais dos milhares de documentos e arquivos da RCA e da lendária Sun Records, confrontando depoimentos e entrevistas que fez com testemunhas dos fatos, além de enumerar históricos extensos sobre acervos, contratos, fichas técnicas e material de imprensa dos EUA e de outros países, 
Ernst Jorgensen estabelece um estudo biográfico e historiográfico dos mais sérios e completos. O resultado é um deleite e uma referência das mais importantes tanto para os fãs como para pesquisadores de diversas áreas, com 
o passo a passo e as consequências de cada gravação de Elvis nos estúdios, nos palcos, ao vivo, em quartos de hotel e até em ensaios.  














Fã apaixonado e investigador atento, Ernst Jorgensen estabelece uma espécie de diário das gravações que alcança das primeiras experiências do jovem músico, no começo dos anos 1950, até as últimas sessões e shows em 1977, enumerando minúcias técnicas que impressionam e revelando questões surpreendentes da biografia e da evolução cultural por meio de cada uma das mais de 700 canções oficialmente gravadas pelo rei.
 
"Para a maioria dos adolescentes, a música era um meio de assumir uma postura. E se a sua posição não definia quem você era, pelo menos indicava o tipo de pessoa que queria ser", considera Jorgensen na apresentação a seu objeto de pesquisa. "Mas tudo mudou muito rápido. Logo a escolha passou a ser Beatles versus Rolling Stones e Elvis foi saindo de cena. Apenas os fãs mais ferrenhos admitiam que ainda compravam os discos do Rei do Rock. Eu era um desses fãs", confessa o biógrafo. 



Vulcão de criatividade
 


Jorgensen apresenta no livro um diagnóstico preciso: até um determinando ponto da carreira, Elvis se comportava como um vulcão de criatividade, interagindo com os músicos e buscando elementos inovadores para suas performances públicas. O biógrafo também mostra um Elvis desmotivado e depressivo nos anos finais da vida, que pouco se importava com o que estava gravando ou com os rumos que sua carreira seguia -- situação que culminou com uma morte estúpida e quase suicida.
















Elvis Aaron Presley, o sobrevivente do
parto de gêmeos univitelinos, fotografado
em 1937, aos dois anos, com seus pais
Gladys Love e Vernon Presley, e aos
10 anos, em 1945, quando participou
de um concurso de novos talentos na Feira
do Mississipi e conquistou o segundo lugar.
 
No alto, Elvis em 1954, fotografado no palco;
na fotografia promocional em cores, em 1956;
em arquivos de colecionadores e sem camisa,
no camarim em Atlanta, Geórgia, em outubro
de 1954, na sua primeira turnê fora do
estado do Mississipi. Abaixo, Elvis com a
mãe, Gladys, em 1956; e no camarim
do New York Hudson Theatre, em 1° de julho
de 1956, em fotos de Alfred Wertheimer








 


É um deleite para o mais exigente dos fãs: Jorgensen organiza a discografia completa de Elvis, trazendo desde números do registro de cada música até a máxima posição dela nas paradas de sucesso. Com elegância e inspiração, Jorgensen leva o leitor ao território mais tumultuado da indústria fonográfica, com sua massacrante interseção entre negócios e criatividade. "Tudo mudou rápido. A escolha passou a ser Beatles versus Rolling Stones e Elvis foi saindo de cena"

A década de 1970, destaca  Jorgensen, foi um pesadelo interminável para Elvis. Ele havia se tornado um prisioneiro em Graceland, tomava sem parar anfetaminas, barbitúricos e tranqüilizantes e era vigiado o tempo todo por guarda-costas brutamontes, contratados contra sua vontade. Embora suas turnês em Las Vegas batessem recordes de arrecadação, sua música caiu de qualidade. Ele engordou muito e chegou a ter um colapso antes de um show na Flórida, que teve de ser cancelado.







No fim de 1971, a esposa Priscila o abandonou, levando a filha Lisa-Marie. Amigos do cantor disseram que isso era o que faltava para o colapso emocional e físico de Elvis. Nos cinco anos seguintes, os dias alegres tornaram-se cada vez mais raros, embora a adoração do público nunca tivesse diminuído e os shows estivessem sempre lotados: para lembrar apenas um evento, basta citar o especial de TV "Aloha from Hawaii", transmitido ao vivo via satélite em 14 de janeiro de 1973, direto de Honolulu, que foi assistido por um público estimado em 1 bilhão de pessoas nos Estados Unidos e Canadá, países da América Latina, Europa e Ásia, um público recorde para uma transmissão ao vivo, até então.

Mas o rei Elvis vivia infeliz. Sua saúde estava se deteriorando e as internações em clínicas de reabilitação e hospitais tornaram-se rotina. A curta vida de Elvis Presley chegou ao fim em 16 de agosto de 1977. Por volta de 13h30, sua última namorada, Ginger Alden, encontrou-o sem vida, deitado no chão do banheiro, em sua mansão. O que veio a seguir tem ingredientes de tragédia para seus fãs no mundo inteiro. O rei estava morto.











Elvis no cinema: acima, o astro em cena de
Blue Hawaii (no Brasil, "Feitiço Havaiano'),
filme de 1961 de Norman Taurog e o maior
sucesso comercial dos 30 filmes que têm
Elvis como estrela principal. O álbum com
a trilha sonora do filme também é o LP
recordista de vendas na trajetória de Elvis.

Abaixo, Elvis em sua estreia no cinema,
fotografado por Lynn Goldsmith em 1956
durante as filmagens de Love me Tender,
faroeste em estilo clássico, com direção
de Robert D. Webb, que inclui quatro
canções românticas de Elvis na trilha
sonora, incluindo a música tema, que iria
se tornar um de seus grandes sucessos









A intimidade do Rei


Ernst Jorgensen lembra, em “Elvis - A Vida na Música", que durante a vida do Rei do Rock apenas uma biografia de peso foi publicada: "Elvis", de Jerry Hopkins. "Desde 16 de agosto de 1977, centenas de livros foram escritos: alguns, honestamente, procuram explicar o fenômeno popular e muitos apenas buscam faturar com ele. Foi ao identificar tais distorções que surgiu o meu desejo de tentar colocar as pingos nos is", confessa Jorgensen.

O autor abre o relato citando um outro Elvis (Costello): "My aim is true" (meu objetivo é verdadeiro), alerta. "Este é um livro tão subjetivo quanto qualquer outro, mas espero que dê ao leitor a oportunidade de formar suas próprias opiniões, mergulhar na música e desfrutar as mesmas horas incontáveis de prazer musical que desfrutei. Meu desejo é que a história que conto facilite o entendimento do fenômeno Elvis Presley iluminando o que estava no seu âmago: a música".








Jorgensen pode fazer tal levantamento porque teve acesso irrestrito aos arquivos da RCA, gravadora que detém os direitos sobre a obra de Elvis. Jorgensen, diretor de catálogo do selo, mergulhou na pesquisa, relatando a intimidade de Elvis por ocasião de cada gravação que ele fez.

Assim, o leitor pode conhecer o que disse Elvis sobre letras das músicas, os motivos pelos quais escolhia determinado repertório, suas contribuições aos arranjos e um dos grandes entraves da carreira do primeiro grande astro do rock'n'roll: a presença do Coronel Tom Parker, empresário de Elvis, que fazia exigências absurdas tanto do astro quando de todos os que tivessem alguma relação pessoal ou profissional com o artista.

O biógrafo não deixa passar nenhum detalhe e surpreende até quem pensa que já sabia tudo sobre o rei do rock. Seria incomum até para um artista que estivesse vivo e pudesse relatar sua trajetória de gravações. Em se tratando de Elvis, morto em 1977, aos 42 anos, é um relato fundamental sobre o artista espetacular, maior recordista em vendas de discos de todos os tempos, com mais de 1 bilhão de cópias vendidas em todo o mundo.








Editoras elegem o rock



Depois de anos e anos relegados à indiferença do mercado brasileiro, as biografias sobre os grandes mitos e heróis do rock'n'roll vêm tomando de assalto as livrarias no Brasil. O que antes só existia em edições importadas, agora está disponível para um público mais abrangente. Nesta seara, é bom lembrar, Elvis Presley também é o rei: calcula-se que existam atualmente por volta de três mil publicações, entre biografias e reportagens sobre temas específicos, a respeito de Elvis em todo o planeta.

Também no mercado nacional, Elvis The Pelvis - como o Rei do Rock era conhecido nos anos 1950, por conta de seus requebros e gestos sensuais - sempre esteve presente nas livrarias, seja em traduções de best-sellers ou em obras de autores brasileiros, entre os quais merecem destaque "O Jovem Elvis Presley" (Editora Nova Alexandria), de Ayrton Mugnaini Júnior, e "Elvis Presley Completo" (Editora Roca), de Marcelo Costa e Ana Flávia Miziara.

Mugnaini descreve a infância pobre do ídolo, no período que se seguiu à Grande Depressão, enquanto Costa e Miziara equiparam as histórias: a do mito que todos conhecem, que parece um conto de fadas e terminou em tragédia, e a face mais humana do artista, seus ódios e amores e a tempestuosa relação com a indústria que o cercava.












Além do lançamento do livro de Ernst Jorgensen, “Elvis Presley - A Vida na Música", há inúmeras biografias de roqueiros chegando às livrarias neste final de ano. Tem de tudo, para todos os gostos: Elvis, Beatles, John Lennon, Bob Dylan, Rolling Stones, The Doors, David Bowie, Patti Smith, Iron Maiden. A força do novo filão no mercado foi atestada com o sucesso recente das autobiografias de dois nomes impagáveis do rock: Ozzy Osbourne e Keith Richards. 


 
Elvis, herói bem-comportado?



Para os adolescentes de hoje, Elvis talvez pareça um herói bem-comportado em comparação aos roqueiros que investem em sucessivas peças de escândalo. Entre eles, os "bad boys" Ozzy Osbourne e Keith Richards. O primeiro é o protagonista de "Eu Sou Ozzy" (Editora Benvirá), biografia em que o rei das trevas do metal não separa memória de invenção, mas provoca gargalhadas, enquanto o guitarrista dos Stones, em "Vida" (Editora Globo), vai do escracho a casos mais pesados -- mas tudo é a mais pura verdade, garante Keith.











Em 1956, muito antes da invasão dos paparazzi,
o fotógrafo Alfred Wertheimer conseguiu uma
façanha: flagrou o jovem Elvis beijando às
escondidas uma fã, na escada de acesso aos
camarins do Teatro Mosque de Richmond, na
Virginia (EUA). As fotos, que renderam um bom
dinheiro a Wertheimer, foram publicadas em 
revistas do mundo inteiro, aumentando a lenda
de sedutor irresistível de Elvis. Desde 1956,
a imagem sempre foi publicada indicando que
o Rei do Rock beijava uma fã anônima. Até
que em 2011, durante uma exposição de
 Wertheimer em Washington, a moça da foto
fez contato pelo Facebook e solucionou o
mistério: a fã, na verdade, se chamava
Barbara Gray, morava em Charleston, 
Carolina do Sul, e ainda guardava os
autógrafos de Rei e o ingresso do show
daquela noite em 1956. Na foto em cores,
abaixo, outra peça de propaganda do astro:
Elvis beija fã no show em Las Vejas, 1975 








Também chegaram às livrarias "Só Garotos" (Companhia das Letras), relato emotivo da cantora norte-americana Patti Smith sobre sua relação com o fotógrafo Robert Mapplethorpe, e "Bowie - A Biografia" (Editora Benvirá), resgate da vida do cantor inglês pelo jornalista Marc Spitz. Há ainda Lennon, retratado em "John" (Editora Larousse do Brasil), de Cynthia Lennon, primeira esposa do ex-Beatle, e em "A Vida de John Lennon" (Editora Escrituras), de John Blaney, além de "O Diário dos Beatles" (Editora Madras), de Barry Miles.

Elvis também está no centro de “Elvis Presley e a Revolução do Rock" (Editora Agir), de Sebastian Danchin, que trilha a mesma pesquisa empreendida por Jorgensen, mas sem a riqueza de detalhes. Ao reconstituir a trajetória das gravações do Rei do Rock, Jorgensen vai da descoberta do artista, em 1954, à sua coroação como astro maior do cenário rock e ídolo absoluto da juventude no pós-guerra, época em que os EUA consolidavam sua invasão cultural nos cinco continentes. Elvis ajudou a criar esse novo mercado, que se tornaria uma sólida instituição nas décadas seguintes. 


 




Elvis, o Rei, e outros heróis nas livrarias

 

Confira algumas biografias ilustradas de astros do rock'n'roll que estão disponíveis nas livrarias em edições nacionais (clique no título para comprar o livro):



Elvis Presley - Elvis, Último trem para Memphis,

de Peter Guralnick, Editora Belas Letras, 640 páginas.













As verdadeiras aventuras dos Rolling Stones,

de Stanley Booth. Editora Belas Letras, 520 páginas.



Editora Companhia das Letras, 640 páginas.


O Diário dos Beatles, 

de Barry Miles. Editora Madras, 384 páginas.


A Vida de John Lennon, 

de John Blaney. Editora Escrituras, 272 páginas.


Jim Morrison & The Doors, 

textos e fotos de Henry Diltz. Editora Madras, 128 páginas.


de Jim Morrison. Editora Martin Claret, 184 páginas.



de Holly George-Warren, Editora Seoman, 432 páginas.



de Charles Cross, Editora Pensamento, 464 páginas.

 
Spiders From Mars, Minha vida com David Bowie

de Woody Woodmansey, Editora Belas Letras, 344 páginas.


Patti Smith, Só Garotos, 

de Patti Smith. Editora Companhia das Letras, 240 páginas.



de Richard Cole. Editora Belas Letras, 528 páginas.


Atlas Ilustrado do Iron Maiden,

de Martin Popoff. Editora Valentina, 256 páginas.




por José Antônio Orlando.


Como citar:

ORLANDO, José Antônio. O legado de Elvis, o Rei. In: Blog Semióticas, 13 de julho de 2011. Disponível no link http://semioticas1.blogspot.com/2011/07/o-legado-de-elvis-o-rei.html (acessado em .../.../…).













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